22/05/2017

for you: capítulo 4


Salvador

Tenho certeza de uma coisa na vida. Os homens não são criaturas confiáveis.
Eles são como lobos, devoram garotas frágeis e inocentes e, por mais bonitos que sejam ou mais românticos que aparentam, só querem uma coisa. Foder você! Foder dentro e fora da cama. E depois de nos usar, eles se cansam, descartam, como uma mobília velha, trocando-nos por qualquer peituda que apareça.
Então meu lema é: Uso, abuso e caio fora! Bem será, já não saí com mais ninguém desde o calhorda do meu ex.
Nada de romantismo ou até que a morte nos separe. Sem casas com cerquinhas brancas, várias crianças gritando pelo jardim, cachorrinhos e todo esse conto de fadas que as pessoas tolas idealizam, que eu secretamente, um dia idealizei.
Então por que justamente agora, esse homem lindo e misterioso havia conseguido mexer comigo ao ponto de me fazer querer fugir de medo? Por que seus olhos sedutores e o sorriso torto, haviam feito com que sentisse um imenso calor subir pelo meu corpo?
Nada estava dando certo e para piorar o fim daquela noite, encontrei um homem estranho parado em frente ao apartamento de minha melhor amiga. O mesmo não queria permitir minha entrada e só após gritos, protestos e ameaças da minha parte me encontro dentro do apartamento dela ouvindo a história mais absurda do mundo.
— Eu não sabia que esse homem estava aí fora — Jenny interrompe meus pensamentos.
— Então ele a salvou de Chris, arrombou a porta e colocou um guarda costas aí na frente da sua porta? — digo, tentando assimilar tudo o que Jenny está me contando. E eu que pensei que minha noite havia sido louca.
— Basicamente isso — ela cruza os braços.
— Uau — murmuro — Acho que você realmente impressionou o homem. Parece história de
folhetim. A jovem em perigo e o príncipe em seu cavalo branco.
— Demi, o assunto é sério — Jenny morde os lábios.
— Tudo bem — murmuro — Só quis descontrair um pouco. Mas fique tranquila, vou passar a
noite aqui com você. Se esse homem aí não for embora ou o outro aparecer por aqui, nós ligamos
para polícia.
— Não acho que seja preciso tanto. Afinal, esquisito ou não ele me ajudou. Duas vezes. Creio que uma conversa será o suficiente.
— Veremos isso amanhã. Estou cansada — digo, bocejando — É melhor dormimos um pouco. A noite foi longa e turbulenta para nós duas.
Estou tão cansada que adormeço assim que desabo no sofá. Meu último pensamento é em uma imensidão verde.

***

Acordo nua como sempre, com minhas roupas espalhadas pelo chão e não faço a mínima ideia de como foram parar ali. Visto minha camiseta e calça jeans. Não é porque Jenny é cega que vou sair andando nua por sua casa. Ainda mais com aquele homem lá fora.
Olho pela janela e vejo que já amanheceu. Jenny já está acordada, seus cabelos estão úmidos e presos em um rabo de cavalo, concluo que acordou há algum tempo. Está sentada próxima a janela e parece perdida em seus pensamentos. Levanto-me e sinto um aroma delicioso de café vindo da cozinha.
— Bom dia, Jenny. Que cheiro ótimo.
— Bom dia, Demi — Jenny diz, sorrindo — O café está pronto.
Antes de me deliciar com o café que ela havia preparado, vou para o banheiro, lavo o rosto, pego uma escova que mantenho ali e escovo os dentes. Pode parecer estranho que eu tenha uma escova de dentes em seu banheiro, mas passo mais tempo ali com ela do que em minha própria casa.
Somos como Jenny me diz: amigas almas gêmeas. Ambas sozinhas, sem família e desiludidas no amor. Exceto por nosso único e melhor amigo gay Paul, que passa a maior parte do tempo viajando para participar de campeonatos de arte marciais, então só temos uma a outra. Que deprimente.
Volto para cozinha e devoro os ovos com bacon que ela havia feito. Ainda fico impressionada com todas as habilidades de Jenny. Além de cuidar da casa com perfeição era ótima na cozinha. Bem diferente de mim. Sou péssima cozinheira e nada organizada. Tudo bem, eu não vivo em um chiqueiro, mas tenho roupas e sapatos espalhados para todos os lados, sempre com uma promessa sincera de que vou organizar tudo.
— Estava divino — suspiro, revirando os olhos.
Antes que ela possa responder, ouvimos batidas na porta. Um homem grita seu nome, insistentemente. Pelo seu olhar consternado, imagino que seja o mesmo que a ajudou na noite anterior.
— Se quiser eu posso atender — tento tranquilizá-la.
— Não — ela se levanta — Eu faço isso.
Observo-a caminhar até a porta. Sigo-a e sento-me no braço do sofá, mantendo uma distância segura, para caso precise de minha ajuda.
— O que faz aqui? — ouço-a dizer, assim que abre a porta.
— Deixe-me entrar — a voz grave dele, soa autoritária, através da porta entreaberta.
— Não! — Jenny diz, tentando fechar a porta.
Estou pronta para enfrentá-lo e colocá-lo em seu devido lugar quando ele a afasta e entra em
seguida.
— Não foi um pedido, Jennifer — diz ele, contrariado. Pelo que percebo, não é um homem
acostumado a ouvir não.
— Mas o que está fazendo... — ouço Jenny gaguejar assim que ele passa por ela.
Ele caminha como se fosse o dono do mundo. Agora posso observá-lo perfeitamente. Jesus! O homem é realmente bonito. Olhos e cabelos negros, queixo quadrado e andar sedutor. No entanto, apesar de toda sua beleza máscula, ele não mexe comigo como o bad boy da noite anterior. 
Que cacete! Já não basta John ter me traumatizado para qualquer relacionamento, agora isso. Significa que o bad boy havia me balançado mais do que gostaria. Isso não é uma coisa boa. Não mesmo.
— Quem é você? — ele pergunta, ríspido.
— Demi Lovato — respondo, um pouco intimidada.
— Sr. Durant — Jenny caminha até mim.
— Neil. Chame-me de Neil, Jennifer— ele desvia os olhos de mim e volta a encarar Jenny.
— Não importa — Jenny volta a enfrentá-lo — Não pode invadir minha casa e interrogar meus amigos.
Meus olhos vão de um para o outro, enquanto encaro espantada a briga que desenrola na sala.
Estou realmente presenciando isso? A doce e controlada Jenny, ardendo em fúria?
Aliás, só agora me dou conta de que esse nome me parece familiar. Já ouvi em algum lugar, apenas preciso me lembrar de onde.
— Amiga? Que tipo de amiga deixaria a outra amiga cega, andar sozinha à noite, ser atacada e dormir na rua? — diz ele, enfurecido.
O quê? Pera ai...? Quem ele pensa que é para vir aqui e dizer se sou ou não uma boa amiga. Havia insistido fervorosamente para que Jenny não fosse se encontrar com Chris, e até mesmo insisti em ir com ela. Tudo bem que deveria ter insistido com mais ênfase ou tê-la seguido sem que me visse, mas isso não faz de mim uma péssima amiga. Faz?
— Eu não dormi na rua — Jenny sibila.
— Não graças a ela — aponta para mim, a raiva saindo por todos os seus poros.
— Neil... — começo a tentar esclarecer como as coisas realmente haviam acontecido.
— Sr. Durant para você Srta. Lovato — ele me encara duramente.
— Sr. Durant, eu estava trabalhando — tento explicar novamente. Caramba, eu já tinha recebido uma última advertência, se não aparecesse estaria na rua.
— Vai me dizer que ela é a sua tia? — ele diz, ironicamente.
— Eu agradeço o que fez pela Jenny, mas eu avisei para ela não ir se encontrar com Kevin...
— Fique quieta, Demi. Não é da conta dele — Jenny diz, rispidamente.
Calo-me diante de sua voz áspera. Alguma coisa realmente está acontecendo com ela. Jenny nunca havia me tratado assim antes.
— Já que salvei sua vida, mais de uma vez, creio que seja da minha conta sim, Jennifer — ele
parece indignado.
— Não, não é. Pegue seu leão de chácara e saia daqui — ela ruge.
— Inferno, mulher! — Neil diz, exasperado.
— Eu agradeço o que fez, mas termina por aqui — Jenny se coloca ao meu lado e segura minha mão como se precisasse de apoio, noto que sua mão está gelada e trêmula.
O celular dele toca e ele atende, com irritação.
— Agora não Penélope — diz ele, severo — Mande-o aguardar. Estou indo.
Quem será essa tal Penélope?
— Não terminamos ainda. Vou enviar algum segurança da empresa até aqui Jennifer — ele me encara com olhar ameaçador — Estou de olho em você, também.
Eu não sei se dou risada ou se choro. Ele parece um homem das cavernas em volta da fêmea, para que ninguém a tocasse. O sentimento de posse que ele está demonstrando para com ela é impressionante e assustador ao mesmo tempo.
— Mas Sr. Durant, o que está pensando? — Jenny diz, indignada.
— Não vou aceitar sua recusa, independentemente de você querer ou não, enviarei alguém aqui. Quero que fique segura até pelo menos nos encontrarmos novamente. Entendeu?
Seu olhar volta incisivamente para mim. Encolho-me no sofá, por algum motivo, esse é um homem a qual não desejo enfrentar no momento ou em qualquer outro.
— Mas... — Jenny começa.
— Sem mais, apenas aceite. Meu segurança estará aqui em breve — ele diz e sai em seguida.
Afundo-me no sofá e respiro fundo. Que merda é aquela que havia acontecido?
— Estúpido e idiota! — Jenny grita para porta fechada — Imbecil!
Tudo bem, eu não sei se estou mais confusa por tudo que aconteceu ou pela reação intempestiva dela. Jenny está totalmente nervosa e fora de controle.
— Nossa! Nossa! — encaro-a com curiosidade — A senhorita Jenny está abalada?
— Quem ele pensa que é? — ela senta no sofá ao meu lado — Estúpido! Arrogante! Imbecil!
— Boa pergunta. Quem ele é? — corro para o celular na mesinha — Vamos descobrir agora.
Pego celular e jogo o nome dele no Google. Milhares de fotos do Sr. Durant surgem. Em vários eventos e festas e com algumas mulheres, todas lindíssimas.
— Neil Durant presidente de umas das maiores companhias de tecnologia e segurança do país, dono de alguns hotéis de luxo e recentemente se enveredou pelo campo da aviação, tornando-se sócio da mais nova companhia de aviação e ascensão do país — leio as informações de um site de fofocas.
— Casado com  Lea Durant, herdeira de uma das famílias mais tradicionais da cidade, também é conhecida por suas festas e escândalos. Dizem que atualmente está em uma clínica de reabilitação. O casal tem uma filha deficiente de oito anos. Fontes nos garantem que o casamento anda de mal a pior e que ambos não se interessam mais em esconder os relacionamentos extras conjugais.
Há outras informações, mas resolvo parar por ali. Não sei o quanto daquilo tudo é real, já que mídias como essa, costumam inventar mais, do realmente apurar a verdade.
— Ele é casado? — Jenny pergunta, torcendo os dedos.
Oh, oh. É decepção que vejo em seus olhos?
— Ele mexeu com você não é? — pergunto, pesarosa.
— Não — ela vira de costas para mim — Apenas não imaginei que fosse casado, só isso. Agindo do modo que agiu.
Mentira! Se há uma coisa que consigo farejar é quando ela está mentindo. Ela é totalmente transparente. Bem, ela poderia tentar se enganar, mas a mim ela não conseguiria. Eu senti muito bem a eletricidade entre eles. E pelo jeito que o Sr. Durant agiu em torno dela, vejo que o sentimento é recíproco. Que infortúnio. Espero que ele não venha querer brincar de Romeu e Julieta com ela, isso eu não permitiria.
— Como ele é Demi? — Jenny vira em minha direção novamente. Seus olhos perdidos além de mim. 
— Alto, moreno, olhos negros, musculoso e muito bonito.
Sua reação não passou despercebida a mim. Sinto vontade de interrogá-la e saber o que realmente acontece em seu interior, no entanto, decido dar o espaço que ela precisa. No momento, precisamos resolver o que faríamos com senhor faça tudo o que eu mando.
— Você acha que ele irá cumprir o que disse? — pergunto, ansiosa — Mandar um segurança até aqui. A bruxa do trinta e seis vai adorar isso.
A bruxa que me refiro, é uma velha fofoqueira chamada Veronica, que mora sozinha no apartamento trinta e seis. Seu passatempo favorito e falar da vida de todas as pessoas que moravam aqui e brigar com o síndico a toda hora.
— Isso não me importa — ela finge, indiferença — Com certeza ele acha que serei mais um dos seus casinhos ridículos.
Interessante. Então a possibilidade passou pela cabeça dela?
— Pelo menos, tomara que ele envie um homem bonito — dou risada. Talvez outro homem bonito me faça esquecer o irresistível bad boy. Droga, por que eu tinha que pensar nele?
Olho para relógio e vejo que está na hora de buscar os cachorros para o passeio no parque. Faço isso duas vezes por semana e me rende uma grana extra. Antes de sair certifico-me de que Jenny está bem e vou para meu apartamento tomar banho e trocar de roupa.


***

Após uma hora caminhando, na verdade, quase correndo pelo parque com três cachorros, eu retorno ao meu apartamento a fim de finalmente fazer uma faxina. Ligo o MP3 do celular e começo a arrumar a casa ao som da playlist.
Três horas depois, com fome e cansada resolvo ir até o apartamento de Jenny. Para minha surpresa há mesmo um homem parado em frente à porta dela. Ele é mais jovem que o anterior, alto, careca e bonito. Não tão bonito como Neil e meu bad boy, mas faz bem aos olhos. E outra vez não mexeu em nada comigo.
Inferno! É o segundo homem bonito que vejo no dia que não me faz sentir as pernas bambas como meu lindo misterioso.
— Olá — cumprimento-o, ele balança a cabeça e se afasta para que eu entre.
Conto a Jenny que há outro homem parado em sua porta e, ela não parece surpresa ao saber que Neil havia cumprido a promessa e enviado o segurança.
Almoçamos juntas, o dia passa rapidamente e apesar de minha curiosidade, ela decide não falar sobre Sr. Durant ou tudo o que havia acontecido mais cedo.
Por volta das sete horas, preparo minha mochila com a roupa da apresentação de hoje e volto ao apartamento dela para que possamos ir juntas ao trabalho.
— Estou tão feliz por hoje ser sua última apresentação Jenny. Aquele lugar não é ambiente para
você.
— Apesar de tudo, tive bons momentos ali — ela sorri — Mas essa oportunidade no restaurante é muito importante. Em breve poderemos sair daqui.
Estamos guardando dinheiro a mais de seis meses. O prédio não é um lugar muito seguro e o zelador não contribui em nada para garantir a segurança dos moradores.
— Estou pensando em me candidatar a uma vaga da lanchonete perto da faculdade. É na parte da tarde e ainda poderei fazer o bico com os cachorros.
— Outro emprego Demi? — Jenny resmunga — Por isso vive caindo pelos cantos. Não sei como ainda não ficou doente.
— Quanto mais rápido conseguirmos o dinheiro, mais rápido sairemos.
Seguimos para o ponto de ônibus. Estou nervosa, será que o homem que vem atormentando meus pensamentos durante todo o dia apareceria no clube? E o pior, o que eu faria em relação a isso? De qualquer forma, talvez esteja dando importância demais ao assunto. Nunca vi o pedaço de mal caminho de ontem por ali antes e, não há motivos para que ele volte.
Bem, fugir novamente está fora de cogitação. Não posso desaparecer como fiz na noite anterior, pois Jenny está comigo. Se deixá-la sozinha, o brutamontes do Neil me mata. E eu nem havia contado a Jenny que o segurança estava nos seguindo, mesmo que de longe e discretamente.
Uma hora depois chegamos ao clube, vamos direto para o camarim.
— Ah Jenny, vou sentir muito sua falta — Mayume diz, abraçando-a — Que pena que está indo embora.
Mayume é uma das poucas amigas que temos no Seduction e tenho certeza que suas palavras são sinceras.
— E você Demi? Fugindo daquele deus grego. Ai se ele olhasse para mim como olhou para você — Mayume suspira.
— Homem? — Jenny se desvencilha do abraço de Mayume e vira em minha direção — Que
homem?
Lanço um olhar furioso em direção a Mayume. Ela e aquela boca grande.
— Ninguém importante — digo, remexendo na caixa de maquiagens.
— Como ninguém importante? — Mayume continua, sem perceber meu olhar mordaz — O homem me deu cem dólares só para chamá-la. Eu guardei para pagar você, Demi. Consegui levantar um dinheiro extra.
— Obrigada — digo pegando a nota — Tem certeza que não vai precisar?
— Sempre precisamos não é? E eu devo você há muito tempo — ela diz, constrangida — Além do mais, não sei quando terei uma gorjeta tão alta assim novamente.
Guardo o dinheiro entre os seios, deixar na minha mochila seria muita burrice. Furtos ali eram algo constante.
— Por que não me contou sobre esse homem, Demi? — Jenny insiste.
— Como já disse, não é ninguém importante — encerro a conversa.
Visto meu traje para aquela noite, um vestido preto de franjinhas, sandália de tiras e salto agulha.
Faço uma maquiagem marcada, ressaltando os meus olhos.
— Está pronta? — Jenny está espetacular em seu vestido de couro vermelho e o cabelo preso em um rabo de cavalo.
— Sim.
Saímos em direção ao palco. Ed o proprietário anuncia aos presentes que este será o show de despedida dela. Os homens vão à loucura.
Ajudo a subir as escadas, sei que dali em diante ela pode se conduzir facilmente.
— Sai daí, agora! — ouço um grito enlouquecido às nossas costas.
— Sr. Durant — encaro o homem furioso atrás de mim. O que esse maluco está fazendo aqui? E como ele sabia onde estávamos? Ah, claro o segurança que havia passado o dia todo plantado no corredor em frente ao apartamento dela e que nos seguiu até aqui.
— Como pôde arrastá-la para isso? — ele me pergunta com olhar mortal.
Antes eu que possa responder, ele caminha até a beirada do palco e agarra os tornozelos de Jenny.
Ela continua a caminhar ignorando-o. Estou entre confusa e completamente atônita.
— Solte-me — diz Jenny, tentando se soltar sem sucesso. Vejo-a desiquilibrar e cair de bunda no chão.
— Ai! — ela geme. Creio que mais de humilhação do que pela dor em si.
— Chega disso! — Neil diz, colocando-a em seu ombro.
A cena a seguir me deixa petrificada. Ele coloca Jenny no chão e desfere um soco em um homem que tentou interpelar seu caminho. Depois disso é um mar de braços, pernas e socos para todos os lados.
E em um caso como esse, sempre há aqueles que querem tirar proveito, eu sinto uma mão asquerosa tocar meus seios.
— Tire as mãos de mim! — grito, tentando empurrá-lo.
Um homem calvo, com uma barriga saliente, devora-me com olhar. O cheiro forte de álcool vindo dele, deixa-me enjoada. Pior que um tarado, é um tarado nojento e bêbado. E esse ser era as duas coisas.
— Não seja tímida gatinha. Sei que vai adorar o que vou fazer com você.
— Solte a jovem!
Uma voz baixa, mas não menos ameaçadora, soa atrás de mim.
— Cai fora idiota — o homem balbucia, puxando-me contra ele — Vá procurar outra garota.
— Eu disse para você soltar!
Viro em direção à voz rouca e me deparo com aqueles olhos impressionantes. E em poucos
segundos vejo o homem voar até uma das mesas.
Ao presenciar isso, dois homens se aproximam de nós. Um é quase da minha altura, mas bastante musculoso, o outro é alto e magro. Acredito que sejam amigos do homem asqueroso que havia me importunado. Vejo meu bad boy desferir um soco no homem alto, que se desequilibra por alguns instantes. O mais baixo se aproxima dele e lhe dá um soco no olho. Ele revida acertando-lhe o queixo. Enquanto isso eu vejo o homem menor se levantar com uma garrava vazia na mão.
— Cuidado! — grito para meu bad boy, desavisado.
Ele vira-se em direção ao homem com a garrafa na mão e desvia de seu ataque. Incapaz de ser apenas uma telespectadora, eu subo em cima do homem alto, puxando-lhe os cabelos, com toda força.
Ele roda por alguns segundos tentando tira-me de suas costas. Agarro a sua cintura com minhas pernas e mordo sua orelha. O homem urra feroz e puxa meus cabelos soltos. Solto um gemido de dor e sinto meus olhos encherem de lágrimas, devido à ardência em meu couro cabeludo.
Nesse momento, percebo que meu bad boy havia finalizado com o cara baixinho, que geme caído no chão, provavelmente com um nariz quebrado. Ele vem até o homem que me segura, desferindo vários socos no abdome para que ele solte meus cabelos. Seu alvo agora é a garganta do meu salvador.
Descruzo minhas pernas em volta da cintura do agressor e desfiro alguns socos em suas costas, enquanto ele continua a brigar com meu bad boy. Após socos de um lado e murros do outro, vejo o homem cair ao chão.
Olho para meu anjo salvador, preocupada com seu estado. Em seu olho esquerdo há um pequeno corte, onde desce um filete de sangue. Seus lábios estão machucados e levemente inchados.
No entanto, o que me desestruturou foi o sorriso travesso em seu rosto. Sim, aquele infeliz estava gostando de toda aquela agitação. Como se tivesse sonhado por uma boa briga.
Antes que eu possa falar sobre a imprudência da situação ele se aproxima de mim. Segura minha mão e me puxa para saída.
— É melhor sairmos daqui — ele diz, com euforia — Embora adore uma boa briga, prefiro gastar minhas energias com outras coisas.
— Pera aí — tento me desvencilhar dele — Eu estou trabalhando.
Se bem que agora não tenho tanta certeza. A casa inteira está de pernas pro ar. Cadeiras e mesas quebradas por todos os lados. Copos e garrafas voando em todas as direções, garotas chorando pelos cantos, enquanto homens desferem socos uns nos outros, sem motivo algum.
O salão está em um caos total. Estou impressionada, embora já tenha havido outras brigas ali, afinal estou falando de um clube com mulheres, homens e bebidas, entre outras coisas. Então, é completamente previsível que essa combinação resulte em brigas e discussões algumas vezes, mas a confusão de hoje, ultrapassou todas as expectativas. Em mais de um ano ali e eu não havia visto nada parecido.
— Querida, ou aqueles caras fazem parte de um time de futebol, coisa que eu não creio — ele
indica alguns baderneiros do outro lado — Ou fazem parte de uma boa gangue. O que sei, é que não tenho vontade alguma de enfrentar os outros grandões ali. Prefiro ser um covarde vivo a um herói morto.
Olho para o local que ele me disse e vejo quatro homens vindos em nossa direção.
— Puta merda! — murmuro, tentando acompanhar seus passos.
Magistralmente, vejo-o nos desviar das pessoas em volta e caminhar para saída. Vislumbro Mayume encostada contra a porta que dá acesso aos camarins, pendurada em uns dos seguranças.
— Demi! — ouço a voz de Ed a minhas costas e gelo — Eu avisei. Está despedida!
Por todos os deuses do Olimpo, eu não tive culpa de nada. O único culpado era o Sr. Durant, aquele troglodita. E falar no dito cujo, para onde ele havia levado Jenny? Faço uma oração interna para que ela esteja bem e a amaldiçoou por não ter um bendito celular.
Não tenho a chance de responder a Ed, tentaria falar com ele depois. Aqueles homens estão cada vez mais próximos de nós dois. Pelos seus olhares ameaçadores, se nos alçarem, teremos sorte se nosso destino for apenas uma cama de hospital.
Antes que eu conte até dez, sou agarrada pela cintura e em seguida colocada na garupa de uma moto. Não uma moto qualquer, mas a moto. Coloco meus braços em volta da cintura dele e a última coisa no meu perímetro de visão são os homens urrando em nossa direção, enquanto meu herói ganha a estrada em alta velocidade.
Sinto o vento em meus cabelos soltos e em minha pele quente. Após alguns minutos ele desacelera e estaciona. Meu coração dispara no peito. Nunca subi na garupa de um estranho e muito menos com um, que mexe comigo de uma forma completamente absurda como ele faz e ainda nem mesmo sei seu nome. Não sei se é a adrenalina ou a noção de perigo, mas toda situação é extremamente excitante.
— Por mais que esteja linda com esses cabelos ao vento. Eu não quero mais uma multa de
trânsito.
Ele pega um capacete pendurado na lateral da moto, com sorriso torto que eu já aprendi a admirar e coloca-o em minha cabeça.
— Sexy — ele sussurra, dando um passo para trás para poder me observar melhor — Incrivelmente sexy.
Encaro-o através do visor. O homem é nada menos que perfeito em sua calça jeans, camiseta branca e jaqueta de couro negra. Merda, aquela sensação entre minhas pernas, pulsa como uma britadeira. Remexo sobre a moto tentando aliviar a sensação que só se intensificou.
Ele coloca seu próprio capacete e ganhamos a estrada novamente. Andamos por cerca de
meia hora até chegarmos a um prédio alto, com fachada elegante na região de Manhattan.
Entramos em uma garagem privativa, em seguida vejo-me em um hall de mármore bege.
O concierge de plantão sorri para meu bad boy e me olha maliciosamente. Embora eu tenha vontade de mandá-lo enfiar aquele sorriso debochado em um lugar bem inoportuno, tenho ciência que minha roupa de show me faz parecer uma garota de programa.
— O que estamos fazendo aqui? — pergunto, asperamente.
Aliás, eu preciso de um nome, não posso passar a vida inteira chamando-o de meu bad boy. E além de tudo, ele não é meu. Controle-se Demi Lovato, digo a mim mesma.
— Você precisa de alguns cuidados — ele sorri, sedutoramente.
— Ah, claro e você vai cuidar direitinho de mim não é? — falo com ironia e certa decepção. Ele só é apenas mais um babaca querendo tirar vantagem da situação — Obrigada, mas prefiro ir para casa.
Antes que eu possa me encaminhar para saída, ele me puxa de encontro a ele outra vez.
— Não farei nada que não queira, sossegue — sussurra, com sua boca próxima a minha, nossos rostos praticamente colados, seu hálito adocicado me inebriando. Canela e café — Seu braço está machucado, pensei apenas em fazer um curativo.
Olho para meu braço esquerdo e vejo um arranhão que eu não havia percebido antes de começar a latejar levemente.
— Mas se quiser, posso deixá-la em um hospital mais próximo.
Bem se o concierge já havia me encarado de forma equivocada o que diria uma recepcionista de hospital? Com certeza concluiria que fui agredida por um cliente violento.
— Posso fazer isso em casa — murmuro, indecisa.
Eu não sou inocente. Isso não terminaria com o curativo. Não sei por que, eu acredito que ele não faria algo que eu não queira. Mas e quanto a mim?
— Srta...?
— Lovato. Demi Lovato — respondo.
— Se eu quisesse fazer algum mal a você não a traria para minha casa e além de tudo com testemunhas — sua cabeça movimenta em direção ao homem parado na recepção.
— Como se chama? Ainda não sei seu nome.
— Joseph Jonas.
As portas do elevador se abrem e um casal elegante sai por ele. O homem ruivo com cerca de uns trinta anos e a mulher morena, alta e magra.
Percebo que o homem me olha com olhar de predador, seus olhos saltam para meu decote, fixando em meus seios. Joseph coloca o braço em volta da minha cintura em um sentimento de posse. Encara o homem com olhar olhe, mas não toque. Hum, possessivo.
A mulher me encarar com olhar de ódio e desprezo. Como se eu tivesse culpa de seu
acompanhante ser pervertido. Agindo por impulso enrosco-me no braço de Joseph, só para dar uma boa lição naquela rica esnobe, e deixo que ele me conduzir para dentro do elevador. Antes que as portas se fecham a jovem bufa de raiva e indignação.
Sinto meu rosto esquentar e sei que estou ficando vermelha, tanto de raiva como de vergonha por minha reação intempestiva. Olho para Joseph e noto seu olhar divertido e questionador em minha direção. Eu não sei se é o seu sorriso charmoso, olhos sedutores, o rosto de tirar o fôlego que me deixam claustrofóbica, mas de repente as paredes do elevador parecem me sufocar. Sinto minhas pernas trêmulas e um calor incandescente irradia por todo meu corpo.
— Apenas um curativo — digo a ele.
— Certo — ele responde, como se não acreditasse em uma única palavra minha. Não posso culpá-lo, nem eu acredito.
Chegamos ao sexagésimo oitavo andar, andamos por um corredor largo, passamos por duas portas e paramos na terceira. Observo enquanto ele digita um código de segurança e abre a porta.
Fico de queixo caído literalmente ao atravessar a porta. Apenas a sala de estar é quatro vezes maior que meu apartamento inteiro.
— Entre — ele me empurra para dentro. Confesso que se ele não houvesse feito isso, eu teria
ficado a noite toda parada na porta, completamente abismada.
— Fique à vontade — ele sussurra, tirando a jaqueta, jogando-a no braço do sofá.
Ele segue até um bar perto de uma imensa porta dupla de vidro. Admiro seus ombros largos e sinto minhas mãos formigarem. Noto-o servir algo em dois copos de vidro e caminhar de volta para onde estou.
— Acho que precisamos disso — ele sorri, me entregando um dos copos.
Puta que pariu, o homem inventou e patenteou aquele sorriso sexy. Viro o conteúdo cor de mel em um só gole. Engasgo-me e tusso por alguns segundos. Uísque, eu odeio uísque, mas realmente preciso de algo forte para aliviar a tensão.
— Vá com calma — ele ri. O som rouco e sensual me faz sentir as pernas bambas.
— Vamos cuidar disso aqui — ele continua, alisando meu braço.
Não sei se é a bebida ou se estou inebriada por ele, mas sigo-o sem pestanejar.
Entramos em um banheiro totalmente branco, duas vezes maior que o meu. Observo-a abrir a porta de um gabinete e tirar uma caixa de primeiros socorros. Sinto o algodão umedecido deslizar pelo machucado em meu braço. Assisto tudo entorpecida. Minha pele se arrepia quando ele finaliza com um Band-Aid e acaricia meu braço.
Seus olhos fixos nos meus. Minha respiração está acelerada e meu coração salta no peito. Sinto sua boca se aproximando da minha lentamente. Sei que ele vai me beijar. Eu desejo que faça isso, desejo desde a primeira vez que o vi.
— Acho que devo retribuir o favor — como uma covarde eu fico de costas para ele e começo a mexer na caixa de primeiros socorros.
Todo meu corpo está tenso devido ao desejo reprimido. Umedeço um pedaço de algodão em um anticéptico e me volto a ele. Seu olhar ainda é ardente e cheio de desejo. Com as mãos trêmulas, deslizo o algodão em seu supercílio machucado. Faço o mesmo procedimento nos lábios e ouço-o gemer.
— Dói? — minha voz soa enrouquecida.
E o que acontece a seguir foge completamente do meu controle. Joseph escorrega as mãos até minha cintura e me prende contra ele e a parede.
Sinto seu membro enrijecido entre minhas pernas.
— Muito — ele diz.
Está se referindo mais ao desejo e estado de excitação, do que do seu lábio machucado. Ele esfrega o membro rijo contra minha parte íntima. Céus a sensação é muito boa. Um gemido escapa dos meus lábios. Ele me imprensa ainda mais contra parede, puxa meus cabelos fazendo com que eu olhe nos seus olhos.
— Eu quero você, Demi! Porra como eu quero! — com essas palavras cruas, ele toma meus lábios.

podemos conhecer um pouco desse Durant e que babaca.
to tombada com esse capítulo e esse final? e o beijo? não resistiram um ao outro hahaha
o que será que vai acontecer? agora só no próximo capítulo hahaha
o que acharam? espero que tenham gostado.
até logo, bjs amores <3
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8 comentários:

  1. Ficou maravilhoso, continua! ❤

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    1. que bom que gostou amor, fico muito feliz.
      vou postar hoje, um beijo <3

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  2. Meu Deus o que foi isso tô bege arraso

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    1. é porque você não viu nada ainda do que vai acontecer, tem muita coisa hahaha
      vou postar hoje, um beijo lindona <3

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  3. Subindo pelas paredes literalmente!!! Como vc para justo aí? Meu Deus!!! Continua logoooo!!!! Tem chance de uma maratona?

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    1. que bom que gostou amor, fico muito feliz.
      fui um pouco má no final mas no próximo você vai descobrir o que aconteceu hahaha
      maratona no momento não, pois eu estou sem tempo mas se eu tiver com um tempo venho aqui fazer uma maratona de três capítulos certo?
      vou postar hoje, um beijo <3

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  4. Maratona plmdd eu to aqui em abstinencia, não se atreva a me deixar esperando srt."posto quando quero"���� ����������porfavorsinhooooooo

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    1. eu sempre posto por aqui, segunda, quarta e às vezes sexta hahaha
      maratona no momento não, pois eu estou sem tempo mas se eu tiver com um tempo venho aqui fazer uma maratona de três capítulos certo?
      fique calma, vou postar hoje, beijo amor <3

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