19/05/2017

for you: capítulo 3


Feiticeira

Essas duas últimas semanas, longe de tudo e todos, foram tudo o que precisei. Ficar em casa sentindo pena de mim mesmo, seria um desperdício de tempo. Afastar-me de casa, da família e dos amigos foi essencial neste momento. Embora tenha conduzido tudo a minha volta de forma automática e fria, eu não aguentava mais os olhares piedosos, os conselhos irritantes de minha mãe e principalmente a insistência de Sophie para que conversássemos. Mesmo eu tendo trocado o número do celular, ela sempre encontrava uma maneira de se comunicar comigo.
Suas queixas, súplicas e choramingos estão me levando às vias de um assassinato e, as desculpas esfarrapadas de que, minha falta de atenção ou suas inseguranças a levaram me trair, me deixam enojado.
O único vislumbre de paz e tranquilidade, foi passar esses dias na cabana de Neil. A área ao redor é muito bonita. Há um grande lago em frente à casa, que oferece paz e tranquilidade. Além das montanhas ao redor, com uma vista belíssima para os dias de corrida. Embora não costume correr, pois prefiro as facilidades de uma boa academia, apreciei a sensação de me exercitar ao ar livre e puro. Isso me lembra de que tenho um parque gigantesco perto de casa e não tenho aproveitado desse privilégio.
Agora, após duas semanas, estou pronto para enfrentar o que vier e me aventurar nessa nova jornada que idealizei para mim. E irei começar por algo que sempre desejei e nunca me atrevi a fazer.
Verifico a casa pela última vez. Pego a mochila do chão e subo em meu mais novo bebê, uma Harley, novinha. Quero viver cada dia com a emoção de que fosse o último e adoro a sensação de liberdade que essa moto me traz.
Desde a adolescência admirava belezinhas como essa. Até mesmo cheguei a pegar emprestada a moto de um de meus amigos, mas minha mãe ficara furiosa na época e proibiu firmemente que comprasse algo parecido. E entre enfrentá-la e ter um pouco de paz, optei pelo caminho mais cômodo. Agora, noto como sempre fui o bom moço irritante, sempre fazendo e me comportando como ela queria. Sempre acatando o que os meus pais exigiam. Até mesmo Charles, acha que sabe o que é melhor para mim.
Observando tudo com frieza, sinto-me envergonhado de como fui apático, sendo controlado por quase toda minha vida. Tenho sorte de amar a minha profissão ao qual praticamente me obrigaram a exercer para assumir a empresa ao lado do meu irmão, ou seria frustrado pessoal e profissionalmente.
Mas agora estou liberto de todas as prisões e convicções que me mantinham. Meu lema agora é viver sem limites e, comecei por essa moto.
Estaciono na vaga reservada a mim e vou na direção dos elevadores. Cumprimento o concierge assim que entro no hall. Desço na cobertura, digito o código de segurança na porta e entro. Tenho uma cobertura ampla e elegante, decorada em tons de bege, branco e marrom. No andar de baixo está a sala com um conjunto de sofás branco e almofadas marrons, uma mesa de centro negra, e uma tv de 52 polegadas. Do outro lado, há uma sala de jantar com uma mesa oval. As paredes da sala de jantar são de vidro e dão acesso a uma sala de estar com poltronas de madeira e almofadas, uma pequena mesa quadrada e há uma vista privilegiada da cidade, além de uma piscina retangular.
No andar superior ficam as suítes, dois quartos de hóspedes e meu escritório. Vou para o quarto, dispenso a banheira redonda, retiro o plástico que cobre a tatuagem e tomo uma chuveirada. Passo a pomada nas costas e vejo que o local que antes estivera muito irritado e vermelho começa a clarear.
A ardência também diminuiu ou talvez eu esteja me acostumando ela. De qualquer forma, resolvo cancelar meu encontro para essa noite.
Maggie, uma modelo que me foi apresentada pela noiva de Liam, não ficou muito feliz com a notícia, mas aceitou remarcar para o dia seguinte.
Sem disposição para cozinhar ou pedir comida pelo telefone vou até a cozinha e coloco um congelado no microondas. Agradeço aos céus por Janine, a governanta, ter se lembrado de meu retorno e ter abastecido a dispensa.
Pego duas garrafas de Badger Gold, faço um prato e vou para sala. Ignoro a sala de jantar e me jogo no sofá. Ligo a TV, sintonizo no canal de esportes. Está passando um jogo de basquete, os Knicks estão enfrentando New Jersey Nets e estão ganhando de 34 a 28.
Espreguiço-me no sofá e concentro-me no jogo. Já que não terei uma linda mulher para aquecer a noite, cerveja e jogo na tela plana terão que ser o suficiente.
Por volta de oito horas da noite do dia seguinte, paro minha Harley em frente a uma casa elegante.
Uma jovem ruiva surge e me olha com espanto.
— Onde está o seu carro? — ela faz biquinho — Nós não vamos nessa coisa, não é?
Olho para minha moto e para ruiva em seu vestido de seda azul. Realmente a combinação parece esquisita. Mas qual o problema? Onde está o senso de aventura dela?
— Sim — respondo com um sorriso irônico — Iremos.
— Com certeza, não — Maggie bate o pé — Nós iremos com o meu carro!
— E onde acha que deixarei minha moto? — pergunto, num tom irritado.
— Ah, qualquer lugar — ela cruza os braços — Deixa aí mesmo, na rua. Eu que não vou estragar um Prada por causa de uma moto ridícula.
Ridícula? Minha Harley, que custou cem vezes mais do que esse pedaço de pano que ela está usando. E essa esnobe e arrogante mulher chamou meu bebê de ridícula? Não! Maggie não tem nenhum espírito de aventura. Portanto, não vou estragar minha noite com essa jovem fútil e suas conversas chatas, nem mesmo por sexo.
— Quer saber Maggie? — subo na moto, enquanto ela me encara com olhar atônito — Eu vou me divertir. Você pode ir para onde quiser.
Na verdade, gostaria de dizer que ela poderia ir para puta que pariu! Mas mesmo sentindo-me um bad boy, ainda sou educado.
— Joseph! — ela berra, batendo o pé — Volte aqui!
Escuto sua voz ao fundo, acelero o motor, o único som que eu quero ouvir é esse, gemendo rua afora. Meia hora depois ainda estou muito irritado e sem saber para onde ir quando o telefone vibra no bolso da minha jaqueta.
— Oi Peter — estaciono e atendo.
— Onde você está? — murmura ele — Levei um fora hoje. Que tal sairmos à caça?
Sair à caça para Peter é ir às casas noturnas a procura de mulheres lindas. Alguns meses atrás acharia aquilo imaturo, mas hoje e nesta nova fase da minha vida, a ideia me parece muito interessante.
— Estou em algum lugar entre Manhattan e o Bronx. Deixe-me ver — olho em volta, mais à frente há uma casa noturna. O letreiro luminoso pisca indicando o nome do clube — Estou perto de um clube chamado, Seduction.
— Já ouvi falar dele — ele responde — Espere-me aí. Estou por perto. Se nós não gostarmos,
vamos a outro lugar.
— Certo — murmuro — Espero você lá dentro.
Desligo e conduzo a moto para o estacionamento privado. Há um relativo entra e sai lá de dentro. Apesar de a fachada ser um pouco cafona, por dentro é aceitável. Todo ambiente é decorado em vermelho sangue e dourado. Há um enorme bar com balcão, algumas mesas em frente ao palco e os toalhetes à direita. Vou para o bar e peço um energético, na verdade, gostaria de um uísque duplo, mas estou dirigindo, essa é uma das desvantagens em dispensar o motorista.
Bebo o energético e assisto ao show. Uma garota oriental faz um show sensual enquanto alguns homens afoitos gritam em direção a ela. Após sua apresentação as luzes se apagam. Sinto uma mão deslizar pelo meu braço de forma sedutora. Uma loira platinada está sorrindo para mim.
— Está sozinho querido? — ela ronrona, oferecendo os seios, que saltam de seu enorme decote.
— Por que não me paga uma bebida?
Faço um sinal positivo para o barman e devolvo sorriso a ela. Apesar de muito bonita, não faz meu tipo. Loira demais para mim agora. As loiras me fazem lembrar Sophie, isso me dá urticária.
Nesse momento, as luzes no palco apagam novamente, uma nova apresentação irá começar. Olho mais por curiosidade do que para apreciar o show, afinal, todas as mulheres ali devem fazer a mesma coisa. Afasto-me um pouco da jovem loira e vou em direção as mesas perto do palco. Sento-me em uma cadeira qualquer e observo uma jovem subir as escadas em direção ao palco. A iluminação fraca só me permite observar sua silhueta. Quando ela se fixa ao lado do mastro de pole dance as luzes se acendem em cima dela.
Puta que pariu!
Á minha frente, a verdadeira personificação de Afrodite. E quando eu falo linda, é linda mesmo. E estou acostumado a cruzar com mulheres deslumbrantes, mas essa vai além. Ela é quente!
Seus cabelos negros estão presos em um rabo de cavalo, que balança levemente, conforme ela se movimenta.  As pernas a mostra são esguias e perfeitas. Imediatamente a imagino em minha banheira cheia de espumas, com essas pernas divinas, rodeando minha cintura.
Sua boca é carnuda e em forma de coração. Uma boca perfeita para beijar e ser beijada. Penso como seria ter essa boca que parece ser macia como seda, chupando meu pênis. Porra! Com esse pensamento, remexo-me na cadeira em busca de uma posição mais confortável. A música começa, o som da guitarra de Jimi ecoa no salão. A linda morena começa sua apresentação no pole dance.
Caralho! Se antes apenas vendo-a com sua roupa de couro sensual eu já tinha ficado excitado.
Agora, observando-a dançar, subir e descer em volta do mastro, sempre com os olhos cravados em mim, como se me fizesse uma apresentação exclusiva, está me levando à loucura. O desejo corre pelo meu sangue. Puro e quente. Ergo meu copo e faço um brinde em sua direção. Lanço meu melhor olhar de: Eu vou foder você e vai implorar para que nunca termine.
Vejo-a subir no mastro e enrolar as penas no topo. Em seguida fica de cabeça para baixo, segura os seios entre as mãos e gira a cabeça de forma sensual. Mordo meus lábios para conter um gemido de desejo. Nesse momento, nossos olhos se cruzam. A jovem gira em torno do mastro e fica de costa para ele, deslizando de forma erótica. A apresentação continua e eu me seguro não me masturbar ali mesmo. Porra, o que está acontecendo?
— Deseja outro drinque, querido? — pergunta uma voz feminina, atrás de mim.
Sem olhar para mulher peço que busque um drink tropical e entregue a jovem morena, assim que ela descer do palco. A dança e música continuam de forma frenética e alucinante.
Estou completamente enfeitiçado por essa garota. Feiticeira. O show termina, as luzes se apagam e ela some na escuridão. Tenho a sensação de abandono. A loira volta a falar alguma coisa em meu ouvido, mas ignoro. Olho em direção as escadas e vejo uma mulher oriental entregar a bebida a minha musa. Nossos olhos se cruzam novamente. Vejo-a virar o copo e para minha surpresa, sair correndo. Levanto-me rapidamente, vou em direção onde ela estava. Chego a tempo de vê-la entrar em uma porta com o aviso de: Restrito não entre.
Pouco me lixando para isso vou em direção à porta. Uma mão macia me para.
— Não pode entrar aí, querido — a jovem oriental me previne.
— Preciso falar com a garota — digo, angustiado.
— Demi? — vejo-a enrugar a testa — Foi para o camarim. Você não pode entrar. 
Demi? Então esse é o seu nome. Tenho vontade de mandar a mulher a minha frente ir para o inferno, entrar com ou sem permissão e encontrar a linda morena. Demi. O nome desliza sobre meus lábios, como mel. Sinto-me frustrado e irritado pela segunda vez nessa noite.
— Pode dizer a ela que estou aqui fora, a esperando?
— Eu posso dizer... — ela começa a dizer, analisando-me de cima a baixo — Mas Demi
não sai com clientes.
— Faça o que pedi — coloco uma nota de cem dólares entre os seios dela e sorrio.
A jovem sorri de volta e corre porta adentro. Dez minutos depois e com a paciência esgotada vejo a oriental sair com uma ruga de preocupação na testa. Segura a nota que eu dei como a própria vida.
— Demi já saiu — a jovem informa, apertando a nota contra o peito.
— Não vi ninguém passar por aqui? — resmungo, irritado.
— Deve ter usado a porta lateral — ela murmura — Procurei o camarim inteiro e ela não está lá.
— Tudo bem. Sabe para onde foi? — digo com frustração. Talvez ainda consiga encontrá-la.
Aquela jovem não pode dançar à La Salomé exclusivamente para mim e esperar que eu fique imune a isso. Não. Aquela maldita provocadora tem que saber o que acontece quando se com alguém como eu.
— Acho que foi para casa — a jovem responde, receosa — Há um ponto de ônibus perto daqui.
— Obrigado — respondo e viro em direção à saída — Pode ficar com o dinheiro.
— Espere! — ela grita atrás de mim — Não vai fazer mal a ela, não né?
Pergunta estúpida! Ela deveria ter verificado isso antes de me passar qualquer informação.
Acredito que tenho algo mais para ensinar a jovem do que apenas a brincar com fogo. Como pode ser tão descuidada ao ponto de colocar sua vida em risco? Estamos em uma das áreas mais perigosas da cidade, droga. Será que não havia se dado conta disso?
Encontro-me com a loira parada na porta. Vejo que está alterada demais para meu gosto. Quantos copos ela já havia bebido? Isso não me importa, a única coisa que quero é encontrar minha feiticeira novamente. Por que a maldita deve ter lançado algum feitiço sobre mim.
— Onde você estava, querido? — a loira segura meu braço — Procurei-o por toda parte.
Ignoro a pergunta e vou em direção à rua. Vejo logo à frente um ponto de ônibus e nele está minha musa. Ainda mais linda se possível, em sua calça jeans e camiseta. Os cabelos negros caem em uma cascata sedutora, pelas costas. Livro-me da loira e caminho em direção a ela. Nossos olhos se cruzam novamente. Um ônibus passa privando-me de observá-la por alguns instantes. Meu coração dispara, corro até o ponto e vejo-a entrar no ônibus. Antes eu possa fazer alguma coisa, ele se põe em movimento. Vejo a jovem se sentar encarando-me com um sorriso travesso. Seus olhos são mais lindos de perto. E que olhos. Em seguida ela lança-me um beijo no ar, provocando-me.
Cinco minutos depois, ainda encontro-me estático, no mesmo lugar, enquanto eu encaro a rua a minha frente, ainda sem acreditar no que aconteceu. A maldita feiticeira, havia me deixado sozinho, na rua, com cara de idiota.
Meu celular vibra, tirando-me do transe que me encontro.
— Joseph? — a voz de Peter ecoa do outro lado da linha — Desculpe cara. Tive que fazer um favor para o Neil.
— Tudo bem Peter — murmuro, contrariado — Estou indo para casa de qualquer forma.
Minha noite já estava arruinada mesmo e a culpa era de uma morena arrebatadora e provocadora.
— Cara, me desculpe, mesmo. Podemos sair amanhã se quiser.
— Claro — caminho em direção ao estacionamento, com uma ideia em mente — No mesmo lugar?
— Nossa — Peter começa falar com um tom divertido na voz — Então você gostou mesmo do
lugar? Agora estou curioso para saber por que.
— Gostei mais do que você possa imaginar, Peter — sussurro, com um sorriso maroto no rosto — Mais do que possa imaginar.

esse capítulo foi mais o lado do Joseph na noite que viu a Demi pela a primeira vez.
o próximo capítulo promete, aguardem hahaha
o que acharam? espero que tenham gostado.
até logo, bjs amores <3
respostas aqui

6 comentários:

  1. Respostas
    1. que bom que gostou amor, ficou feliz.
      vou postar hoje, bjs lindona <3

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  2. Continua logo, ta? Ficou perfeito e eu tô mto ansiosa pro resto! ❤❤❤

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    1. que bom que gostou amor, ficou feliz.
      vou postar hoje, bjs lindona <3

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  3. Meu Deus !!! Esse encontro vai ser explosivo!!! Posta logoooo !!!!

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