21/10/2016

breathe: capítulo 32


Eu não sabia como dizer a Joseph o que Stephen tinha me contado. Fomos de carro até a casa da minha mãe, e ele percebeu que Stephen tinha falado algo que me deixou incomodada, mas não me pressionou para contar. Tentei disfarçar usando o meu melhor sorriso na festa de casamento da mamãe e do Mike, mas por dentro meu coração estava muito confuso.
Elizabeth carregou Joseph para a pista de dança. Não consegui deixar de sorrir ao ver Elizabeth pisando nos pés dele quando tocou uma música lenta. Mamãe veio em minha direção em seu lindo vestido marfim e sentou-se ao meu lado.
— Você não trocou uma palavra comigo a noite toda — observou ela, com um sorriso meio triste.
— Mas eu vim. Não é o suficiente? — uma parte de mim se sentia traída com esse casamento tão rápido. Ela sempre dava um jeito de apressar as coisas em seus relacionamentos, mas até agora ela não tinha sido louca o suficiente para acabar no altar com um homem que mal conhecia. — O que você está fazendo, mamãe? Seja honesta comigo... Você está com problemas financeiros de novo? Podia ter pedido minha ajuda.
O rosto dela ficou vermelho de vergonha, ou talvez de raiva.
— Para com essa bobagem, Demi. Não acredito que você está insinuando isso de novo justo hoje.
— Mas... é que foi tão repentino.
— Eu sei.
— E sei que ele tem muito dinheiro. Olha essa festa.
— O dinheiro não importa — argumentou ela. Ergui uma sobrancelha. — De verdade.
— Então, o que é isso tudo? Qual foi o motivo de você correr pra se casar, se não foi dinheiro?
O que você está ganhando com isso?
— Amor — sussurrou. — Estou ganhando amor.
Por algum motivo, aquelas palavras me machucaram. Meu coração doeu quando ela confessou que amava outro homem que não era meu pai.
— Como você pôde? — perguntei com os olhos cheios de lágrimas. — Como você pôde jogar fora todas as cartas daquele jeito?
— O quê?
— As cartas do papai. Eu as encontrei na lata de lixo, antes de ir embora com Elizabeth. Como você pôde?
Ela suspirou profundamente, torcendo as mãos.
— Demi, eu não as joguei fora, simplesmente. Eu li cada uma daquelas cartas por dezesseis anos seguidos. Todas as noites. Centenas de cartas. E, um dia, acordei e percebi que aquilo não era mais um conforto pra mim, e sim algo que me impedia de seguir em frente com a minha vida. Seu pai era um homem maravilhoso. Ele me ensinou a amar incondicionalmente. Ele me ensinou o que era estar apaixonada. E, depois, eu esqueci. Esqueci tudo que ele me ensinou no dia em que partiu. Fiquei completamente perdida. Eu tinha que me libertar daquelas cartas pra me curar. Você sempre foi tão mais forte que eu.
— Eu me sinto fraca. Quase todo dia, eu me sinto fraca.
Ela segurou meu rosto e encostou a testa na minha.
— Essa é a diferença. Você sente. Eu estava entorpecida. Não sentia nada. Mas você sente.
Você precisa saber o que é se sentir fraca pra encontrar forças novamente.
— Mike... ele te faz feliz de verdade? — perguntei.
O rosto dela se iluminou.
Ela realmente o amava.
Eu não sabia que poderíamos nos permitir amar novamente.
— Joseph. Ele te faz feliz?
Fiz que sim com a cabeça.
— E isso te dá medo?
Assenti mais uma vez.
Ela sorriu.
— Ah, isso significa que você está no caminho certo.
— No caminho certo?
— Apaixonando-se.
— Mas é muito cedo... — respondi, com a voz trêmula.
— Quem disse?
— Eu não sei. A sociedade? Quanto tempo você precisa esperar pra se apaixonar de novo?
— As pessoas falam muito e se atrevem a dar conselhos sobre como superar o luto. Elas dizem que você não deve namorar por anos, que deve esperar o tempo passar, mas a verdade é que não existe tempo para o amor. A única coisa que importa para o amor é a batida do seu coração. Se você o ama, não deixe isso te atrapalhar. Apenas se permita sentir novamente.
— Tem uma coisa que preciso contar a ele. Uma coisa horrível, e acho que vou perdê-lo.
Minha mãe franziu a testa.
— O que quer que seja, ele vai entender se realmente gostar de você da mesma forma que você gosta dele.
— Mamãe — lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu observava aqueles olhos tão parecidos com os meus. — Achei que tinha perdido você para sempre.
— Sinto muito por tê-la abandonado, querida.
Eu a abracei.
— Não importa. Você voltou.

***

Joseph dirigiu no caminho de volta para casa, já que eu tinha tomado algumas taças de vinho a mais. Elizabeth, por sua vez, dormiu na cadeirinha no banco de trás assim que saímos. Não trocamos uma palavra, mas dissemos o suficiente um ao outro quando minha mão, depois de ter passado tanto tempo solitária, se uniu à de Joseph.
Não consegui desviar os olhos daquele gesto tão simples. Beijei a mão dele.
Como eu iria contar que foi Zachary quem causou o acidente?
Como eu começo a dizer adeus?
Ele olhou para mim e abriu um meio-sorriso.
— Você está bêbada?
— Um pouco.
— Está feliz?
— Muito.
— Obrigado por me convidar. Acho que meus pés estão machucados de tanto que Elizabeth pisou neles, mas eu adorei.
— Ela adora você — comentei.
Seus olhos focaram na estrada escura.
— Eu adoro ela.
Ah, meu coração. Parou ou acelerou? Um pouco de cada, talvez.
Beijei a mão dele mais uma vez. Passei os dedos em cada linha da palma. Quando paramos na frente de casa, Joseph tirou Elizabeth da cadeirinha e carregou-a no colo até o quarto. Ele a colocou na cama, e encostei no batente da porta, observando-os. Ele tirou os sapatos dela e os deixou junto ao pé da cama.
— É melhor eu ir pra casa — disse ele, vindo em minha direção.
— Provavelmente.
Ele sorriu.
— Obrigado de novo por hoje. Foi ótimo — ele beijou minha testa e saiu do quarto. — Boa noite, Demis.
— Não.
— Não o quê?
— Não vá. Fique aqui hoje.
— O quê?
— Fique comigo.
— Você está bêbada.
— Um pouco.
— E você quer que eu fique?
— Muito.
Suas mãos seguravam minha cintura, e Joseph me puxou para junto de seu corpo.
— Se eu ficar, vou te abraçar a noite toda, e eu sei que isso te assusta.
— Muitas coisas me assustam. Muitas coisas me dão medo, mas você ficar comigo a noite toda não me amedronta mais.
Ele passou o dedo pelos meus lábios. Ergueu meu queixo e me beijou devagar, carinhosamente.
— Adoro você — sussurrou.
— Adoro você — respondi.
Os dedos dele deslizaram para o meu peito, e ele sentiu as batidas do meu coração. Apoiei minhas mãos no peito dele, fazendo o mesmo.
— Gosto disso — sussurrou.
— Eu também — respondi.
Os olhos dele se dilataram, e senti sua respiração em mim. Inspirei, viciada nele. Seu cheiro era como a brisa que corria entre pinheiros, refrescante,
reconfortante, tranquilo. Como um lar.
Fazia muito tempo que eu não me sentia em casa.
Sentimos a respiração um do outro, imploramos um ao outro silenciosamente para irmos além. Fomos para o meu quarto, onde tiramos nossas roupas e nos beijamos.
— Todo mundo na cidade acha que isso é errado. Todos pensam que somos uma bomba relógio prestes a explodir — comentei. — E tenho quase certeza de que vou acabar estragando tudo. E aí todos vão dizer: “Eu avisei.”
— Por um segundo, vamos fingir que eles estão certos. Vamos fingir que, no fim, não vamos ficar juntos e felizes — ele suspirou em minha pele, os lábios tocando minha barriga nua. — Mas, enquanto o ar continuar enchendo meus pulmões, enquanto eu respirar — sua língua tocou o elástico da minha calcinha. — Vou lutar por você. Vou lutar por nós.

Ainda bem que a Demi se resolveu com a mãe dela.
Que lindos eles dois, só falta eles dizerem que amam o outro <3
Esse final abalou as minhas estruturas kkkkkkkk
Gostaram? me contem aqui nos comentários
bjs amores e até o próximo <3
respostas aqui

2 comentários:

  1. Estou morrendo de medo da reação dele... mas acho que ela deve falar logo com ele, não enrolar pra contar não... continua....

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    1. Ainda vai ter uns capítulos para acontecer até ele descobrir.
      E o bicho vai pegar hahaha
      Vou postar hoje, bjs amor <3

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