07/05/2018

8. heaven or hell


Ficamos em silêncio.
Eu notava apenas alguns sons em meu quarto. O barulho do ventilador de teto girando
enquanto estávamos deitados na cama. O disco de vinil tocando em cima da cômoda, a
gravação pulando como se estivesse arranhado. Porém, de alguma forma, parecia em perfeito estado. Um purificador de ar automático que soltava perfume de rosas de vez em quando, o cheiro invadindo nossas narinas. E, por último, nossa respiração.
Meu coração batia violentamente. Eu estava com medo, tinha certeza disso. A cada dia
que passávamos juntos, eu me apaixonava mais por ele. Hoje à noite, nós nos beijamos. Nós
nos beijamos pelo que pareceu uma eternidade, mas ainda não foi o suficiente.
E agora eu estava com medo.
O coração de Joseph estava tão assustado quanto o meu, pensei. Tinha que estar.
— Joseph? — eu o chamei, a garganta seca fazendo minha voz falhar.
— Sim, Demi, meu maior vício?
Naquela noite no letreiro, Joseph disse que eu era o seu maior vício.
Amei aquilo mais do que ele poderia imaginar.
Eu me aconcheguei mais a ele, me encaixando nas curvas de seu corpo. Sempre tive a
sensação de que ele era como um cobertor macio, que sempre me aquecia e fazia sentir
segura quando a vida se tornava gélida. Ele sempre me abraçava, mesmo quando se sentia
perdido.
— Você vai partir meu coração, não vai? — sussurrei em seu ouvido.
Joseph assentiu, e vi culpa em seus olhos.
— Provavelmente sim.
— E o que vai acontecer depois?
Ele não respondeu, mas vi em seus olhos o medo de me machucar. Ele me amava. Nunca
disse isso com todas as palavras, mas o amor estava lá.
Joseph tinha um jeito diferente de amar. Era silencioso, quase secreto.
Ele tinha medo de que alguém descobrisse seu amor, porque a vida havia lhe ensinado que
esse sentimento não era um prêmio, mas uma arma. E ele estava cansado de ser ferido.
Se ele soubesse que seu amor era a única coisa que fazia meu coração bater... ah, como eu
queria que ele me amasse com todas as letras.
Ficamos em silêncio mais uma vez.
— Demi? — sussurrou ele, aproximando-se um pouco mais.
— Sim?
— Estou me apaixonando por você — disse ele suavemente, suas palavras refletindo meus
pensamentos.
Meu coração parou de bater por um segundo.
Senti o medo e a emoção em sua voz. O medo era muito mais forte, mas o êxtase estava
ali, vivo.
Peguei a mão dele, Joseph não fez qualquer objeção. Eu a apertei, porque sabia que não
tinha mais volta. Esse era o momento que mudava tudo. Estávamos assim havia alguns
meses, sentindo coisas que ainda não entendíamos. Amar seu melhor amigo era estranho.
Mas, de alguma forma, era certo. Antes daquela noite, ele nunca sequer tinha chegado perto
de dizer a palavra “apaixonado”. Eu não sabia que havia espaço no coração de Joseph para o
amor. Sua vida era um inferno. Então, aquelas palavras tinham um significado maior do que
qualquer pessoa poderia compreender.
— Isso assusta você — falei.
Ele segurou a minha mão com mais força.
— Muito.
Eu sempre me perguntava como a gente sabe que está se apaixonando. Quais eram os
sinais? As pistas? Demorava um tempo ou era de repente? Será que a pessoa acordava uma
manhã, tomava seu café e depois olhava o outro sentado à sua frente e se jogava em queda
livre?
Mas agora eu sabia. As pessoas não se apaixonam. Elas se fundem. É como se um dia elas
fossem gelo e, no seguinte, uma única poça.
Eu queria encerrar aquela conversa. Queria me abraçá-lo e adormecer ali, deitada naquela
cama. Eu apoiaria minha cabeça no peito de Joseph, e ele colocaria as mãos em meu coração, sentindo as batidas provocadas por seu amor. Ele beijaria meu queixo suavemente e me diria que eu era perfeita. Que minhas manias eram o que me tornava linda. Ele me abraçaria com delicadeza, como se estivesse segurando algo precioso, seu toque cheio de cuidado e proteção. Eu queria acordar sentindo o calor daquele cara ao meu lado, do cara por quem eu estava apaixonada.
Mas nem sempre podemos ter o que queremos.
— Não sei se isso é uma boa ideia — disse ele. Eu nunca deixaria transparecer o quanto
essas palavras me machucaram. — Você é minha melhor amiga.
— E você é meu melhor amigo, Joseph.
— E eu não posso perder isso. Não tenho muitas pessoas no mundo... Só confio em duas
pessoas na vida: você e meu irmão. E eu sei que vou foder com tudo. Sei que vou. Não posso
permitir que isso aconteça. Vou te machucar. Eu sempre estrago tudo.
A testa dele tocou a minha. Suas pupilas estavam dilatadas. Minha mão se apoiava em seu
peito, e eu podia sentir como suas palavras o magoavam. Ele se aproximou, sussurrando em
meus lábios:
— Não sou bom o suficiente para você.
Mentiroso.
Ele era tudo de bom na minha vida.
— Nós podemos fazer isso, Joseph.
— Mas... eu vou te magoar. Não quero que isso aconteça, mas vai acontecer de alguma
forma.
— Me beije.
Os lábios de Joseph encontraram os meus, e ele me beijou bem lentamente. Em seguida,
afastou-se ainda mais devagar. Meu corpo formigava enquanto ele passava os dedos pelos
meus cachos.
— Me beije de novo.
Ele atendeu meu pedido mais uma vez, erguendo-se um pouco e pressionando meu corpo
sob o seu. Nossos olhos se encontraram, e Joseph me fitou como se me prometesse a
eternidade, mesmo que só tivéssemos o agora. O segundo beijo foi mais intenso, mais quente, mais real.
— Me beije.
Seus lábios vagaram por meu pescoço. Sua língua me acariciava lentamente, sua boca
chupava minha pele bem devagar, fazendo-me pressionar meu quadril contra o seu.
— Joseph, eu... — minha voz estava trêmula naquele quarto escuro. — Eu nunca... —
 minhas bochechas ficaram vermelhas, e não consegui completar a frase.
— Eu sei.
Senti um frio na barriga e mordi o lábio.
— Quero que você seja o primeiro.
— Você está nervosa?
— Estou.
Ele sorriu.
— Se você não quiser...
— Mas eu quero.
— Você é linda.
Seus dedos colocaram uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— E um pouco nervosa.
— Você confia em mim? — perguntou ele. Assenti. — Certo. Feche os olhos.
Fiz o que ele pediu, meu coração batendo mais rápido a cada segundo. O que iria acontecer
primeiro? Será que iria doer? Será que ele iria odiar? Será que eu iria chorar?
As lágrimas já brotavam em meus olhos.
Eu iria chorar.
Ele beijou o canto da minha boca.
— Confie em mim, Demi — prometeu Joseph. Suas mãos começaram a levantar a
camiseta do meu pijama enorme, e meu corpo enrijeceu. — Não vou te machucar —
sussurrou ele em minha orelha, e mordiscou-a de leve. — Você confia em mim? — perguntou
mais uma vez.
Meu corpo relaxou, e as lágrimas finalmente caíram, não porque eu estava nervosa, mas
porque nunca me senti tão segura.
— Sim. Confio em você.
Cada vez que uma lágrima escorria, ele a beijava.
Joseph tirou minha camiseta centímetro por centímetro e jogou-a em um canto do quarto.
Seus lábios percorreram meu corpo, descendo pelo pescoço, mordiscando meu peito,
explorando a curva do sutiã, beijando cada centímetro de pele nua.
— Demi — sussurrou ele antes de chegar à minha calcinha.
Minha respiração estava ofegante, e arqueei o quadril, ansiosa por seu toque. Levei minhas
mãos ao peito dele, sentindo Joseph controlar as batidas do meu coração.
Sua voz estava repleta de preocupação.
— Me mande parar, ok? Se precisar que eu pare...
— Não, por favor...
Joseph começou a tirar minha calcinha, e a cada centímetro que ela deslizava pelas minhas
pernas, mas rápido o meu coração batia.
— Demi — sussurrou ele mais uma vez.
Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundos antes que ele abrisse minhas
pernas e abaixasse a cabeça. Quando senti o toque de sua língua, respirei fundo, em êxtase.
Meus dedos agarraram os lençóis enquanto sua língua entrava e saía de mim. Minha cabeça
rodopiava. Meu coração não sabia se acelerava ou se parava de bater. A sensação que eu tinha era de que eu estava prestes a morrer, e seus lábios, sua língua e sua alma me reanimavam.
Eu nunca pensei que algo tão simples pudesse ser tão...
Joseph...
— Isso... — respirei, contorcendo-me quando ele deslizou dois dedos dentro de mim e os
tirou bem devagar. Aos poucos seus movimentos foram ficando mais fortes, mais rápidos,
mais intensos...
Joseph...
Eu estava a poucos segundos de explodir, quase implorando para que ele me levasse ao
clímax, quase em queda livre.
— Eu quero você, Joseph. Por favor.
Minha respiração estava ofegante, meu corpo se acostumando ao prazer que Joseph me
proporcionava.
— Ainda não — disse ele, tirando os dedos de mim e se afastando.
Nós nos encaramos, e o modo como ele olhou para mim me fez sentir que eu nunca estaria
sozinha.
— Demi, eu te amo.
Sua voz estava trêmula, e seus olhos ficaram úmidos. Mais lágrimas brotaram em meus
olhos.
Você é meu melhor amigo, Joseph, pensei.
Eu não conhecia ninguém que tivesse uma relação tão próxima quanto nós dois. Ele era
parte de mim. Nossas vidas se entrelaçavam como se fossem duas chamas ardendo juntas na
escuridão da noite.
Quando ele estava prestes a chorar, as lágrimas sempre caíam dos meus olhos primeiro.
Quando o coração dele estava prestes a desmoronar, o meu se despedaçava primeiro.
Você é meu melhor amigo.
Ele se inclinou para a frente e me beijou. Seu beijo tinha as promessas que nunca fizemos
um ao outro. Seu beijo pedia desculpas por coisas que ele nunca fez. Seu beijo continha todo
seu ser, e eu o beijei com toda minha existência.
Ele se levantou, tirou a calça e a cueca boxer. Mesmo segura da minha decisão, senti um
frio na barriga.
— Você pode mudar de ideia, Demi. A qualquer momento.
Estendi minhas mãos para ele, que as segurou. Puxei-o de volta para mim. Quando seu
quadril roçou minha coxa, soltei um gemido, as pernas formigando de desejo, medo, paixão e amor.
— Eu te amo — sussurrei. Ele se deteve por um instante. Fez menção de falar algo, mas as
palavras não saíram. Parecia surpreso com o fato de que alguém pudesse amá-lo. — Eu te
amo — repeti, vendo seus olhos se tornarem mais suaves. — Eu te amo.
— Eu também te amo — retrucou ele com um sussurro.
Os lábios de Joseph tocaram os meus. Lágrimas caíram de seus olhos e se misturaram com
as minhas. Eu sabia como essas palavras eram difíceis para ele. Sabia como ele tinha medo de se expor dessa forma. Mas também sabia o quanto eu o amava.
— Me peça para parar se eu te machucar.
Eu não faria isso. Eu sabia que sentiria dor, mas o desejo era maior. Ele era meu porto
seguro, meu refúgio, meu belo Joseph. Ele pressionou o quadril contra o meu e me penetrou.
— Eu te amo — sussurrou.
Joseph recuou e, em seguida, foi mais fundo.
— Eu te amo...
Mais fundo.
— Eu te amo... — murmurou ele.
Mais fundo.
— Joseph eu...
Céu.
Terra.
Paraíso.
Inferno.
Ele.
Eu.
Nós.
Chegamos ao orgasmo, nossos corpos trêmulos se desintegrando e, ao mesmo tempo, se
unindo. Nós nos perdemos, mas encontramos um ao outro.
Eu o amava.
Eu o amava com todo meu coração, e ele me amava também.
Joseph cumpriu sua promessa. Ele não me machucou. Era a ele que eu recorria sempre que
sentia medo.
Joseph era o meu lar.
— Demi, isso foi... — ele suspirou, deitando ao meu lado, sem fôlego. — Maravilhoso.
Sorri, virando a cabeça para o outro lado. Meus dedos secaram as lágrimas, e tentei ao
máximo rir, mas a felicidade veio acompanhada de um pingo de preocupação. Como seria a
partir de agora?
— Se eu ganhasse um dólar a cada vez que eu ouvisse isso...
Joseph semicerrou os olhos, sabia que eu tinha feito aquela piada para esconder meu
nervosismo. Ele me puxou para perto de si.
— Você está bem?
— Estou, sim. — assenti e me voltei para ele. Ele se inclinou e beijou as poucas lágrimas que ainda teimavam em cair. — Estou mais do que bem.
— Quero que seja assim. Para sempre, eu quero isso.
— Eu também. Eu também.
— Para sempre, Demi?
— Para sempre, Joseph.
Ele respirou fundo, e seus olhos sorriram junto com seus lábios.
— Estou tão feliz.
Essas foram as últimas palavras da noite, e achei que descreviam exatamente como eu me
sentia naquele momento.
O ventilador de teto girava, e continuamos deitados na cama. O disco de vinil tocava em
cima da cômoda, a gravação ainda pulando, mas, de alguma forma, parecia perfeito.
Sentíamos o perfume de rosas de vez em quando. Respiramos fundo.
Ficamos em silêncio.

finalmente este capítulo chegou, sei que vocês estavam esperando por isso hahaha.
eles fizeram promessas e juras de amor mas as tretas estão chegando.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
me digam o que acharam e comentem aqui embaixo.
respostas do capítulo anterior aqui.

4 comentários:

  1. Ahhhhhhhhhhhhhhh mdssssss!!! Eu definitivamente amo essa história. Que coisas lindas, me emocionei ❤️
    Mas confesso estar apreensiva com essas tretas 🤦🏼‍♀️
    Você arrasa, Jess! Mal posso esparar para o outro.

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado amor, muito obrigada pelo o carinho.
      Vai vim algumas tretas por aí mas só um pouquinho para frente.
      Vou postar mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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  2. Gente eu tô perpleqsa. Dois maravilhosos e minha escritora maravilhosa sempre me surpreendendo. Confesso que n esperava esses dois apressadinhos, mas ameiiiiiii!!! ❤❤❤ continua, meu amooooor!

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado amor, muito obrigada pelo o carinho.
      Vou postar mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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