08/04/2018

5. suitcase without a handle


— Joseph! Joseph! — chamou Demi uma semana depois do meu aniversário, correndo em minha direção na chuva.
Eu estava no degrau mais alto da escada, limpando as janelas do terceiro andar do prédio.
Obviamente minha mãe só me pedia para limpá-las quando estava chovendo. A voz de
Demi me assustou, e acabei derrubando o balde de água.
— Meu Deus, Demi! — gritei.
Ela franziu o cenho, segurando um guarda-chuva de bolinhas amarelas.
— O que você está fazendo?
— Limpando as janelas.
— Mas está chovendo.
Não brinca, Sherlock, pensei comigo mesmo. Mas Demi não tinha culpa de eu estar
limpando as janelas, ela não merecia meu mau humor. Desci a escada e fitei minha amiga. Ela deu um passo em minha direção e segurou o guarda-chuva sobre nós dois.
— Sua mãe te obrigou a fazer isso? — perguntou ela com o olhar mais triste que já vi.
Não respondi.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, um pouco irritado.
Demi não costumava frequentar aquele tipo de lugar. Eu morava em um bairro de merda, não era um lugar seguro, muito menos para alguém como ela. Tinha uma quadra no final da rua onde havia mais gente comprando e vendendo drogas do que jogando basquete.
Alguns caras ficavam parados nas esquinas de manhã até a noite, tentando ganhar um dinheirinho extra. Prostitutas andavam de um lado para o outro, drogadas. E eu sempre ouvia tiros, mas felizmente nunca vi ninguém ser atingido.
Eu odiava aquele lugar. Aquelas ruas. Aquelas pessoas.
E eu odiava que Demi aparecesse ali de vez em quando.
Ela piscou algumas vezes, como se tivesse esquecido a razão de ter vindo.
— Ah, sim! — exclamou ela, seu semblante fechado transformando-se em um grande sorriso— O mala sem alça me ligou! Eu queria que ele viesse ao meu recital de piano esta noite, mas ele não me retornou, lembra? Bom, ele me ligou e disse que poderá vir!
Permaneci impassível.
O mala sem alça era conhecido por fazer esse tipo de promessa e sempre arrumar um
jeito de dar para trás no último minuto.
— Não faça isso — disse ela, apontando para mim.
— Não faça o quê?
— Não me venha com esse olhar de “Pare de ter esperanças, Demi”. Não fui eu quem ligou, Joseph, foi ele. Ele quer estar lá.
Ela não conseguia parar de sorrir. Isso me deixou realmente triste. Nunca vi alguém tão
carente de atenção em toda a minha vida.
Você tem toda a minha atenção, Demetria Devonne Lovato. Eu juro.
— Eu não estava olhando para você desse jeito — menti. Definitivamente estava.
— Ok. Vamos avaliar os prós e contras da situação — sugeriu Demi.
— Pró número um — começou ela, com voz entediada. — Ele aparecer.
— Contra número um, ele não aparecer — retruquei.
Ela parecia irritada.
— Pró número dois, ele aparecer com flores. Ele me perguntou quais eram as minhas flores favoritas. Ninguém faz isso se não for levar flores!
Margaridas. O mala sem alça deveria saber quais eram as flores favoritas de Demi.
— Contra número dois, ele ligar e cancelar no último minuto.
— Pró número três. — Demi colocou as mãos no quadril. — Ele aparecer e me dizer o quanto eu sou incrível. E o quanto tem orgulho de mim. E o quanto sentiu saudades e o quanto me ama. — fiz menção de falar algo, mas ela me silenciou, deixando a voz monótona de lado. — Joseph, chega de contras. Preciso que você fique feliz por mim, ok? Mesmo que seja uma felicidade falsa!
Demi continuava sorrindo, o tom de voz alto e empolgado, mas seus olhos sempre demonstravam como ela realmente se sentia. Ela estava nervosa, com medo de que o pai a decepcionasse novamente.
Então sorri, pois não queria que ela ficasse nervosa ou com medo. Queria que ela realmente se sentisse tão feliz quanto fingia estar.
— Que bom, Demi — eu disse, cutucando seu braço de leve. — Ele está vindo!
Ela soltou o ar dos pulmões e assentiu.
— Ele vai estar lá com certeza.
— Claro que vai — concordei, mas não acreditava nisso. — Porque se tem alguém no mundo que vale a pena ver é a incrível Demi Lovato!
Suas bochechas coraram.
— Essa sou eu! A incrível Demi Lovato! — ela enfiou a mão no bolso de trás e pegou um ingresso que estava em um saquinho plástico. — Certo. Bem, eu preciso de sua ajuda. Estou paranoica porque minha mãe não pode descobrir que eu tenho tentado falar com o meu pai. Não quero que ele seja visto perto da nossa casa. Eu disse que ele poderia pegar o ingresso aqui com você.
Demi me fitou com um olhar esperançoso, confiante de que seu plano daria certo. Não pude deixar de notar que ela o estava chamando de pai novamente, em vez de mala sem
alça. Mais uma vez, fiquei triste por ela.
Esperava que ele realmente aparecesse.
— Pode deixar — falei.
Os olhos de Demi se encheram de lágrimas, e ela me entregou o guarda-chuva para que pudesse secá-las.
— Você é o melhor amigo que uma garota poderia ter. — ela se inclinou na minha direção e me deu seis beijos no rosto.
Fingi não notar que meu coração deu seis pulos de felicidade.
Ela não percebia nada, não é? Não percebia que dava vida nova ao meu coração toda vez que estava perto de mim.

vi ter muitas surpresas nesse recital ainda.
 o grande beijo está chegado e vai ser top.
logo logo os dois irão perceber que se amam.
eu estou tão feliz com os comentários de vocês, obrigada <3
eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
me digam o que acharam e comentem aqui embaixo.
respostas do capítulo anterior aqui.

4 comentários:

  1. Cotinua!!! 💜💜💜

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  2. Eu querooo mais! Já sorri e chorei tantas vezes com a fic, e olha que só tem 5 caps! Posta logo, tô apaixonada por eles 😭😍❤️

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    Respostas
    1. Fico feliz que tenha gostado amor, eles realmente são uma fofura juntos <3
      Vou postar mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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