27/12/2017

begin again: capítulo 30


Nove anos antes

O ar está denso com entusiasmo e hormônios, que se elevam dos corpos de trezentos estudantes dançando. Bêbados, chapados, em busca de diversão. Estamos quase desesperados em nossa necessidade de comemorar. De nos sentirmos jovens e livres. Queremos roubar a noite e torná-la nossa, porque, ao longo dos próximos dias, vamos arrumar nossas coisas e voltar para casa.
Então dançamos e bebemos e engolimos e fazemos tudo o que sabemos que não deveríamos.
Um palco improvisado foi montado no terreno. A música que pulsa dos enormes alto-falantes pretos tem uma vida própria. Serpenteando em torno de nossos corpos e encharcando nossa pele. Pulsando em nossas veias até que nos tornemos uma massa orgânica, suada. Pulando na grama macia, nosso cabelo balança, gritamos as palavras até nossa garganta protestar e nossos pulmões ameaçarem explodir.
Os braços de Joseph estão firmes em volta da minha cintura, as palmas das mãos apoiadas na minha barriga. Estão suadas e quentes, mas eu não as afasto. Em vez disso, eu me inclino no corpo dele e o deixo me puxar com a multidão até sermos parte de uma enorme onda de corpos, indo e voltando com a música. Vamos girando, e é tão bom que faz minha pele formigar. Nosso jeito de dançar e mexer é sensual; uma orgia sem o sexo. Gotas de suor encharcam meu cabelo antes de se derramarem pelo meu rosto. Eu as enxugo, ocupada demais em dançar para sequer me importar com minha aparência.
À minha esquerda, noto que Digby parou de pular com a música. Seu rosto está quase inchado, mas seus lábios estão pálidos e azulados. Embora ele não esteja mais dançando, seu corpo ainda está se mexendo, sendo empurrado para lá e para cá pela multidão como um objeto à deriva na maré.
– Você está bem? – tenho de gritar duas vezes. Chego mais perto dele e toco seu braço. Está quente como fogo.
– Estou, só preciso fazer uma pausa. – ele ainda está balançando. – Vou pegar alguma coisa para beber.
Abro a boca para me oferecer para ir com ele, mas a música muda e os braços de Joseph apertam minha cintura. Viro-me e olho para ele. Joseph está sorrindo para mim, e por um momento seu sorriso apaga os pensamentos do meu cérebro. Só consigo focar na boca. Pressiono os lábios contra os dele e fecho os olhos, sentindo o fogo se acender dentro da minha barriga.
Quando os abro novamente, Digby não está mais lá. Digo a mim mesma que ele vai ficar bem, que vai pegar uma bebida, vai voltar e todos nós vamos continuar dançando, celebrando as horas finais da nossa liberdade hedonista. Não faz sentido procurar por ele, Digby poderia estar em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa, e ele vai voltar em poucos minutos.
Só que ele não volta.

um pouco mais sobre o passado dos dois.
Digby morreu mas nos próximos capítulos terá mais sobre este assunto.
desculpem, o capítulo ficou pequeno mas recompensarei.
vou postar capítulo sexta e no sábado para vocês pois não postarei nem no domingo e segunda.
me digam o que acharam nos comentários.
respostas do capítulo anterior aqui.

2 comentários:

  1. eta porra... ficou maravilhoso, já sinto a tristeza dela... continua, ta? ❤

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  2. Fico muito feliz que tenha gostado amor.
    Vou postar mais hoje.
    Beijos, Jessie.

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