24/04/2017

heartbeat: capítulo 42


Finais bem-vindos e novos começos

O sol matutino dançava pelo rosto de Noah enquanto Demi fitava os seus olhos sonolentos. Depois da amamentação e de vigorosos arrotos, ele parecia beatificamente satisfeito, enroscado ao seu lado na cama. Demi passou os dedos pelos cabelos macios como algodão-doce. Ele se remexeu um pouco com a carícia dela e um calor se irradiou pelo corpo de Demi, acomodando-se em seu coração. Ela absorvia cada detalhe do seu precioso anjinho.
Baixando o rosto em direção à bochecha gordinha, Demi inalou seu glorioso aroma, desejando gravá-lo a fogo na memória. Ele recendia à doçura das flores, mas também tinha um aroma todo seu. Demi sorriu, segurando-o mais próximo. Encostou o dedo mínimo em sua mão minúscula e se maravilhou quando ele o envolveu com seus dedinhos. Os primeiros dias com ele em casa estavam sendo, ao mesmo tempo, os mais exaustivos e os mais lindos da sua vida. Desnecessário dizer que havia se apaixonado perdidamente por Noah e que se entregara ao papel de mãe com mais facilidade do que esperara. Ela não o deixara cair jamais o faria – e sempre soubera quanto de pomada deveria passar. Enquanto Demi observava aquela bênção adormecer pacificamente, a outra bênção entrou no quarto, o sorriso luminoso como nunca.
– Ele desmaiou – sussurrou Joseph. Enfiou-se debaixo dos lençóis com Noah e Demi, fazendo um sanduíche do bebê. – Precisa arranjar um emprego logo. Estou ficando cansado de tanta preguiça.
Radiante, Demi traçou pequenos círculos ao redor da minúscula boca de Noah.
– É, né? Imaginei que ele fosse ser ético no trabalho. Mas isso? Isso é ridículo.
Rindo, Joseph levou a mão ao rosto de Demi.
– Como é que você está se sentindo?
Demi inclinou o corpo em direção a ele, absorvendo o seu calor.
– Incrível.
E estava mesmo. Embora ainda dolorida devido aos grampos na barriga, não se sentia tão bem daquele jeito, física e emocionalmente, havia uma eternidade.
– Como você está se sentindo?
– Como um rei – sussurrou Joseph, inclinando o corpo cuidadosamente por cima de Noah. Deu um beijo suave em Demi, o coração repleto de uma alegria além de qualquer compreensão. – Estou no meu castelo, com a minha rainha e com o meu príncipe. Eu, sinceramente, tenho tudo. – Joseph olhou nos olhos dela, o fôlego roubado como sempre. – Obrigado.
Demi não conseguia acreditar que ela e Joseph haviam chegado até ali. Tudo começara de uma forma confusa e tortuosamente errada. Sentiu o estômago dar cambalhotas, transbordando de amor pelos dois homens da sua vida. Seus dois salvadores.
– Eu é que agradeço, amor. – ela o beijou outra vez, mergulhando na sensação dos lábios que amaria para sempre. – E obrigada pelo café da manhã.
Um dia eu domino a preparação de alguma coisa além de pratos queimados e comida congelada de micro-ondas. Um sorriso de espertinho se espalhou pelo rosto de Joseph e Demi se preparou para uma observação cretina.
– Não precisa. A gente vai sobreviver direitinho à base de sódio e bolo de carne tostado. – Demi revirou os olhos e Joseph riu. – E como esquecer da sua especialidade: macarrão instantâneo?
– Espere só – replicou ela, dando um tapinha brincalhão em seu braço. – Vou fazer aulas de culinária e arrancar a lasanha medíocre da sua mãe da lembrança.
Joseph ergueu uma das sobrancelhas, incrédulo, o sorriso cretino faiscando com todos os megawatts possíveis.
– Medíocre? Vou adorar ver você tentar.
Demi desceu da cama e, com as mãos na cintura, inclinou a cabeça para o lado:
– Isso é um desafio, Jonas?
– O maior da sua vida, docinho. – Joseph pegou Noah, que começava a se mexer, e olhou para aquela trouxinha. – Sua mãe pirou de vez, moleque. Acha que vai aprender a alimentar você e a me alimentar melhor do que a sua avó consegue.
Com os olhos arregalados, Demi bufou.
– Só por causa disso, a única coisa que você vai ver é o meu macarrão. – sorrindo, balançou o dedo para Joseph. – O Noah vai comer bem, mas você? Você, não. Bolo de carne queimado pelo resto da vida. Espero que esteja satisfeito. – Joseph deixou escapar uma risada sonora e rouca enquanto Demi atirava os cabelos para o lado e franzia os lábios num gesto vingativo, soprando-lhe um beijo nada amoroso. Joseph ficou feliz por ela não ter lhe mostrado o dedo do meio. – Preciso me arrumar antes de a turma chegar. Tem bolo de carne frio, crocante e queimado na geladeira se você sentir fome.
Então, ela desapareceu banheiro adentro.
– Você sabe o que uma Demi zangada faz comigo! – gritou Joseph, rindo e acariciando as costas de Noah.
Apesar de abafadas pelas portas fechadas, as palavras dela soaram bem alto no mesmo instante em que tocou a campainha.
– Ótimo. Espero que o seu saco vire pedra.
– Ai. – segurando um Noah semiacordado nos braços, Joseph se levantou e seguiu pelo corredor. – Ela é louca, amiguinho. – ele beijou o filho. – Mas tem poderes mágicos. De alguma forma, vai fazer você agir como um idiota completo perto dela.
– Me dê o Noah – guinchou Selena quando Joseph abriu a porta, com os braços abertos, exultante.
– Como assim? – perguntou Joseph. Sorrindo, ele balançou a cabeça. – Eu não valho mais nada?
Trevor bateu no ombro de Joseph.
– Você está carente demais. Vai se acostumando, cara.
Kevin soltou uma gargalhada e foi entrando na cobertura.
– Vou ter que concordar com ele.
Animada, Denise deu uma beijoca na bochecha de Joseph e arrancou Noah dos seus braços.
– É claro que você ainda vale alguma coisa, meu bem. – ajeitou o neto nos braços e o sapecou de beijos. Com os olhos cheios de alegria, olhou para Selena. – A vovó primeiro, Sel. Sinto muito.
Joseph riu enquanto Selena fechava a cara, vendo a mãe dançar até o sofá. Choveram inúmeros beijos implacáveis sobre o mais novo membro da família. Selena suspirou, mas isso não a impediu de tomar as mãozinhas de Timothy e de Alena para afundar no sofá ao lado de Denise. Sob circunstâncias normais, Joseph imaginava que a mãe teria considerado a proximidade de Olivia uma invasão de seu espaço pessoal. No entanto, as duas mulheres estavam ocupadas demais em paparicar Noah para reclamar.
Depois de pousar na bancada uma enorme bandeja de prata com comida, Danielle abraçou Joseph.
– Ah, eu ainda te amo.
– Obrigada, Dani – agradeceu Joseph enquanto ela se juntava aos familiares no sofá que não paravam de fazer ooh e aah para o bebê.
Vencido pela curiosidade, Joseph levantou a tampa da bandeja e deu com a lasanha da mãe. Não havia dúvida de que Demi se divertiria com aquilo.
– A lasanha da mamãe. – Paul farejou o ar acima da bandeja. – Ela fez para mim no nosso terceiro encontro e foi então que eu me apaixonei por ela.
Joseph riu.
– Você está brincando?
– Bem, digamos que foi o que fechou o negócio. – Paul sorriu, orgulhoso. – Vou lá bancar o avô com a minha amada fazedora de lasanhas.
Com os braços cruzados, Joseph se apoiou na bancada da cozinha, admirando todo mundo babar por causa de Noah. Sentiu-se aquecido por dentro ao absorver aquela cena. O pai estava certo: família era tudo.
– Onde está a sua outra metade? – provocou Kevin, puxando uma banqueta, assim como Trevor. – E como é que ela está se sentindo?
– Está no chuveiro – respondeu Joseph. – E parece estar bem.
– E o que você acha de ela querer que eu o acompanhe hoje? – Trevor deu um sorriso cretino e arrancou os óculos do rosto. Olhando para Joseph, limpou-os com a barra da camisa. – Eu sou meio que o seu guarda-costas, caso dê alguma merda.
Joseph ergueu a sobrancelha, achando a situação cômica.
– Não comece a se achar o máximo, cara. Eu vou levar você porque a Demi insistiu. Não preciso de você por lá. Na verdade, o Alex tem sorte de você estar indo comigo. – Joseph foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água. Depois de tomar um gole, balançou a cabeça. – Se ele sair da linha, nem você nem ninguém vai ser capaz de impedir que eu termine o que comecei há meses.
– Tome cuidado, rapazinho – avisou Kevin, fazendo um aceno com a cabeça na direção de Noah. – Pense nele se o babaca tirar você do sério. Nunca vai valer a pena ir para a cadeia por causa do Alex.
Joseph olhou para Noah. Não havia como negar que Kevin estava certo. Começou a achar que era uma boa ideia mandar que os advogados enviassem uma carta no nome dos dois, notificando a Alex que Joseph era o pai. A princípio, tinha pensado em dar um simples telefonema. Ele realmente ligara para Alex, mas apenas para mentir sobre a consulta seguinte de Demi. Porém, no fundo Joseph queria, aliás, precisava ver o rosto de Alex quando recebesse a notícia. Desejava se vingar de tudo aquilo que ele os fizera passar. Chegara a hora da retribuição e Joseph só queria dar o troco.
Dirigiu-se ao quarto para ver se Demi tinha terminado o banho. Encontrou-a no banheiro, secando os cabelos. Fitou-a por um longo instante, quase se arrependendo de ter ido contra o desejo dela, mas imagens do inferno que ela vivera com Alex invadiram-lhe os pensamentos, aliviando-o de qualquer parcela de culpa por fazer as coisas à sua maneira.
Respirando fundo, entrou no banheiro e se postou atrás de Demi. Olhando fixo para o seu lindo reflexo, envolveu-lhe a cintura, descansando o queixo em seu ombro.
– Estou me preparando para sair – sussurrou Joseph, detestando o olhar dela. As palavras não ditas por ela o rasgavam ao meio, porém ele não conseguiria se deter mesmo se quisesse. – Vai ficar tudo bem, Demi. Tenho que fazer isso. Por mim. Como homem. Eu preciso.
Demi não iria discutir mais o assunto. Passara os últimos dias tentando convencê-lo de que se encontrar com Alex para dar a notícia só iria piorar uma situação já insana. Embora nunca fosse entender o seu raciocínio por completo,
Demi sabia que precisava apoiar a decisão do namorado. Assentiu, fechando os olhos quando Joseph enterrou o rosto na curva do seu pescoço. Em silêncio, ela o olhou sair do banheiro. Agora, só precisava se convencer de que o que o estava permitindo iria terminar bem.
– Por que estou com uma sensação de calmaria antes da tempestade?
Joseph desviou os olhos dos números vermelhos brilhantes do mostrador do elevador.
– Por que você está dizendo isso?
Trevor deu de ombros.
– Você está calmo demais. Está me deixando nervoso pra caralho. Nunca vi você assim.
– Eu não posso estar relaxado? – questionou Joseph, erguendo uma das sobrancelhas. – Preciso seguir alguma regra?
– Não relaxado a esse ponto, cara. – Trevor passou uma das mãos pelos cabelos. – Olhe só para você.
Com as mãos enfiadas nos bolsos, encostado displicentemente na parede, Joseph deu um sorriso afetado, divertindo-se com o nervosismo de Trevor.
– Você acha que eu vou machucá-lo?
– Acho que você vai aprontar alguma.
– Claro. – Joseph riu. – O que eu vou aprontar se chama “Alex, vá se foder, eu sou o pai”.
Antes que Trevor pudesse piscar, as portas do elevador se abriram. Joseph saiu, contemplando o caos de corretores. Ele não deu importância aos olhares fuzilantes dos colegas de trabalho de Alex e ignorou sua secretária, que ficou de queixo caído, divertindo-o pela segunda vez em menos de dois minutos.
– Joseph! – ganiu ela, saltando da cadeira. Atrapalhando-se com os altíssimos saltos-agulha, ela o alcançou, arfante. – Você não pode entrar aí.
Joseph colocou a mão no ombro dela e abriu um sorriso para suavizar a expressão.
– Oi, Kimberly. Como você está?
– Eu estou bem, Joseph. – ela suspirou e acrescentou, suplicante: – Por favor, não faça isso comigo. Me mandaram chamar a polícia caso você aparecesse por aqui.
Foi a vez de Trevor de pousar a mão no ombro dela.
– Oi, Kimberly. Como você está?
Ela revirou os olhos.
– Oi, Trevor. Estou bem.
– Você não vai chamar a polícia para prender o Joseph. – ela revirou os olhos novamente e Trevor sorriu. – Sabe por quê?
Ela fincou as mãos na cintura.
– Como sabe que eu não vou chamar a polícia, Trevor?
– Porque um passarinho deste mesmíssimo escritório me ligou outro dia e contou que o Alex não só anda... adoçando você na cama dele como também tem adoçado a Priscilla Harry, da Sheller Investments, do décimo sétimo andar. Também me contaram que ele não curte a roupinha de pequena sereia que você usa tanto quanto você acredita. – Kimberly estreitou os olhos, que mais pareciam carvões em brasa, e Trevor deu de ombros calmamente. – Estou errado em achar que você quer que o Joseph entre na sala do Alex mais ou menos por agora?
Kimberly olhou para Joseph, bufando de raiva.
– Você tem cinco minutos.
– Nem um minuto a mais – garantiu Joseph, o tom suave como seda, sentindo-se um pouco mal pela garota. Virou-se para Trevor e completou: – Por que não mantém a Kimberly ocupada enquanto eu cuido dos meus assuntos? Ela está com cara de quem precisa ser consolada.
Trevor fez que sim e Joseph se dirigiu para a sala de Alex. Nem mesmo se dando ao trabalho de ver onde o babaca estava exatamente, abriu a porta e repetiu um gesto da vez anterior: trancou a porta.
E assim começava a segunda maldita partida.
Com os olhos arregalados, Alex se pôs de pé com um salto. O choque e o nervosismo em seu rosto fizeram Joseph gargalhar.
– Opa, opa! – Joseph ergueu as mãos numa falsa rendição. – Pelo visto, peguei você meio desprevenido.
– Vá se foder, Jonas! Você não pode entrar aqui dessa maneira – retrucou Alex, parecendo que estava preparado para uma briga. – Era para você ligar informando a próxima consulta da Demi. Esse foi a porra do combinado quando você deixou um recado avisando que ela não iria conseguir ir à última consulta.
Uma leve tensão se irradiou pelos nervos de Joseph enquanto ele se aproximava de Alex.
– Fique calmo, caralho. – Joseph ergueu um envelope azul e o atirou na mesa de Alex. Sorrindo, viu que ele estava com a mão sobre o telefone, de prontidão. – Eu não vim aqui para machucar você fisicamente, Alex – Joseph foi em frente, tentando segurar uma risada. – Hoje eu sou o portador de... boas notícias. Demi não vai ter mais consultas. – Joseph fez uma pausa, o sorriso ainda maior. – Bem, pelo menos não consultas pré-natais.
Ainda aparentando estar pronto para gritar por ajuda, Alex não conteve a curiosidade e abriu o envelope. Joseph não soube dizer ao certo quanto tempo Alex levou para examinar o cartão cheio de ursinhos que salientavam a chegada de Noah no dia 5 de julho. De alguma forma, no entanto, ele não se encheu de alegria como imaginara.
– Demi teve o bebê? – perguntou Alex, confuso. – Isso já faz mais de uma semana, porra. Como é que eu só estou sabendo agora? – depois de amassar o cartão, ele o atirou na lata de lixo. Dando a volta na mesa, aproximou-se de Joseph e ficou a menos de 30 centímetros de distância. Sua voz saiu gélida como uma manhã invernal de neve. – Ah, tudo bem. É só me dizer aonde eu tenho que ir e o que preciso fazer para provar que sou pai desse moleque.
Joseph não soube dizer por quanto tempo olhou fundo nos olhos escuros e sem vida de Alex. Os olhos de um homem que um dia considerara um amigo, um companheiro. Os olhos de um homem que batera na mulher que Joseph amava e venerava, sem a qual não podia viver. A outra metade da sua alma. Foi então que se deu conta de que não só estava gastando oxigênio, como desperdiçando um tempo precioso longe de duas pessoas sobre as quais nenhum merdinha do mundo deveria ter precedência. A batalha chegara ao fim e Joseph sabia que vencera de diversas maneiras, mais até do que Alex teria a sorte de um dia experimentar. Com a espada abaixada, já não tinha necessidade de ver a reação de Alex e sentia-se um babaca por ter deixado Demi e Noah.
Então, lhe entregou o envelope que continha o resultado do teste de paternidade. A expressão confusa de Alex foi a última coisa que viu ao se virar e sair do escritório. O barulho do envelope sendo aberto foi a última coisa que ouviu ao sair da vida de Alex para sempre.

que lindos eles com o noah <3
só queria ver a reação do idiota do Alex depois do resultado do exame kkkkkkk
comentem e o próximo capítulo é o penúltimo :(
bjs amores <3
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2 comentários:

  1. Amei esse capítulos estou ansiosa para o outro e mais ainda pra ver qual vai ser sua nova fic

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    Respostas
    1. vou postar o penúltimo capítulo hoje e sobre a próxima fanfic eu tenho uma ideia mas nada certo ainda, espero que gostem!
      bjs lindona, obrigada pelo o carinho <3

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