13/03/2017

heartbeat: capítulo 34


Fôlego roubado

Segurando um exemplar do New York Times e uma garrafa de água, Joseph teve seus pensamentos subitamente interrompidos pelo toque da campainha. Colocou a água na mesa de canto, levantou-se do sofá e consultou o relógio. Não estava esperando ninguém e tinha quase certeza de que Demi também não. Ao abrir a porta, se espantou ao ver Trevor no hall de entrada.

– Oi, meu irmão. – Trevor passou uma das mãos pelos cabelos. – Você tem uns minutos para conversar?
Joseph deu de ombros com certa má vontade e se virou para a cozinha.
Ouviu Trevor fechar a porta e se sentou.
Esfregando a nuca, Trevor rodeou a bancada.
– Cheguei em má hora? Parece que você vai sair.
– Demi e eu vamos jantar na casa dos meus pais – respondeu ele, com uma dureza e uma frieza que não estava disposto a esconder.
– Ah. – Trevor olhou ao redor. Suspirando fundo, voltou a encarar Joseph, seu constrangimento palpável. – Mande um alô para eles.
Joseph cruzou os braços e assentiu, perguntando-se quando Trevor chegaria ao assunto.
– Me desculpe, cara. Você estava certo. Eu deveria ter ido atrás de você. Fiz um monte de merda nessa história toda. Essa foi só a última numa longa lista de coisas que eu deveria ter feito de maneira diferente. – seu timbre grave e cavernoso soava áspero, denotando exaustão e resignação. – Eu deveria ter ficado do seu lado desde o começo, desde o momento em que você disse que precisava da Demi até o segundo em que assisti àquele babaca dar um soco em você. Não sei mais o que dizer, exceto que, se você nunca mais falar comigo, vou entender.
Vendo o amigo suar frio ao tentar fazer as pazes com ele, Joseph pensou na conversa que tivera com Demi antes de irem dormir, na noite anterior. Ela o encurralara, relembrando que, na Califórnia, ele a fizera perdoar a mãe por seus erros. Para Demi, Trevor deveria ser tratado da mesma forma. “Perdoe logo e esqueça ainda mais depressa” haviam sido suas palavras exatas. Mesmo achando que Trevor tinha piorado uma situação já ruim, mesmo ainda tendo dificuldade para lidar com o sentimento de traição, sabia que guardar mágoa não seria bom para ninguém. O amigo estava acenando com uma bandeira branca e Joseph precisava levar isso em consideração. A ameaça de Demi de lhe dar umas boas palmadas também foi um empurrãozinho. Tentando ocultar o ressentimento que ainda sentia, Joseph encarou Trevor por um instante antes de lhe estender a mão num gesto de aceitação.
Ainda trêmulo, Trevor respirou fundo e soltou o ar enquanto apertava a mão de Joseph com firmeza.
– Obrigado, meu irmão. – ele engoliu, tentando não engasgar. – Eu agradeço muito por você não desistir da nossa amizade. Significa muito para mim.
Joseph revirou os olhos, abrindo um sorriso torto.
– Já chega dessa merda sentimental. Se continuar com isso, compro uma calcinha para você.
Trevor riu. Depois de um instante, o sorriso sumiu e a expressão ficou séria.
– E aí, como é que vocês estão se virando? Parece meio barra-pesada para vocês dois.
– É. Nem eu nem a Demi estávamos esperando uma coisa dessas, mas a gente se vira.
Joseph desceu do banco e pegou uma garrafa de uísque do bar. Ergueu-a, mostrando para Trevor, que assentiu. Joseph serviu uma dose para os dois.
– Eu a amo e é só isso que importa.
– E o que os seus pais acham disso?
– Só o meu pai sabe – respondeu Joseph, virando a bebida.
Girando o gelo no copo, fitou Trevor por um segundo e pensou na reação da mãe quando lhe contassem aquela noite.
– Por isso o jantar – completou.
Trevor nem chegou a arregalar os olhos, mas Joseph percebeu o choque que ele não conseguiu esconder.
– O que acha que ela vai dizer? – perguntou Trevor.
Joseph deu de ombros. Não que não se importasse com o que a mãe pensava: só Deus sabia que ela significava tudo para ele. Mas Joseph estava concentrado principalmente em Demi e em livrá-la de qualquer preocupação nos meses seguintes. A situação já era difícil o bastante para ela. A última coisa que queria era que Demi sofresse qualquer efeito colateral do estresse. Estava rezando para que a mãe não contribuísse rejeitando Demi.
– Não sei ao certo. Vamos ver, né?
– Joseph, você viu por aí os meus sapatos pretos de salto? – ecoou a voz de Demi, vindo do corredor.
Ela surgiu na sala olhando para baixo enquanto prendia uma pulseira. Percebendo que a namorada não fazia a menor ideia de que tinham visita, Joseph pigarreou. Certificou-se de que fosse alto o bastante para chamar sua atenção. Demi ergueu a cabeça bruscamente e sufocou um grito, agarrando a toalha que mal cobria o corpo recém-saído do banho.
– Merda! Eu não sabia que ele estava aqui. – Joseph e Trevor riram. Dando meia-volta, ela disparou pelo corredor, os pés descalços batendo no mármore. – Oi, Trevor. Tchau, Trevor!
Trevor virou o resto da bebida e sorriu.
– Oi, Demi. Tchau, Demi.
Depois de colocar o copo na pia, caminhou até Joseph. Os dois amigos se cumprimentaram com um aperto de mão.
– Você é um cara bom, meu irmão. Ela sempre mereceu alguém como você. Espero que dê tudo certo. Vamos ter muito o que comemorar, se for o caso.
Joseph meneou a cabeça, engolindo o instinto perverso que lhe dizia que o oposto era mais provável. Depois de levar Trevor até a porta, foi ver como estava a mulher que Joseph esperava estar carregando o filho dele. Bateu à porta com os nós dos dedos antes de enfiar a cabeça no quarto, hesitante. Ao entrar, sentiu o perfume de jasmim de Demi, que o engolfou, instigando seu instinto masculino.
Estava travando uma difícil batalha com que não contava. Ao voltarem para casa da boate, na noite anterior, ele começara a devorar Demi e, já dentro dela, teve um estalo. Seus arquejos o deixavam ainda mais louco, mas ele fora golpeado pela constatação de que poderia machucá-la ou machucar o bebê. A possibilidade o deixara desnorteado. No meio da transa com a mulher que era a dona de seu coração, ele havia parado. Morrendo de vergonha, mentira, dizendo que não estava passando bem. Quando ela lhe aplicara uma tranquilizadora massagem para que dormisse, sentira-se o maior dos babacas.
Sentada na cama e calçando os sapatos de salto, Demi ergueu os olhos para ele e sorriu. Como sempre, Joseph quis se afogar naquele sorriso. Mordendo o lábio, sorveu o que lhe pertencia.
– Oi para você – ronronou ela.
Levantando-se, Demi andou até ele, a pele alva e macia vibrante sob a blusa de seda preta de decote canoa. Joseph olhou fixamente para seus quadris mexendo-se com graciosidade por baixo da saia cinza de sarja que lhe batia nos joelhos. Com um brilho sedutor nos olhos, ela lhe enlaçou o pescoço.
– Você está tão comível...
– Não tão comível quanto você – retrucou Joseph, tentando fazer com que o pau duro descesse.
– Bem – sussurrou ela, coquete, levando os lábios ao ouvido dele. – A gente pode comer a sobremesa um pouco mais cedo e terminar o que não conseguiu completar ontem à noite. Se não me engano, tem chantilly na geladeira. Minha maquiagem já está pronta. É só eu prender os cabelos e tomar outro banho se você não conseguir... lamber tudo do meu corpo.
E começa a batalha. Joseph pigarreou e deu um passo atrás. Nervoso, passou a mão pelos cabelos e abriu a porta do armário.
– A gente tem que ir logo – disse ele, numa voz rouca e forçada, a mentira amarga em sua língua.
Levemente surpresa, considerando que ele tinha acabado de olhá-la como se estivesse prestes a jogá-la na cama, Demi suspirou. Consultando o relógio, fez beicinho.
– A gente ainda tem duas horas e meia até o horário combinado, Joseph. Dá mais do que tempo. Podemos pular o chantilly e ir direto ao assunto. Estou precisando queimar um pouco da ansiedade causada por esta noite. 
Merda. Ele já tinha brincado de “vamos ver se a gente consegue cobrir cada centímetro do corpo de Demi com chantilly ”. Só de pensar nisso, sentiu uma pressão insuportável nas partes íntimas. Uma Demi ansiosa em cima dele, querendo se livrar do estresse, colocava no chinelo vinte mulheres lindas e nuas numa boate de strippers.
Pense, filho da puta, pense.
– Minha mãe ligou e disse que o jantar vai ser servido mais cedo. A gente tem que sair... agora. Pegue o casaco, encontro você na porta.
Joseph pegou um par de sapatos sociais e se sentou na cama, envergonhado, enquanto o beicinho de Demi só fazia crescer. Após revirar os belos olhos e cruzar os braços por cima dos deliciosos seios, ela se virou e saiu do quarto. O peito de Joseph doía com um desejo profundo, o coração ficando mais e mais pesado a cada segundo. Calçou os sapatos e ficou de pé, caminhando até o espelho. Ajeitando a gravata e sentindo-se enjoado, encarou o próprio reflexo.
– Você é um merda – murmurou.
Com um suspiro, tirou as chaves do bolso, esperando que a viagem de carro não fosse tão desconfortável como seria a noite.
Uma hora e uma viagem não tão desconfortável mais tarde, Joseph embicou na estrada de acesso de seu oásis de infância. Localizada logo na saída da cidade, a grandiosa casa em estilo Tudor ficava à beira do lago Sheldrake, nos luxuriantes morros de Croton-on-Hudson, Nova York. Era um dos poucos lugares onde Joseph sempre se sentia em paz. No entanto, enquanto o brilho carmim do céu começava a desaparecer lentamente, transformando-se em escuridão, Joseph não estava muito certo de que a noite lhe traria muita paz. Quando Demi saiu do carro e tomou sua mão, percebeu que o astral dela havia mudado. O coração afundou como uma pedra no momento em que a envolveu nos braços, embalando-a de forma protetora de encontro ao peito. O corpo dela estremeceu com aquele medo que, infelizmente, Joseph já passara a reconhecer com facilidade.
– Juro que tudo vai ficar bem, meu amor – sussurrou ele, beijando-lhe a cabeça. A promessa saiu de modo tão instintivo quanto o amor que sentia por ela.
– Espero que sim – respondeu Demi debilmente, com lágrimas nos olhos. – Vou ficar arrasada se o relacionamento com a sua mãe for prejudicado por isso.
– Não quero que você se preocupe – disse ele, traçando oitos na base da coluna dela. – Vai ficar tudo bem com a minha mãe. Meu pai sabe dobrá-la: já são mais de trinta anos de casamento, né?
Demi assentiu sem muita convicção, tentando acreditar no que ele dizia.
Respirou fundo e entrelaçou os dedos nos dele ao começarem a subir os degraus de pedra que conduziam à porta da frente.
Joseph parou, percebendo que ela ainda estava mal.
– Jogo das vinte perguntas.
– Agora? – perguntou Demi, confusa.
– É, agora. Você está precisando. – Joseph puxou-a para perto. – Quando você terminar, não vai estar pensando em mais nada relacionado à minha mãe.
Demi balançou a cabeça e deu uma risadinha.
– Ah, não tenho a menor dúvida de que você vai me fazer pensar em outra coisa. Vá em frente. Sei que é você quem começa.
Joseph já sabia a reposta para a sua primeira pergunta, pois Demi sempre estava com o rosto enfiado em um.
– Livros ou filmes?
Demi revirou os olhos.
– O que acha?
– Não tenho a menor ideia. – Joseph deu de ombros, fazendo-se de idiota para sua rata de biblioteca sexy. – É por isso que estou perguntando.
– Livros. – Demi suspirou. – Você não é tão observador quanto eu achava.
Joseph riu.
– Tudo depende do que eu estou observando. – Joseph gostava de vê-la um tanto irritada. Ele definitivamente afastara sua atenção da situação com a mãe. – Sua vez.
– Bond ou Bourne?
– Está se referindo a James e a Jason?
– Você é rápido.
– Ninguém é mais rápido que eu, meu doce. – Joseph roçou os lábios nos dela. – É claro que eu sou um admirador de James Bond. Lembra-se daquela vez na varanda?
– Não tenho a menor ideia do que você está falando – respondeu Demi, franzindo a testa.
– Pelo visto você não é tão observadora quanto eu pensava. – Demi ficou olhando para ele com uma expressão perdida e Joseph aproveitou a oportunidade para revirar os olhos de maneira dramática. – Na noite em que a gente brincou de atirar tampinhas de cerveja na minha varanda. Você saiu e eu a assustei. Eu disse: “Joseph. Joseph Jonas.”
– Ai, meu Deus. – Demi riu e o abraçou. – Só que o James Bond fala o sobrenome primeiro. – Demi impostou a voz, acrescentando um sotaque inglês:
– “Bond. James Bond.”
Sua rata de biblioteca sexy tinha razão.
– Está certo. Você venceu. Mas, ainda assim, foi meio 007.
Ainda mantendo o sotaque inglês, Demi concordou:
– Foi, foi, sim. Mais ou menos. Vá em frente, Jonas, Joseph Jonas. É a sua vez.
Sorrindo, ele balançou a cabeça.
– Granito ou mármore?
– Humm... Granito?
– Por que a sua resposta mais pareceu uma pergunta?
– Não sei. – Demi deu de ombros. Ultimamente, ele vinha demonstrando uma estranha fascinação com esse tipo de pergunta. Imaginou que apenas estivesse animado com as revistas de arquitetura. – Não costumo ficar pensando em coisas desse tipo.
Joseph a beijou e Demi estremeceu, mas não por causa dele: estava ficando com frio.
– E nem eu esperaria que pensasse. Vamos. Vamos entrar agora.
Ela assentiu.
Confiante de que Demi não estava mais preocupada com a mãe dele, Joseph girou a maçaneta e encontrou a porta trancada, então tocou a campainha. Com um sorriso genuíno e afetuoso, o pai de Joseph abriu a porta. Apertou a mão de Joseph e puxou Demi para um abraço. Olhando de relance para o relógio, Paul fechou a porta.
– Vocês chegaram cedo. Sua mãe ainda está no mercado comprando umas coisas para o jantar.
Joseph olhou para Demi, que estava confusa e se dava conta de que ele aprontava alguma. Ela examinava o seu rosto atentamente enquanto buscava respostas que ele não estava pronto para lhe dar. Voltou a encarar o pai, sentindo-se idiota por ter sido pego na mentira. Ajudou Demi a tirar o casaco e explicou:
– Quando falei com ela, mais cedo, eu podia jurar que ela tinha dito cinco.
– Não: sete e quinze. – Paul pegou os casacos de Demi e Joseph e os pendurou no armário do foyer. – Audição ruim na sua idade é sinal de excesso de trabalho. Você e o seu irmão estão precisando de férias.
Joseph cruzou os braços.
– Paizão, acabei de voltar de férias. Estou bem. Sério.
Paul deu de ombros e respondeu com um tom despreocupado:
– Ora, mais férias não podem fazer mal. Você é jovem. Divirta-se. – conduzindo-os ao escritório, deu um tapinha nas costas de Joseph e soltou uma sonora gargalhada. – Só não fale para a sua mãe que eu disse isso.
Joseph sorriu, despencando no sofá de chenile com Demi.
– Ela proibiria você de assistir CSI se soubesse que está querendo que eu perca trabalho.
– Ela faria coisa pior, mas prefiro não entrar em detalhes. – ele juntou as mãos e olhou para Demi. – Eu sei que você não pode beber nada alcoólico, mas eu posso lhe oferecer outra coisa? Temos chá gelado com framboesa, água e alguns sucos.
– Eu fico com a água, Sr. Jonas. Obrigada.
Com um afetuoso brilho nos olhos, ele sorriu.
– Agora você faz parte da nossa família, então eu insisto que não me chame de Sr. Jonas. Meus filhos, e inclusive a minha nora, costumam me chamar de “paizão”. Você não é diferente. Está bem?
Diante da aceitação, Demi sentiu um calor se espalhar por seu peito.
Naquele momento, percebeu a quem Joseph puxara os modos encantadores e o carisma natos.
– Tudo bem. Eu fico com a água, paizão. – a palavra provocou uma sensação estranha ao deixar os seus lábios.
Ele piscou e foi para a cozinha.
– Muito bem, vou começar a preparar os petiscos. Filho, uma garrafa de Sam Adams gelada?
– Claro. Está ótimo – respondeu Joseph enquanto o pai desaparecia de vista.
Deslizando a mão de Demi para cima do colo, afastou os cabelos dela do pescoço e se aproximou do seu ouvido. – Você está linda.
Encarando-a, ela ergueu uma das sobrancelhas.
– Ah, estou mesmo? Eu não imaginava isso, considerando que você não quis nada comigo mais cedo. – ele mordeu o lábio inferior, os vibrantes olhos verdes revelando mais do que deviam. Por um segundo, o coração dela despencou, as palavras jorrando mais rápidas do que ela própria conseguia compreender. – Marquei hora numa academia perto de casa com um instrutor que ajuda mulheres grávidas a ficarem em forma. Não vou engordar muito.
Joseph recuou.
– Você acha que tem a ver com o seu peso?
– Eu já engordei uns quilinhos. O que mais você quer que eu pense? Você nunca recusou sexo comigo, Joseph. Meus hormônios estão enfurecidos neste momento e os seus... bem, os seus não costumam ser muito melhores do que os de um adolescente. Você disse que estava passando mal ontem à noite e, antes disso, simplesmente... não queria transar. Admita que está me achando brochante. – Demi baixou os olhos. – Ah, e parabéns por inventar que a gente tinha que chegar aqui mais cedo.
Joseph tomou o rosto dela entre as mãos, fitando os seus olhos preocupados.
– Meu Deus, eu nunca poderia achar você brochante, Demi. Eu estou tendo que me controlar para não levantar sua saia e me enfiar tão fundo dentro de você que nenhum dos dois iria saber onde um começa e o outro termina. Sexo com você é uma droga e eu sou um viciado. Mas, puta merda, se você não é o vício mais doce que uma pessoa pode ter.
– Então o que é?
Tentou afastar a imagem que ele evocara. Estava prestes a levantar a saia e deixar que ela a invadisse. Fechou os olhos com força. O fato de Joseph estar segurando o rosto dela tão próximo do dele não ajudava em nada a situação hormonal. Nem. Um. Pouquinho.
Joseph hesitou, mas acrescentou em voz baixa:
– Eu tenho... medo de machucar você e o bebê.
Demi abriu os olhos.
– O quê? A gente transou nas últimas duas semanas. Você não estava preocupado.
– Eu sei. Mas ver o bebê ontem, no ultrassom, de alguma forma tornou tudo mais... real. – suspirando, ele se recostou no sofá. – Vou acabar machucando você. É impossível, considerando a forma que nós transamos. Somos animais.
Demi segurou o queixo dele, fazendo-o encará-la.
– Em primeiro lugar, eu gosto quando você me machuca – sussurrou ela, arqueando as sobrancelhas. – E, sinceramente, você espera que eu acredite que um homem com o seu grau de instrução possa ser tão ingênuo com relação ao corpo de uma mulher, estando ela grávida ou não? Você não pode me machucar nem machucar o bebê. Casais vêm transando há bilhões de anos durante a gravidez.
Joseph deu um sorriso afetado, passando a mão pelos cabelos.
– Quando é permitido, é claro que eu gosto de... prazerosamente machucar você. É verdade, você pode esperar que eu seja um pouco ingênuo com relação ao corpo de uma mulher grávida. A palavra-chave aqui é grávida. Para encerrar esta conversa, Srta. Lovato, devo acrescentar – ele se aproximou do ouvido dela – que nunca, em um bilhão de anos, casal algum trepou igual a nós. Nós quebramos recordes. Logo, tenho medo de machucar você.
Com o corpo em chamas, Demi deu um suspiro profundo e umedeceu os lábios. A língua formigava de desejo de percorrer a parte inferior do abdômen de Joseph.
– Joseph...
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a porta da frente se escancarou. Equilibrando três sacolas de papel cheias, Denise Jonas fechou a porta com o pé. Sacudiu a cabeça, tentando livrar os cabelos pretos dos flocos de neve.
Joseph se colocou de pé com um salto, quase tropeçando na mesa de centro ao correr em direção à mãe, que estava prestes a deixar as sacolas caírem no chão de ladrilhos. Tomando as sacolas dos braços dela, tascou um beijo em sua bochecha.
– Oi, mãe. Começou a nevar?
Radiante, ela passou a mão pelos cabelos dele.
– Começou. E forte. – com um suspiro, fitou Joseph, os olhos cheios de um amor do qual só uma mãe era capaz. – Meu bebê, eu estava com saudades. Da próxima vez que decidir tirar férias de duas semanas, será que podia pensar em ligar para a mulher que o colocou no mundo?
Rindo, Joseph balançou a cabeça.
– Mãe, eu tenho 28 anos, sou dono de um negócio muito bem-sucedido e a minha namorada está sentada no sofá. Você está fazendo o meu fator-desmaio despencar a cada segundo.
Demi andou até eles. Também passando as mãos pelos cabelos dele, ergueu uma das sobrancelhas, a expressão divertida.
– Ah, mas essa afirmação não poderia estar mais distante da verdade.
– O quê? – questionou Joseph, incrédulo, com um brilho predador no olhar. – Como assim?
– Porque qualquer garota ajuizada sabe que um homem ganha pontos dignos de desmaio por amar a mãe – respondeu Denise com um sorriso reluzente. – Não é verdade, Demi?
– Foi exatamente o que eu quis dizer – concordou Demi.
Joseph inclinou a cabeça para o lado.
– Bem, se esse é o caso, só para você saber, Demi, eu pedi a minha querida mãe em casamento uma vez.
– É verdade, quando ele tinha 3 anos – gorjeou Denise, tirando a bolsa do ombro. Colocando-a sobre uma mesa de vidro na entrada da casa, deu um sorriso cativante para Joseph e segurou o seu rosto. – Eu lembro como se fosse ontem. Ele ganhou um anel de noivado de plástico de uma daquelas máquinas de chiclete, e ali mesmo, no supermercado, se ajoelhou e me pediu em casamento.
Demi riu, olhando-o ganhar o mais lindo tom de carmesim.
– É. Meu fator-desmaio acaba de despencar algumas centenas de pontos – confirmou ele, dando o seu sorriso travesso de menino enquanto se dirigia à cozinha. – Estou indo embora, senhoritas.
Denise soltou uma gargalhada e puxou Demi para um carinhoso abraço.
– Então, como tem passado? – ela desenrolou seu cachecol creme e o deixou cair sobre a mesa. Depois de despir um pesado casaco de pele e de pendurá-lo no armário, virou-se para Demi. – Já faz tempo e muita coisa aconteceu. Espero que você esteja bem.
Sem saber ao certo quanto Denise sabia do que havia acontecido entre ela, Joseph e Alex, Demi apenas assentiu.
– Eu estou bem melhor, obrigada. Como a senhora está?
– Bem. Tenho ficado ocupada com o desenvolvimento da organização. Estamos tentando entrar em Nova Jersey. E parece que vai ser possível, aliás – disse ela, animada, passando o braço pelo de Demi e a conduzindo até a cozinha.
– Vamos ver se os nossos homens estão tentando incendiar a casa.
Mais uma vez sentindo uma torrente de carinho e acolhimento, Demi percebeu como a criação dela e a de Joseph haviam sido diferentes. Enquanto ela fora privada de uma figura paterna, Joseph fora criado por um homem forte que confiava que o bem prevaleceria sobre qualquer situação ruim. Apesar de a mãe de Demi ter sido o mais presente possível, Denise ficara em casa com os meninos até entrarem para o ensino médio. É claro que a situação de Denise era diferente, pois se casara com um homem honesto e carinhoso, porém, mesmo nos momentos mais duros, travando a sua batalha contra o câncer de mama, sempre tentara manter certo grau de normalidade em sua casa. Duas luzes coloridas muito diferentes em lados opostos do espectro da vida. Agora, tudo de que Demi precisava era acreditar era que ela e Joseph tinham sido unidos por um motivo, que esperava ser o foco principal da conversa do jantar.
Tão logo entraram na cozinha, elas ficaram satisfeitas ao ver que ninguém estava prestes a incendiar a casa. Pai e filho haviam guardado as compras e começado a misturar, grelhar e assar algo de aroma delicioso.
– Jamais os deixe pensar que não é possível treiná-los – sussurrou Denise, o sorriso tão contagiante quanto o de Joseph. – Na verdade, é muito fácil.
– Eu vou manter isso em mente – disse Demi, incapaz de conter uma risadinha.
Virando-se com uma frigideira na mão, Joseph encarou Demi. Sorridente, fez um movimento de pulso, fazendo saltar algo que parecia ser massa da maneira que um chef treinado faria.
– Sou muito talentoso, né? – perguntou ele, pegando a garrafa de cerveja gelada da bancada.
Depois de dar um gole, tentou se exibir novamente, mas deixou cair metade do macarrão no chão. A cozinha ficou coberta de molho marinara de uma ponta a outra.
Joseph revirou os olhos, meio rindo, meio grunhindo. Desnecessário dizer que era o único que grunhia, pois os pais e Demi já gargalhavam. Depois de várias toalhas de papel úmidas, produtos de limpeza e um esfregão, a tentativa fracassada do Sr. Exibidinho ficou no passado. Dali a meia hora, Denise tinha tudo sob controle.
Os quatro se sentaram na sala de jantar para uma saudável refeição caseira de salada, berinjela à parmegiana, pão italiano e, graças a Joseph, uma minúscula porção de macarrão. Demi relaxou um pouco, apreciando a conversa enquanto podia. Sabia que a notícia que tinham para dar logo poria fim à tranquilidade. Descobriu que Paul e Denise haviam se conhecido na faculdade de direito de Harvard. Não fora bem uma história típica de “amor à primeira vista”, mas Demi soube de onde Joseph tinha tirado a tendência a perseguir implacavelmente o que desejava. Paul perseguira Denise durante dois semestres, insistindo ser o homem ideal, até ela enfim concordar em sair com ele. Demi riu por dentro, pensando em como o filho se parecia com o pai. Para surpresa dos dois, Denise descobriu que estava grávida de Kevin no ano seguinte. Concordaram que ela se afastaria da faculdade por um tempo, para ficar em casa e criá-lo. Em meio a um casamento celebrado às pressas, outro bebê, uma hipoteca, um cachorro e treinos da liga infantil de beisebol, Denise nunca mais voltou aos estudos. No entanto, enquanto Demi ouvia a história de vida dos dois, não detectou um pingo de arrependimento. Em vez disso, toda uma vida de amor e lembranças transparecia em cada palavra, sorriso e gargalhada.
Depois de tirarem o que restara do jantar, os pais foram pegar a sobremesa. Enquanto esperava, Joseph não pôde deixar de ouvir o calcanhar de Demi batendo no chão de madeira com pancadas implacáveis. O som ecoou como gotas de chuva numa janela de vidro. Meu Deus, ele odiava vê-la tão nervosa. Aquilo machucava seu coração.
Antes que pudesse acalmá-la, seu pai trouxe um bule de café recém-passado, acompanhado pela esposa, que carregava uma torta de maçã caseira. Denise cortou a sobremesa saída do forno e serviu uma fatia para cada um.
Olhando para o pai do outro lado da mesa, Joseph percebeu que ele também estava nervoso: a palidez e a inquietação diziam tudo. Joseph não conseguiu nem mesmo fingir um sorriso ao virar o resto da cerveja com um longo gole. Seus nervos estavam à flor de pele, mas ele sabia que era preciso dar início à maldita conversa. A voz, no entanto, se embaraçou em seus pensamentos agitados, as palavras grudando na língua como melado.
O pai o encarou mais uma vez, assentindo, e pigarreou.
– Denise, o Joseph e a Demi têm uma... notícia que desejam compartilhar. – ele fitou o filho com tal solenidade que Joseph desejou ir embora e levar Demi o mais longe possível, para um lugar onde ninguém jamais os encontraria. – Vá em frente, filho. Conte à sua mãe o que está acontecendo.
Tomando a mão de Demi, Joseph se virou para ela e deu um beijo suave em seus lábios trêmulos.
– Eu te amo. – ele se afastou, perscrutando o rosto dela.
– Eu também te amo – disse ela, em voz baixa.
– O que está acontecendo, Joseph? – perguntou Denise, com a testa franzida de uma mãe questionadora.
Após um momento de hesitação, a confissão:
– Mãe, a Demi está grávida e... o bebê pode não ser meu.
O rosto de Denise exibiu a mais pura expressão de choque. Ela empalideceu e ficou de queixo caído. Seus olhos verde-vivos foram sombreados como por um manto. Ela encarou Demi, desconfiada.
– Você está com o meu filho, mas talvez vá ter um filho de outra pessoa? – afastando o prato, ela se recostou na cadeira, levando a mão ao peito. – Creio que minha impressão a seu respeito tenha estado incorreta, Demi. Confundi você com uma mulher que seria fiel ao meu filho.
Demi abriu a boca, mas não conseguiu escolher as palavras dentre os milhares que voavam por sua mente dispersa.
– Ora, Denise, espere aí. Ela tem sido fiel ao Joseph. Há mais nessa história do que você imagina – afirmou Paul, balançando a cabeça. – Ouça o que eles têm a dizer um instante.
Denise inspirou fundo, indignada, fuzilando o marido com os olhos.
– Você sabia e não me contou? – ela fitou Joseph. – Por que me deixaram no escuro?
Joseph apoiou o cotovelo na mesa.
– Porque imaginei que você fosse ter exatamente esse tipo de reação. Você vai deixar a gente explicar? Senão, a gente vai embora neste instante. 
Um silêncio tenso tomou conta do aposento antes de Denise piscar os cílios pesadamente pintados com rímel e assentir. Como se pudesse se transformar numa estátua caso encarasse Demi, ela se concentrou exclusivamente em Joseph.
– O que foi que aconteceu? – indagou ela, a voz mais branda, arqueando as sobrancelhas.
Demi a fitava, atingida pela profundidade da raiva e da tristeza que nublava seu rosto. Sentiu-se mal e, naquele momento, jurava que não chegaria ao final da conversa sem vomitar. Com a boca entreaberta, ergueu os olhos marejados para Joseph, esperando que ele respondesse.
– Demi e eu transamos depois que ela e o Alex terminaram da primeira vez.
– Esse é o mesmo Alex de quem você é amigo? – interrompeu Denise. – Seu corretor?
– O mesmo homem de quem eu era amigo. Ele não é mais meu corretor.
– Bem, como é que uma coisa dessas pôde acontecer, Joseph? Me parece que nada disso terminou muito bem. – Denise olhou para Paul, mortificada. – Criamos os nossos filhos para roubarem as namoradas dos amigos?
Paul ergueu uma das sobrancelhas e respondeu, com um tom decidido:
– Não. Mas também não os criamos para desistirem de algo no qual acreditam.
– A que custo, Paul? – perguntou ela, parecendo perplexa. – Desde quando roubar a namorada de um amigo se tornou normal?
– Ele não me roubou – Demi se pronunciou, baixinho.
Olhou para as próprias mãos, entrelaçadas com as de Joseph sobre o colo. Enquanto as lembranças a atiravam de volta ao primeiro segundo em que vira Joseph, não foi capaz de esconder um esboço de sorriso. Então, fitou o namorado com um olhar carinhoso.
– Bem, ele realmente roubou o meu coração. Mas, quando isso aconteceu... o seu filho nem estava ciente de que o tinha feito.
Com um discreto sorriso que combinava com o dela, Joseph pousou a mão sobre a face de Demi, o coração afundando ainda mais no peito. Ainda não conseguia acreditar que ela era sua. Depois de um momento, baixou a mão, respirou fundo e olhou para a mãe. Ela lhe pareceu mais confusa do que antes.
– A verdade é que o nosso amor não tem mais volta. Chega a ser assustador. Nós só tínhamos alguns detalhes para ajustar. Não, na opinião de algumas pessoas, a forma como começamos a namorar não foi correta, mas eu não me importo. E tenho certeza de que a mulher sentada ao meu lado também não. Estamos apaixonados. É um amor profundo e doentio, do tipo que aparece nos filmes. Encaramos o medo e o mandamos dar o fora. Talvez esse bebê não seja meu, mas, mesmo que não seja... é, sim. É um pedaço da Demi, mãe, e não existe um pedaço do seu filho que seria capaz de não amá-lo. Não existe um pedaço do seu filho que não conseguiria amá-la.
Enquanto as lágrimas encharcavam os cílios de Demi, ela notou uma lágrima deslizar pelo rosto de Denise e cair sobre a toalha de mesa de linho branca. Engolindo em seco, viu Denise ficar de pé, os olhos amendoados passando dela para Joseph.
– Não creio que possa apoiar esse relacionamento – disse ela, engasgando, a testa franzida. – Eu simplesmente...
Denise passou os dedos longos e delicados pelo pescoço. Olhou para Paul, que deixou escapar um suspiro pesado de derrota, estendendo a mão para apertar a dela. Denise se virou e deixou a sala, os soluços ecoando pela casa até se transformarem em sussurros ininteligíveis com o fechar de uma porta.
Incapaz de testemunhar a dor que levara àquela família, outrora sólida, Demi se levantou da cadeira de maneira desajeitada, o coração se partindo um milhão de vezes enquanto continha um soluço. Ela se dirigiu à porta da frente, mas Joseph lhe segurou o braço e afastou os cabelos do rosto dela.
– Espere! Demi, me ouça...
– Não, me ouça você, Joseph. – ela tomou o rosto dele nas mãos, respirando com sofreguidão. – Você me disse que quase pegou o telefone para me ligar quando eu o deixei, não foi?
Com o olhar confuso e preocupado, Joseph examinou o rosto dela.
– Foi. Mas o que isso tem a ver?
– Eu me odiei porque, a cada vez que olhava para o meu telefone, queria desesperadamente ligar para você, para dizer quanto eu sentia por não acreditar em você, só que eu não conseguia. Alguma coisa me impedia. Você também me falou que quase entrou no carro e foi até o meu apartamento, mas não foi. Eu fiz o mesmo. Peguei um táxi e mandei que ele me levasse ao seu prédio. Fiquei do lado de fora, olhando para cima, me perguntando o que você estaria fazendo, com medo de você estar com alguém. Eu queria muito ver você. Meu coração estava partido, aos pedaços, Joseph. Durante a nossa separação, eu sentia dor. Não acreditava que esse tipo de dor existisse. Foi completamente diferente do que eu
senti quando perdi a minha mãe. Doía ainda mais fundo. Mas eu não conseguia entrar naquele elevador e ir até você, apesar de não querer o Alex. Eu queria você.
– Demi, pare. – Joseph a segurou com força pela cintura, puxando-a de encontro ao peito. – Por que está falando tudo isso?
– Porque dizem que o fôlego é roubado durante um beijo apaixonado. Isso não é verdade, Joseph, porque eu literalmente não consigo respirar antes de os seus lábios tocarem os meus. Eu tento, mas não é possível. Não consigo raciocinar quando você olha para mim. Você deixa a minha mente vazia. É lindo e me consome. É mágico e tudo o que uma mulher deve sentir. Dizem que você está apaixonado de verdade se sua pele formiga com o toque da outra pessoa. A minha formiga no momento em que ouço a sua voz, não é necessário que você me toque. Eu o sinto quando você não está perto de mim. Sinto você nos meus sonhos. Até quando estava a 2 mil quilômetros de distância.
Ela fez uma pausa e prosseguiu:
– Você me assustou no momento em que eu o vi pela primeira vez e acho que foi porque eu soube, eu simplesmente soube, que ia me apaixonar por você. Eu não sabia que nossos mundos já estavam entrelaçados, mas o meu coração, de alguma forma, soube que pertencia a você desde o início. Eu não acreditava que pudesse sentir uma dor tão profunda enquanto estávamos separados, mas também não acreditava que um amor como o nosso existisse. Você me mostrou que existe. Você me mostrou o bom quando havia o ruim. Você me deu um prazer maior do que toda a minha dor. Você me deu vida quando eu pensei que estava morta.
As lágrimas escorriam pelo rosto de Demi. Ela continuou:
– Também dizem que, se você ama alguém, mas só lhe causa dor, deve deixar a pessoa ser livre. E foi só isso que eu causei, Joseph. Desde o momento em que a gente se conheceu, virei o seu mundo de cabeça para baixo. E, agora, isso. Não vou tolerar que você pare de falar com a sua mãe por minha causa. Eu o amo o bastante para deixá-lo livre, para que ela continue a amar você. 
Joseph se contraiu. Abalado, sentiu um lampejo de dor atravessar o peito. Ele engoliu em seco, respirando fundo, mas de maneira irregular enquanto olhava nos olhos dela.
– Você não pode me abandonar – disse ele, a voz trêmula de desespero.
– Eu preciso – replicou ela, engasgada, aflita, vendo o medo estampado no rosto dele. – Não posso desfazer a sua família.
– Você não vai desfazer. – a voz suave de Denise rompeu o ar com uma certeza tranquilizadora. Demi se virou para encará-la, piscando os olhos úmidos, surpresa. Sua cabeça rodava, o corpo tremia. Enxugou as lágrimas que banhavam o rosto. – Você não vai ser o motivo desta família se desfazer porque eu não permitiria que uma mulher que ama o meu filho tanto quanto você saísse da vida dele. – chegando mais perto, Denise pousou uma mão hesitante no ombro de Demi, os olhos marejados. – Eu não permitiria que você saísse da nossa vida. Você estava prestes a abrir mão de tudo, embora fosse magoar o meu filho, num ato completamente altruísta. Há muito tempo, eu conheci uma menina que amava tanto um homem que também sentiu um medo assim. – Denise fez uma pausa, fitando Paul, e abriu um sorriso discreto e triste enquanto ele se aproximava. Encarando Demi, Denise balançou a cabeça. – Eu teria me matado se tivesse que abrir mão daquele ar roubado antes de cada beijo. Não importa se a criança é ou não meu neto: eu ficaria honrada de chamar você de filha.
Quando Denise a puxou para um longo abraço, Demi ficou sem fôlego, o coração batendo com tanta força que podia ouvi-lo. Chorou no ombro da mulher que dera vida ao homem que amava tão desesperadamente. Não só Demi se sentia agradecida por não ter que abrir mão do fôlego roubado, como se sentia agradecida, naquela noite fria e nevoenta, no ano em que sua vida mudaria de tantas maneiras, por ter ganhado uma mãe.

ainda bem que o Trevor e Joseph se acertaram.
e esse climão em família? ainda bem que a Denise acertou tudo.
gostaram? comentem e até o próximo.
bjs amores <3
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4 comentários:

  1. Agente eu chorei um oceano inteiro
    Amei amei amei

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    1. Que bom que gostou amor.
      Vou postar outro hoje, bjs <3

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  2. Nunca comentei antes não sei o porque mas tenho acompanhado a fanfic e você quase me mata quando faz essas cenas de separação ou quase separação como é o caso aqui se a Denise tivesse deixado a Demi terminar com o Joe nunca perdoaria ela e que cena final mais linda eles merecem ser felizes depois de todo o sofrimento

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    1. Eles merecem ser felizes mesmo.
      Mas algumas coisas ainda irão acontecer, vou postar hoje.
      bjs lindona <3

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