29/08/2016

breathe: capítulo 7


2 de abril de 2014 
Cinco dias antes do adeus 

Quando o táxi deixou meu pai e eu no hospital, corri para a emergência. Passei os olhos pela recepção à procura de algo, de alguém conhecido. 
— Mãe — chamei, e então ela me viu da sala de espera. Tirei o boné e corri em sua direção. — Ah, filho. 
Ela me abraçou, chorando. 
— Como eles estão? Como... 
Mamãe começou a soluçar, seu corpo estremecendo. 
— Ashley... Ashley se foi, Joseph. Ela lutou muito, mas não conseguiu. 
Eu a soltei. 
— Como assim, ela se foi? Ela não foi a lugar algum. Ela está bem — olhei para meu pai, que me encarava, chocado. — Pai, fala pra ela. Fala que Ashley está bem. 
Ele abaixou a cabeça. 
Tudo dentro de mim se inflamou. 
— Charlie? — perguntei, sem saber se queria mesmo saber a resposta. 
— Está no CTI. Ele não está reagindo muito bem, mas... 
— Aqui. Ele está aqui — passei a mão pelo cabelo. Ele estava bem. — Posso vê-lo? — perguntei. 
Minha mãe assentiu. Corri para a recepção e falei com as enfermeiras, que me levaram até o quarto de Charlie. Levei as mãos à boca quando olhei para o meu filho e todas as máquinas ligadas a ele. Estava entubado, vários medicamentos sendo injetados em suas veias, e seu rosto estava machucado, roxo. 
— Meu Deus... — murmurei.
 A enfermeira me deu um sorriso cauteloso. 
— Você pode segurar a mão dele. 
— Por que o tubo? P-p-por que ele está entubado? — gaguejei. Minha cabeça tentava se concentrar em Charlie, mas a ficha começou a cair. Ashley se foi, minha mãe disse. Ela se foi. Mas como? O que aconteceu? 
— O acidente provocou um pneumotórax no pulmão esquerdo, e ele está com muita dificuldade pra respirar. O tubo é para ajudá-lo. 
— Ele não consegue respirar sozinho? 
Ela balançou a cabeça. 
— Ele vai ficar bem? — perguntei para a enfermeira e vi o remorso em seu olhar. 
— Não sou médica. Só eles podem... 
— Mas você pode me dizer, não pode? Coloque-se no meu lugar. Acabei de perder minha esposa — falar isso em voz alta mexeu com minhas emoções e respirei fundo, em choque. — Se esse garotinho fosse tudo que te restasse no mundo, você iria querer saber se ainda resta uma esperança, certo? Você imploraria a alguém que te dissesse o que fazer. Como fazer. O que você faria? 
— Senhor... 
— Por favor — supliquei. — Por favor. 
Ela olhou para o chão e depois para mim. 
— Eu seguraria a mão dele. 
Assenti. Soube naquele momento que ela havia acabado de me dizer a verdade que eu não queria ouvir. Sentei na cadeira do lado da cama de Charlie e peguei sua mão. 
— Oi, filho, sou eu. O papai está aqui. Sei que eu estava longe, mas agora estou aqui, tá? Estou aqui e preciso que você lute. Você consegue fazer isso, cara? — lágrimas escorriam pelo meu rosto, e beijei sua testa. — Papai precisa que você volte a respirar sozinho. Você tem que melhorar, porque preciso de você. Sei que as pessoas dizem que os filhos precisam dos pais, mas é mentira. Preciso de você pra seguir em frente. Pra continuar acreditando no mundo. Cara, preciso que você acorde. Não posso perder você também, tá? Preciso que você volte pra mim... Por favor, Charlie... Volte para o papai. 
O peito dele começou a inflar, mas, quando ele tentou expirar, as máquinas começaram a apitar. Os médicos correram até o leito e tiraram minha mão da dele. Charlie tremia incontrolavelmente. Eles gritavam um com o outro, dizendo coisas que eu não entendia, fazendo coisas que eu não compreendia. 
— O que está acontecendo? — berrei, mas ninguém me ouviu. — O que houve? Charlie — gritei, e duas enfermeiras tentaram me tirar do quarto. — O que eles estão fazendo? O que... Charlie! — gritei cada vez mais alto enquanto elas finalmente me arrancavam do quarto. — Charlie!
Na sexta-feira à noite, sentei-me à mesa de jantar e disquei um número que um dia foi muito familiar para mim, mas que eu não usava há algum tempo. Segurei o telefone junto ao ouvido. 
— Alô? — respondeu uma voz suave. — Joseph, é você? — O tom cauteloso em sua voz provocava um aperto no meu estômago. — Filho, por favor, fale alguma coisa... — murmurou ela. 
Levei a mão fechada à boca e a mordi, sem responder. 
Desliguei o telefone. Sempre desligava. Continuei ali sozinho pelo resto da noite, deixando a escuridão me engolir.
Gente esses flashbacks me matam :( Vai ter alguns na história contando um pouco mais sobre o acidente de Ashley e Charlie!
Gostaram? Me contem aqui nos comentários
bjs lindonas <3
respostas aqui

2 comentários:

  1. Esse flashback acabou comigo </3
    Eu estou apaixonada pela Selena, ela é uma comédia.
    Quero muito saber como a demi vai quebrar as barreiras do Joe.
    Amei o capítulo, posta logo amor.
    Bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eles acabam comigo :( Vai ter alguns assim.
      Selena é um amor mais ao mesmo tempo super engraçada hahaha
      Os dois vão se ajudar muito em questões da Ashley e do Zachary, e eles terão que enfrentar muitas coisas para viverem esse amor
      Já postei lindona, bjs <3

      Excluir