26/02/2018

sinopse: the flame inside us


Seriam as reviravoltas do destino e as feridas do coração capazes de apagar para sempre a chama que há dentro nós? Joseph Jonas e Demi Lovato não têm nada em comum. Ele passa os dias contando centavos para pagar o aluguel, sofrendo com a rejeição dos pais e tentando encontrar um rumo para sua vida caótica. Ela, por outro lado, parece ter um futuro brilhante. Um dia, porém, um simples gesto dá origem a uma improvável amizade. Ao longo dos anos, o sentimento que os une se transforma em algo até então desconhecido para os dois, Demi e Joseph não conseguem resistir à atração que sempre sentiram um pelo outro e finalmente descobrem o amor. Mas uma tragédia promete separá-los para sempre. Ou pelo menos é isso que eles pensam.

***

amores finalmente a sinopse da nova história, espero que vocês tenham gostado, como eu disse a história será de muitas reviravoltas, ciúmes, treta, tristezas e muito amor claro. Peço para vocês que comentem o que estão achando da nova fanfic para que a história melhore cada vez mais.
me digam o que acharam, volto logo com o prólogo.
respostas do capítulo anterior aqui.
beijos, jessie.


19/02/2018

begin again: epílogo


Nove meses depois

A maré está subindo aos poucos, a água está avançando cada vez mais sobre a praia a cada onda. É cauteloso no início, fluindo suavemente como se estivesse experimentando o novo trecho de areia antes de correr de volta para se juntar ao resto do mar. Charlotte salta a onda quando quebra, deixando-a persegui-la até a praia. Seu cabelo esvoaça atrás da cabeça quando ela corre. Qualquer som que faça é roubado pela brisa da primavera, mas noto pelos formatos de sua boca que ela está rindo. Me aquece o coração vê-la tão despreocupada.
Pegando meu copo térmico, engulo o resto do café, antes de voltar minha atenção para os papéis sobre o joelho. Vou fazer a primeira bateria de provas na semana que vem. Estou com tanto medo de não ser aprovada que uso todas as chances que tenho para revisar. Embora a graduação seja apenas em meio período, em período integral é o trabalho de tentar encaixar os estudos com meu emprego no centro de apoio local e com cuidar de Charlotte. Neste ritmo vou levar seis anos para conseguir o diploma. Não me importo. Estou apenas curtindo o aprendizado.
– Podemos ter um cachorro? – ela está sem fôlego quando desaba ao meu lado na manta. – Um bem grande, com muito pelo.
– Não. – estendo a mão e bagunço os cabelos dela. Estou ficando melhor em dizer a palavra com “n”. No início, após a morte de Daisy, eu não conseguia me fazer negar nada à Charlotte. Levamos nove meses para chegar aqui, ao tipo de relacionamento em que posso dizer não e ela não chorar. Ainda estamos trabalhando nas coisas.
– Um gato? – ela não desiste.
– Talvez um coelho ou um porquinho-da-índia – concedo. – Algo que não dê muito trabalho.
– Um hamster! – seus olhos se iluminam. – A Rebecca Grant tem um e é tão lindinho! Se bem que deixa ela acordada a noite toda.
Sorrio e ofereço uma garrafa de água. Vamos pensar a respeito. Talvez fazer um passeio à loja de animais de estimação e ver como eles são. Um passo de cada vez, eu me lembro. Um ano atrás eu estava num casamento sem filhos.
Agora sou mãe de uma menina de 9 anos. Não sou perfeita, mas estou tentando dar o meu melhor. Nós duas estamos.
– A Rebecca pode vir brincar comigo depois da aula, na semana que vem?
– Claro, vou ligar para mãe dela. – olho mentalmente na minha agenda, outra coisa que aprendi a fazer desde que levei Charlotte para morar comigo. Temos que planejar nossos horários com precisão militar. Entre aulas de dança e dias de brincar na casa de amigas, além de escola, faculdade e trabalho, temos uma vida bem agitada. Estou prestes a perguntar que dia ela quer que seja quando meu celular toca.
– É a Selena – digo, olhando para a tela. Quando atendo, Charlotte sai correndo e vai buscar mais conchas para sua pilha em casa. Ela sabe que Selena e eu conversamos por séculos no telefone. Agora que nós duas somos mães, por assim dizer, é bom ter essa rede de apoio.
– Oi – digo no telefone. – Max está dormindo?
– Acabei de fazê-lo dormir. Acho que temos meia hora antes de ele começar a chiar. – Selena soa exausta, assim como qualquer mãe ou pai de um bebê de três meses. – Como estão as coisas em Hudson esolarada?
– Nada ensolaradas. – olho para cima. – O céu está cheio de nuvens cinzentas.
– Aqui está lindo. O sol está aparecendo, o céu está azul e todo mundo está andando de biquíni. Você deveria voltar para Nova York, sem dúvida.
Rio da mentira deslavada. Toda vez que conversamos ela tenta me convencer. Ou são os museus gratuitos ou os excelentes restaurantes ou o tempo bonito; ela usa qualquer desculpa para nos encorajar a voltar. Há uma parte de mim que sente falta da agitação da cidade, da emoção que parece presente no ar. Mas a mudança tem sido a melhor coisa para Charlotte. Melhores escolas, espaços abertos e ainda a apenas quarenta minutos de trem da cidade grande.
– Ou você poderia se mudar para cá – retruco.
Ela ri.
– Imagine o rosto do Nicholas, ele iria surtar.
– Como o Nicholas está? – não o vejo desde que ele veio passar o dia aqui com Selena e Max, há alguns meses. Engulo um sorriso quando me lembro dele me dizendo que seu sofá era grande o suficiente para mim e Charlotte. Se algum dia nós quiséssemos nos mudar para a casa deles.
– Ocupado. Tem alguns empresários sondando a banda. Ele anda pensando que é a droga do Mick Jagger. – não gosto da maneira como a voz dela falha. Tenho a impressão de que há mais do que isso, mas não sei o que fazer. Talvez esteja na hora de uma viagem a Nova York.
– Ele sempre foi um exibido.
– Você não está errada nesse aspecto. – a risada dela é curta, e logo ela muda de assunto. – Você tem notícias do Joseph?
– Praticamente todos os dias. – faz três meses que ele está em Londres dando uma exposição. Não são apenas suas mensagens constantes que me fazem sorrir, embora façam, mas o fato de que ele envia cartões postais à Charlotte a cada poucos dias. Sem nada escrito, apenas imagens engraçadas que ele desenha na frente. Ela pendurou todas na parede, como um santuário a Joseph Jonas que me faz sorrir cada vez que entro no quarto dela. – Ele vem para casa na próxima quinta-feira.
Não preciso dizer a ela que mal posso esperar. Estamos levando as coisas devagar, Joseph e eu. Ele ainda tem o apartamento em Nova York, mas passa os fins de semana com a gente em Hudson, conhecendo Charlotte. Pode não ter sido a maneira ideal de começar um relacionamento, mas vamos levando da melhor maneira possível.
E quando eu o observo pintar com ela, vendo a paciência gentil com que ele fala suavemente e a faz rir, não posso deixar de me apaixonar por ele novamente.
– Alguma notícia da adoção?
– As rodas estão girando devagar. – fico momentaneamente distraída, observando Charlotte correr muito perto do mar. Ela grita e corre novamente. As barras de sua saia jeans estão manchadas de azul-escuro por causa da água. Ela acena para mim e aceno de volta, meu sorriso correspondente ao dela. – Rafiya diz que em mais alguns meses vamos conseguir. Mal posso esperar. – quero esse pedaço de papel, o que diz que Charlotte é minha. Até lá, ainda vou ficar um pouco nervosa.
– Isso é ótimo. Vamos ter que começar a planejar essa parte. Qualquer desculpa para uma festa. – posso ouvir o sorriso em sua voz. – O que vocês vão fazer neste fim de semana?
– Vamos para almoçar na casa dos meus pais. – outro efeito colateral da minha guarda de Charlotte, uma certa aproximação com meus pais. Eles se apaixonaram por ela, aproveitaram a oportunidade para serem avós como se fosse a única chance. – Agora estamos na praia. Charlotte está pulando ondas.
– Parece perfeito.
– Esqueci de te dizer, vi Simon na semana passada. Ele veio para cá passar o dia – sorrio quando me lembro da visita. Tínhamos algumas últimas coisas para resolver, mas decidimos levar a papelada para a praia. Ele bebeu chá de uma garrafa térmica e nós comemos sanduíches embrulhados em papel alumínio. Ele parecia um pouco fora de lugar, mas acho que gostou.
– Sério? Como ele está? – embora Selena nunca tenha sido muito próxima de Simon, ela sabe que ele sempre foi gentil comigo.
– Ele parece muito bem. Comprou uma casa de fim de semana na Escócia, algum tipo cabana de caça ou algo assim. Ah, e ele tem uma namorada. – dizer a palavra me faz sorrir. Simon parece um pouco sério demais para ter uma namorada, mas foi assim que ele chamou. Aparentemente, ela gerencia a agência imobiliária que cuidou da compra. O que explica por que ele passa quase todo fim de semana na Escócia. Ele parece feliz, contente, e há uma luz em seus olhos que não vejo há algum tempo. Esse fato por si só me faz gostar muito desse novo desdobramento.
– Uma namorada? Uau. Eu não esperava isso. – ouço-a mexer em alguma coisa, como se ela estivesse entrando em outro cômodo. – É melhor eu ir. Max está acordando. Eu te ligo de novo à noite.
– Tá, a gente se fala. – desligo e ponho o telefone de lado. A maioria das nossas ligações acabam assim: ou Max acorda ou Charlotte precisa de ajuda com alguma coisa. Dificilmente nos despedimos.

***

Uma hora mais tarde, a praia está ficando mais cheia de casais que saem para fazer a caminhada da tarde, com cães saltando entre os seixos, perseguindo ondas e gravetos. Um grupo de adolescentes abre latas de bebida e ouve música no celular.
É uma boa hora de ir para casa. Levanto-me e vou até Charlotte, mas em vez de conseguir mexer as pernas, de repente elas começam a tremer debaixo de mim.
Ele está aqui.
Ele caminha até a praia, óculos de sol cobrindo os belos olhos verdes brilhantes. A brisa à beira-mar sopra em seu cabelo, afastando-o do rosto. Quero correr mais e arrancar os óculos dele, olhar profundamente dentro de seus olhos e ver o que ele está sentindo. Mas fico plantada no lugar.
Joseph sorri ao se aproximar e faz meu coração doer. Não sei se seu olhar está em mim ou não, mas o meu não vacila.
– Oi. – ele para a poucos passos de distância, e enfia as mãos nos bolsos, balançando desajeitadamente para frente e para trás. – Espero que você não se importe, achei que poderia te encontrar aqui.
Me importar? Ele está louco? Um enorme sorriso divide minha boca e me lanço sobre ele, me envolvendo em seus braços. Ele me pega, rindo, e no momento seguinte seus lábios estão nos meus. Não me importo de estarmos na praia, ou que todo mundo possa nos ver, só quero beijá-lo sem parar.
Quando finalmente nos afastamos, nós dois sem fôlego, ainda há um sorriso em seu rosto.
– Como foi que você voltou tão cedo?
– Terminamos ontem. Então mudei minha passagem. Eles me colocaram na lista de espera. Eu não te disse para o caso de não dar certo. – ele afasta o cabelo dos olhos e percebo como ficou comprido. Seu rosto está escuro com a barba por fazer, como se ele não a raspasse há algum um tempo. Está se parecendo com o artista que é.
– Então, tenho uma notícia – digo.
Ele inclina a cabeça para o lado, me examinando com os olhos apertados.
– Que tipo de notícia?
– Meu divórcio saiu.
No final, concordamos que Simon iria apresentar uma declaração do meu adultério. Era isso ou esperar por dois anos, algo que nenhum de nós queria fazer. A ruptura era melhor para todos, e menos confuso para Charlotte. Agora Simon encontrou outra pessoa, espero que também seja boa para ele.
– Sério? – Joseph me puxa em seu abraço novamente e nós dois começamos a rir. – Não posso acreditar, achei que fosse demorar mais tempo. – seu entusiasmo é contagioso e me aquece por dentro. – Temos de fazer alguma coisa para comemorar. Champanhe ou algo assim.
Olho para Charlotte, que está olhando para o mar. Ela ainda não o notou. Se tivesse, Joseph saberia.
– Charlotte quer comprar um hamster.
– O modo perfeito para comemorar – diz ele. – Champanhe, balões e um hamster. Todas as estrelas de Hollywood fazem isso.
Sorrimos um para o outro por um momento. As linhas de expressão de riso ao redor de seus olhos parecem profundas e bem usadas. Gosto muito disso. Ele pega meu rosto nas mãos, e suas palmas são quentes nas minhas bochechas. É como se ele fosse me beijar, sinto a respiração falhar. Em vez disso, ele se inclina para frente, toca a testa na minha, e estou olhando para os olhos verdes.
É mais íntimo do que um beijo. Me deixa mais exposta. Porque ele me olha como se estivesse procurando alguma coisa, e estou desesperada para que encontre.
– Significa que podemos falar sobre nós? Sobre o nosso futuro?
Jogo os braços em volta do pescoço dele e o puxo para perto. Temos evitado quaisquer grandes discussões, pelo menos enquanto Charlotte estava se adaptando a todas as mudanças. Mas agora que já não sou mais casada com Simon, sei que é hora de falar sobre nós.
Pelo canto do olho, vejo Charlotte observando nós dois, de costas para o mar e as mãos nos quadris. Então ela começa a correr, cabelos ao vento, saia girando em torno dos joelhos. Quando ela cruza o cascalho, já está sem fôlego, bochechas rosadas por causa do vento e do esforço. Como eu, ela corre para Joseph, e ele fica de braços abertos, pronto para recebê-la.
Queimo por dentro quando o vejo agarrá-la, enterrando o rosto em seu cabelo quando ela se apega a ele.
– Você voltou, você voltou! – ela começa a tagarelar. – Você disse que não iria voltar até a semana que vem. Tenho tanta coisa pra te contar. Tenho uma nova melhor amiga, vou participar de um recital de dança e vou ganhar um coelho.
– Um hamster – corrijo, voz inexpressiva.
– Vamos comer peixe com batata-frita hoje à noite, no sofá, assistindo Britain’s Got Talent. Demi diz que podemos dividir uma porção entre nós e ainda não vamos aguentar comer tudo. – ela se afasta dele e franze a testa. – Acho que agora a gente vai ter que comprar duas.
– Não tem problema, eu compro. – ele soa muito sério, e eu adoro. – Quer que eu também compre bolos ou é demais?
Ela olha para cima de novo e dou de ombros. Outra coisa que o terapeuta disse. Deixá-la tomar algumas decisões. Dar a ela uma sensação de segurança, fazer com que se sinta no comando da própria vida.
Com razão. Sempre com razão.
– Hum, tá. Acho que bolos vão ser legais.
– Ótimo. Vou sair às seis para comprar bolos e batatas-fritas e vou me preparar para meus ouvidos explodirem. – ele ergue os olhos e sorri para mim. – Está tudo bem com você?
– Parece perfeito – respondo.
– Espere um minuto – diz Charlotte. – Como você sabia que a gente estava na praia? Como você conseguiu encontrar a gente?
Ele chega para frente e afasta o cabelo dela dos olhos com cuidado. Ela não vacila. Na verdade, o toque a faz sorrir.
– Sempre vou encontrar vocês, linda. Se eu tiver que bater em todas as portas da cidade, prometo que vou encontrar. Enquanto vocês quiserem ser encontradas.
Lágrimas fazem meus olhos arderem. Suas palavras são melhores do que mil eu-te-amos, tão doces quanto uma centena de beijos. Charlotte rouba as palavras da minha boca quando sussurra a resposta:
– Quero ser encontrada com certeza.

***

Charlotte vai para a cama depois de uma noite de cantores terríveis e imitações ainda piores, e me certifico de que ela escovou bem os dentes para compensar os donuts açucarados que todos nós devoramos. Ela pede para Nicholas ler uma história e fico na porta, ouvindo a voz macia e melodiosa, enquanto ele interpreta todos os personagens.
Quando ele termina, Charlotte conta sobre as aulas de dança e pergunta se ele vai poder ir ao recital. Ele beija o topo da cabeça dela e promete que vai. Meu coração parece prestes a explodir.
Não sei se já vi alguma coisa mais bonita do que as duas pessoas que eu mais amo se apaixonarem uma pela outra. Sou tão ferozmente protetora de Charlotte que demorei muito para deixá-lo entrar, mas estou muito contente por ter permitido. Porque aqui, observando os dois, não consigo pensar em mais nada além de sermos uma família.
Mais tarde, depois de levarmos a louça para a cozinha e de Joseph verificar todas as trancas possíveis na casa, subimos as escadas estreitas e íngremes para meu quarto minúsculo, nos apertando para passar por uma cômoda e pelo guarda-roupa para chegarmos à cama. Uma timidez súbita toma conta de mim, como se os meses em que ele passou longe tivessem tornado tudo estranho e novo. Sento-me no colchão, dedos agarrando à colcha.
Tudo levou até este ponto. Me esforcei tanto para fazer Charlotte se adaptar, e depois tivemos meu divórcio e a exposição de Joseph. Nunca conversamos realmente sobre o que aconteceria depois, para onde iríamos a partir daqui. Nunca nos demos ao luxo de pensar em “nós”.
Neste momento, é só em que consigo pensar. Enquanto ele está na janela, olhando para a noite negra, me percebo preocupada se ele sabe onde está se metendo. Se ele percebe o quanto pode ser difícil, especialmente quando algo lembra Charlotte de Daisy e ela se recolhe em uma casca de teimosia e raiva.
– O que você está vendo? – pergunto-lhe. Os músculos debaixo de sua camiseta se mexem quando ele se vira para me olhar.
– A lua. Está linda. Grande e redonda, como um prato de jantar. Só precisa de uma vaca pulando em cima. – ele estende a mão. – Vem ver.
Ando até a janela e ele está atrás de mim, braços em volta da minha cintura, corpo pressionado às minhas costas. Me sinto quente e segura. Encapsulada. Um pequeno suspiro escapa dos meus lábios enquanto olho para a noite.
Ele está certo, é linda. A lua está baixa no céu preto-azulado, um disco amarelo-pálido cercado por um salpicado de estrelas. É tão bonito que quase poderia ser uma pintura. Viro a cabeça e olho para Joseph, prestes a dizer o quanto é perfeito, mas então vejo a expressão em seu rosto. Intensa e quente, e me rouba o fôlego.
Seus lábios pressionam os meus, sua língua desliza para dentro. Curvo o corpo contra o dele, com a necessidade de chegar mais perto. Enfio os dedos em seu cabelo escuro, e puxo delicadamente, fazendo-o prender a respiração. Ele faz um caminho de beijos pela minha mandíbula, pelo meu pescoço, mordiscando a pele levemente ao prosseguir. Quando fecho os olhos, consigo sentir a pontada de necessidade na minha barriga, enquanto sua mão acaricia meus seios. Minha cabeça tomba para trás, encostando na vidraça fria. Ele pressiona as mãos nos meus quadris, e me levanta até que as minhas pernas estejam enlaçadas em sua cintura. Tenho que segurar seus bíceps rígidos, me equilibrando enquanto ele continua a passar os dentes na minha pele.
É devastadora essa necessidade de estar com ele, de ter essa conexão. Ele me leva para a cama, não mais do que alguns passos e me deita suavemente antes de subir em cima de mim. É quando o desespero toma as rédeas: dedos urgentes mexendo com botões, mãos desajeitadas puxando camisas.
Estamos pele contra pele, meus seios pressionados no peito dele, e levo um momento maravilhada com o quanto a sensação dele é incrível. É uma sensação que quero guardar para sempre, como uma foto amassada e dobrada que posso levar a todo lugar na minha carteira. Quando a boca dele mergulha para baixo, capturando um mamilo entre os lábios macios, o desejo oblitera todo o resto.
Joseph entra em mim, pressionando a boca na minha para engolir meus gritos. Vamos com calma, mãos explorando músculos duros e pele macia; lábios se movendo juntos, como se não pudéssemos suportar a separação. Fecho os olhos com força quando o prazer radia de mim, meu corpo rígido em volta dele, como se eu não pudesse suportar ficar longe. Então ouço sua respiração presa na garganta. Ele para acima de mim, e abro as pálpebras para ver seu olhos apertados fortemente enquanto ele tenta não gritar.
É um momento cheio de pequenas perfeições. A curva de seu lábio, a protuberância dos músculos de seu braço que sustentam seu corpo para não desabar em mim, as ondulações de suas costas às quais me agarro, e a curva suave de seu traseiro quando deslizo as mãos para baixo.
Ele deixa cair o rosto no meu e sinto sua respiração, cálida e rápida na minha bochecha. Viro-me e estamos nos beijando de novo, desta vez mais lento. A ternura de seu toque aperta meu coração. Ele rola de lado, me puxando contra ele, e sua mão embala minha cabeça nos músculos rígidos de seu peito. E tenho certeza de que estou exatamente onde eu deveria estar.
Não é perfeito. Não somos anjos. Mas nós três temos algo que procurei minha
vida inteira.
Somos uma família. E nada vai nos separar.

amores finalmente o epílogo da história e a Demi conseguiu a guarda da Charlotte <3
espero muito que vocês tenham gostado desta história, eu amei posta-lá aqui.
tentei o máximo fazer com que ficasse boa e eu acho que ficou bom.
a próxima história já estou escrevendo e vai ser demais, garanto para vocês.
o que posso dizer é que vai ter muita treta, reviravoltas e claro muito amor Jemi.
me digam o que acharam nos comentários, volto logo com a sinopse.
beijos, Jessie.

17/02/2018

begin again: capítulo 41


Complete family

Leva três dias para uma conferência sobre o caso ser organizada. Três dias que eu passo no abrigo, sentada com Charlotte, abraçando-a enquanto ela chora, brincando quando ela está pronta para sorrir. Vou agindo conforme os sinais, observando as expressões dela com um olhar desconfiado. Esperando para ver o que ela vai fazer em seguida.
Nos encontramos em frente ao prédio de serviços sociais: Selena, eu e a advogada de família que Simon me recomendou. Rafiya, a advogada, aconselhou que seria melhor Joseph não estar presente na primeira reunião. Com uma eficiência implacável, ela explica que não quer complicar as coisas com explicações sobre minha vida amorosa.
Somos chamados em uma sala de reunião logo após as onze da manhã. Sento- me em outra cadeira dura de plástico, minha mão dobrada com força na de Selena, e ouço as discussões como se não estivesse envolvida. Rafiya passa por uma lista de eventos que demonstram que sou parte da rede de apoio de Charlotte,  as aulas, os passeios, meu envolvimento com Daisy. Ela diz sobre nos mudarmos para Hudson, explicando por que um novo começo seria muito
melhor no longo prazo. E eu fico espantada que todas essas pessoas, que não conhecem nem Charlotte nem eu, vão tomar decisões sobre o resto de nossas vidas.
Esta não é a única vez em que vamos estar sujeitos a esse tipo de escrutínio. Com o tempo, pretendo adotá-la, e as investigações rigorosas que esse passo vai demandar fazem a reunião de hoje ser mamão com açúcar. Já tive de ouvir Rafiya explicando todas as armadilhas, e agora estou recebendo mais um sermão.
Isso é certo, digo a mim mesma. Afinal, estamos falando sobre o futuro de uma criança. Nenhum escrutínio poderia ser grande demais.
– É muito importante que Charlotte receba acompanhamento profissional – Grace me aborda diretamente, ignorando Rafiy a por completo. – Você já procurou esse tipo de serviço em Hudson?
Meus lábios se contorcem porque Grace sabe que eu procurei. Tivemos uma conversa telefônica de uma hora a respeito disso ontem à noite. Eu queria ter certeza de que tinha coberto todas as possibilidades.
– Procurei, eu falei com um terapeuta infantil esta semana. Marcamos uma consulta preliminar para vermos se vai ser possível construir um relacionamento. Também falei com a escola local e expliquei a situação. Eles confirmaram que existe vaga para Charlotte.
Selena aperta minha mão e consigo respirar um pouco mais fácil. Só quero Charlotte comigo.
A reunião continua a respeito da minha adequação como responsável pela criança. Rafiya apresenta um relatório do meu médico e três depoimentos de amigos meus. A sala fica em silêncio enquanto todos folheiam os documentos, e me vejo examinando a expressão dos presentes, tentando ver se tenho alguma chance aqui. Grace me olha nos olhos e mostra o menor dos sorrisos. Mesmo que tenhamos tido nossas diferenças, ambas queremos o que é melhor para Charlotte.
Posso me contentar com isso.
Perto do final da reunião, me perguntam se quero acrescentar alguma coisa. Limpo a garganta, mexendo nos meus papéis para encontrar a declaração que Rafiya me ajudou a preparar. Mas então eu titubeio, sabendo a imagem que eles teriam de mim com as palavras frias e clínicas de um texto lido em voz alta. Em vez disso, olho pela sala, nos olhos de todos que estão sentados na minha frente.
Quero ser ouvida.
– Sei que estamos todos aqui pela mesma razão: porque uma menina perdeu a mãe. A mãe que ela viu morrer diante de seus olhos. Entendo que os senhores têm de se certificar de que, não importa para onde ela vá, ela precisará receber cuidados. Não quero deixar nenhum dos senhores em dúvida sobre meus sentimentos por Charlotte. Eu a amo. É puro e simples desse jeito. Podem querer me dizer que o amor não é suficiente, e eu não poderia concordar mais. Na clínica onde trabalho, vemos crianças que sofrem todos os dias, independente de quanto seus pais as amem. Por isso, também posso prometer que vou me dedicar a criá-la bem, a oferecer um lar estável. Um onde ela não vai ter de se perguntar se vai poder jantar à noite. Um onde ela possa se sentir segura o suficiente para se sentir triste, feliz, ou o que precisar sentir. Onde possa passar dos limites e ser trazida de volta. – respiro fundo, tentando afrouxar o aperto no meu peito. – Quero devolver a ela o direito de ser criança.
Quando olho para Selena, ela está sorrindo para mim, mesmo que seus olhos estejam brilhando. Há um silêncio na sala, e espero por uma resposta, olhando para o discurso que não cheguei a ler. Finalmente, alguém pigarreia. Grace dá um leve sorriso e olha para o resto dos reunidos.
– Os senhores têm mais alguma pergunta?
Há murmúrios de “não”, acompanhados pela negação frenética de cabeças. Dou um suspiro de alívio. Tem de ser uma boa notícia, espero, o fato de não quererem me fazer mais nenhuma pergunta.
– Muito bem, vamos acabar por aqui. Acredito que a senhora vai receber uma visita de serviço social infantil de Hudson e Hove?
– Correto. – Rafiya responde por mim. Talvez ela tenha decidido que falei demais.
– A menos que surja alguma questão decorrente dessa visita, posso confirmar que vou endossar o pedido de alojamento em lar de parentesco adotivo.
Levo um instante para compreender o que foi dito. Então percebo que todos os olhos estão em mim. Levanto a cabeça e vejo cinco rostos expectantes. Mas o alívio me deixa muda, incapaz de dizer qualquer coisa com aparência de coerente. Em vez disso, balanço a cabeça e me concentro na tentativa de não chorar.
Charlotte vai voltar para casa comigo. Para nossa casa, onde posso cuidar dela e vê-la crescer. Um lugar onde podemos ir à praia, respirar ar fresco e fingir que podemos enxergar a França. Em algum lugar onde Darren Tebbit e caras como ele não vão poder tocá-la.
Ela vai voltar para casa.
Os minutos seguintes são um borrão. Rafiya fala em voz baixa com Grace, enquanto Selena me abraça e me diz como está orgulhosa. Concordo com a cabeça nos momentos certos, abraçando-a e tentando não ficar histérica. Quando saio da sala, Rafiya aperta minha mão, explicando que ela vai enviar algum documento antes da visita a Hudson do dia seguinte. Depois ela se vai e só sobramos Selena e eu, duas mulheres bobas de felicidade, incapazes de completar uma frase.
– Ai, meu Deus, estou tão feliz...
– Muito obrigada por estar aqui. Eu não poderia ter feito isso...
Nós duas rimos e tentamos nos acalmar. Selena respira fundo e começa novamente: – Não posso acreditar que nós duas vamos ser mães. – olho para baixo e há
uma pequena protuberância em sua barriga. – E não posso acreditar que você vai
me deixar. Hudson é muito longe.
– É uma hora de trem – digo. – Você pode ir me visitar o quanto quiser. – tento não demonstrar, mas esse pensamento me deixa triste. Estou muito acostumada a ver Selena todos os dias na clínica, mesmo que seja apenas alguns minutos, e agora nossa interação vai ser por telefone e e-mail. – Prometo que vou estar lá para o nascimento.
– É melhor estar. Nicholas tem medo de ver sangue. Meio que estou esperando que ele saia correndo e gritando quando a primeira contração começar.
Rio com a imagem que isso evoca. Nicholas sempre parece muito arrogante e no controle das situações. Talvez o bebê vá amolecê-lo um pouco.
– Vou estar lá.
Saímos do prédio e uma névoa fina de chuva cobre nosso cabelo, deixando gotas presas às mechas como orvalho sobre teia de aranha. Selena me abraça pela última vez e se dirige para o metrô, enquanto encosto na parede e pego o celular. Preciso ligar para Nicholas, contar para ele como foi, antes de voltar para o abrigo e ficar com Charlotte.
Um movimento à minha esquerda me chama a atenção e me faz olhar para cima. É quando o vejo. O cabelo escuro ficou preto por causa da chuva, colado à testa. Gotas escorrem por seu rosto e caem sobre os ombros. Embora ele esteja ensopado, corro para seus braços, deixando que ele me abrace enquanto conto tudo o que aconteceu. As mãos de Joseph apertam em torno da minha cintura e conto que Charlotte deve ir para casa comigo em alguns dias.
Ele aperta o rosto no meu cabelo e respira.
– Você ainda tem cheiro de chuva.
Sorrio com as memórias que suas palavras evocam. Nosso primeiro beijo na chuva. Alimentado por drogas, doce e cheio de necessidade. Embora estejamos mais velhos agora e sóbrios, essa necessidade ainda finca as garras em mim, exigindo ser alimentada. Então eu lentamente levanto o rosto até que meus lábios estejam a milímetros dos dele.
– Também tenho gosto de chuva?
Seu sorriso é devastador. Faz minhas pernas amolecerem e meu coração disparar até eu ser pouco mais do que uma boneca de pano em seus braços.
Logo, ele abaixa a cabeça o suficiente para pressionar os lábios nos meus, e a sensação é do sol que explode as nuvens. Porque é isso o que ele faz por mim. Beijo-o, e minha língua desliza de leve na boca dele. Meus punhos seguram a parte de trás de sua jaqueta como se ele fosse uma espécie de bote salva-vidas.
Um dia, quando éramos tão autodestrutivos, levei anos para superar os resultados catastróficos. Ainda assim, aqui estamos nós, nos abraçando como se fôssemos um casal normal, numa relação funcional. Independente da minha separação, da carreira imprevisível de Joseph e do fato de que estou prestes a adotar uma criança, de alguma forma. Pela primeira vez, eu realmente me sinto com os pés no chão.
Ele se afasta, o rosto corado e reluzente com a chuva. Quando tira o cabelo molhado da minha testa, seus dedos são delicados. Pouco mais de uma carícia. Ele recua, passando as mãos pelo próprio cabelo encharcado e diz:
– Vamos ver a nossa menina.

este é o penúltimo capítulo amores :(
Charlotte irá ficar com a Demi, ainda bem <3
e o casal Jemi tanto amor aw.
desculpem pela a demora para postar.
prometo que a próxima história será ótima.
espero que tenham gostado amores.
me digam o que acharam nos comentários, volto logo com o epilogo.
respostas do capítulo anterior aqui.

12/02/2018

begin again: capítulo 40


Love

Quando Joseph chega, mais no final da tarde, praticamente me jogo nos braços dele, precisando de seu conforto mais do que qualquer outra coisa. Diferente de mim, ele tomou banho e se arrumou, e está vestindo uma camisa social e calça azul-marinho. É gentil o bastante para ignorar meu estado desgrenhado. Me abraça com força e beija meu rosto com lábios macios. Eu meio que me derreto nele, tentando absorvê-lo por osmose. Quero sua força, sua determinação. Em troca, ofereço meu medo paralisante.
– Eles não vão me deixar levá-la. – três horas de reuniões e cerca de uma centena de formulários mais tarde, eles me disseram que pode demorar semanas para qualquer autorização sair. – Até eu ter um lar estável, eles vão mantê-la aqui.
Ele inclina a cabeça. Embora sua expressão seja de empatia, não é de choque. Acho que tive esperanças muito altas e pensei que estar dentro do sistema fosse me ajudar. Tudo o que fiz foi ganhar a xícara quente da decepção.
– Nós temos que arranjar um advogado – diz ele. Minhas sobrancelhas se levantam quando o ouço falar em “nós”. – Você conhece algum bom?
Pela primeira vez em dias eu me sinto à vontade para rir. Porque os advogados que conheço dão para encher um fórum, não que isso sirva para alguma coisa agora.
– Além de Simon?
Joseph olha para mim por um minuto. Sua frase seguinte é completamente inesperada: – Você deveria ligar para ele.
Em um minuto ele está me beijando, no seguinte está me dizendo para ligar para meu marido. Não sei o que fazer com isso.
– Sério?
– O quê? Você acha que vou virar macho alfa e te proibir de vê-lo? – seus lábios se contorcem como se ele estivesse tentando suprimir uma risada. – Não sou assim, você sabe disso.
Percorrendo os dedos pelo meu cabelo bagunçado, ele afasta os fios do meu rosto. Não consigo parar de olhá-lo. Ele sabe o quanto me faz sentir que as coisas estão certas? Como se eu não fosse aquela garota boba que se acabou depois da morte de Digby. Ele olha para mim como se eu fosse forte. Capaz de tudo.
– Eu te amo – digo isso porque não consigo pensar em nenhuma outra coisa. Porque parece que meu peito está prestes a explodir se eu guardar isso por mais tempo.
Dessa vez, ele tem a benevolência de parecer surpreso.
– Porque eu te disse para ligar pro seu ex?
– Porque você é você. Eu queria te dizer isso antes, quando estávamos no seu ateliê, mas...
Ele começa a rir.
– Você ficou de boca cheia o tempo todo?
Bato no braço dele, mas o sorriso não escapa de seus lábios. Então, me inclino e o beijo para tirá-lo de seu rosto, roçando a boca na dele. Ele me beija também e sinto a curva de seus lábios enquanto seu sorriso se alarga.
– Eu também te amo. Pra caralho. E é por isso que vamos resolver essa situação. Você, eu e todo um exército de ex-maridos. O que for preciso.
Quando ligo para Simon, a primeira coisa que ele faz é me oferecer sua casa. É claro que recuso, dizendo-lhe que eu não poderia cuidar das coisas. A verdade é que não posso nem nos imaginar lá. É a casa de Simon e sempre vai ser.
Ele parece aliviado quando recuso, depois começa a me contar sobre o amigo de um amigo que tem uma casinha de campo para alugar em Hudson. Por um minuto, acho que ele está de papo-furado, e começo a ficar inquieta. Só então percebo que ele a está oferecendo para mim.
– Hudson? – meu tom é cético. – Você acha que eu deveria me mudar para lá?
Joseph olha de seu celular, com uma expressão ilegível. Seus olhos permanecem em mim enquanto ouço Simon.
– É apenas uma opção – Simon continua. – O custo de vida é mais barato do que em Nova York e as crianças adoram o mar.
Por um minuto, consigo imaginar Charlotte na praia de cascalho, vento levantando seu cabelo e tornando suas bochechas coradas. Na minha imaginação, ela parece feliz e isso me faz começar a cogitar a ideia.
– Hudson... – digo novamente. Joseph sorri e olha de novo para seu celular. – Qual é a faixa de preço do aluguel?
Conversamos por mais algum tempo. Simon promete enviar um e-mail com mais alguns detalhes da casa de campo, e depois me diz que ele vai falar com o departamento de direito da família para descobrir o que posso fazer. Ele não menciona a noite passada, ou seus apelos para eu voltar.
Talvez realmente tenha aceitado dessa vez.
Quando nos despedimos, me sinto quase esperançosa, o suficiente para sorrir para Joseph quando ele se levanta e caminha em minha direção.
– O que é isso?
– O quê?
– Esse sorriso?
– Você quer dizer esse aqui? – arreganho os dentes pra ele, rindo como uma lunática. – Estou sorrindo porque você é lindo. E não tem nada de macho alfa.
Ele parece ofendido, embora eu ache que é um ardil.
– Eu sou macho. – quando ele me puxa para seus braços e me levanta do chão, eu começo a rir. – E mais tarde, quando você estiver pronta, vou te mostrar o quanto eu posso ser macho.

***

Mais tarde naquela noite, estou em pé no chuveiro de Joseph, deixando o poderoso spray de água lavar o estresse do dia. Foi necessário um pouco de persuasão para me tirar da casa, mas os funcionários de apoio prometeram que eu poderia voltar depois do jantar e passar a noite com Charlotte novamente.
Depois que enxáguo o condicionador do cabelo, saio e enrolo uma toalha em volta do corpo, tremendo ligeiramente, apesar do calor do verão. Não é a primeira vez que estive no quarto de Joseph, mas é a primeira vez que estive aqui sozinha. Não consigo deixar de me sentir um pouco intrometida, andando pelo espaço dele.
Dou uma olhada no guarda-roupa e vejo que Joseph é tão bagunçado em casa quanto no carro. O chão está coberto com uma miríade de diferentes tênis e sapatos. Algumas camisetas estão jogadas por cima, tendo caído dos cabides. No entanto, a desordem não é limitada à roupa. O resto de seu quarto está cheio de telas e tintas, apoiadas contra as paredes e empilhadas nos cantos. Tenho que admitir: ele conseguiu usar todo o espaço disponível.
Na cômoda ao lado de seu guarda-roupa está uma fotografia da família. Seu braço está sobre os ombros da mãe. Próximo a ele estão dois homens que parecem tão iguais que devem ser seus irmãos. Com o mesmo cabelo muito preto e os olhos verdes penetrantes. Eu me lembro da nossa primeira vez juntos que eles eram mais novos do que Joseph, mas não consigo me lembrar de seus nomes por nada.
Ainda há muito para aprender.
Sento-me na borda do colchão e uso uma segunda toalha para secar meu cabelo. Em algum momento, ele tirou o relógio e o colocou no criado-mudo, e eu inclino para ver que horas são.
É quando me sinto à vontade para olhar em suas gavetas. Não tenho certeza sobre o que espero ver, exceto um monte de cuecas e meias, mas preciso de todas as minhas forças para não abrir a gaveta, embora meus dedos estejam se demorando no puxador.
– O que você está fazendo? – Joseph entra, segurando uma espátula na mão. Ele parece achar graça em vez de estar ofendido, sorrindo enquanto olha para minha expressão de culpa.
– Nada. – rapidamente, puxo a mão de volta. – Só secando meu cabelo.
– Você precisa das minhas cuecas para te ajudar com isso?
– Eu não estava olhando lá dentro – digo. – Eu estava só... descansando um pouco. – que explicação mais tonta. Mas é verdade, ainda não olhei as cuecas.
Ainda.
– O que você espera ver? – sua voz suaviza quando ele vem em minha direção e coloca a espátula ao lado da foto de família, na cômoda.
Meus olhos se arregalam.
– Não sei. Cuecas, meias... camisinhas. – começo a tagarelar, tentando pensar em que diabos os homens realmente guardam nas gavetas do criado-mudo. As minhas sempre estão cheias de livros e chocolate, mas Joseph não precisa saber disso.
– Camisinhas? – sua voz mostra tanto divertimento quanto sua expressão.
Minha garganta fica seca quando ele vem e para na minha frente. Sua altura faz eu me sentir minúscula em comparação, e estremeço de novo, mas dessa vez não por causa do frio.
– E cuecas – digo.
– Você tem uma estranha obsessão com as minhas cuecas e minhas camisinhas. – ele se ajoelha diante de mim, afastando meu cabelo molhado do rosto. – Quer investigar isso mais a fundo?
Engulo, mas minha garganta continua ressecada. Quando ele fica assim tão perto, acho difícil pensar. A sensação de sua mão áspera na minha bochecha me faz suspirar.
Minha pele ainda está úmida do banho quando ele corre um dedo pelo meu pescoço, descendo até o peito. Ele desenrola minha toalha com um movimento, e ela cai aberta, amontoada em cima da cama.
Seus olhos estão escuros e estreitos quando ele olha para mim. Estendo a mão para ele, correndo os dedos pelos seus cabelos. Então seus lábios estão nos meus, duros e frenéticos, movendo-se desesperadamente em nosso beijo.
– Algum problema com isso? – ele me empurra de volta na cama, e meus cabelos molhados se espalham atrás de mim.
– Não.
Ele arrasta os lábios sobre minha garganta.
– Sei que você teve um dia difícil.
– Sim. – ainda estou respondendo por monossílabos. É difícil pensar em qualquer coisa, exceto na sensação do corpo dele, o quanto ele cheira bem. Em seguida, suas mãos estão cobrindo meus seios, e os dedos estão roçando os bicos, de forma que qualquer pensamento consciente é afugentado.
Seus lábios capturam um dos meus mamilos, seus dentes puxam suavemente a pele excitada. Preciso de todas as forças para não me esfregar nele.
Para conseguir respirar.
– A gente pode tornar isso um pouco mais difícil – ele murmura no meu peito.
Então me mostra o que quer dizer, pressionando a ereção na minha coxa, e também empurro o quadril, desesperada para senti-lo, sentindo vontade de retribuir na mesma moeda.
Somos uma confusão de toalhas molhadas e roupas secas. Meus dedos tremem enquanto desabotoo sua camisa e abro o zíper de sua calça jeans. Um minuto depois, nós dois estamos nus e necessitados, nossa pele quente, nossa respiração rápida. Fico maravilhada como estar com Joseph é tão bom quanto me lembro.
Musculoso e suave. Todos os músculos rígidos e a pele macia. Posso sentir seu peito quando ele o pressiona contra o meu. O abdome duro quando desço a mão. Curvo os dedos ao redor dele, e é sua vez de suspirar. Ele fecha os olhos e abre a boca quando começo a mover a mão para cima e para baixo. Seus quadris se movimentam no ritmo que criei, ondulando suavemente enquanto percorro seu comprimento com a palma da mão.
Estou tão consumida, que a sensação de seu dedo em mim é um choque. Abro os olhos e o vejo olhando diretamente para mim, fazendo um movimento circular, suave. O suficiente para me fazer gemer.
– Tudo bem? – ele pergunta de novo.
– Tudo, tudo. – mal consigo manter a respiração. Olhando para baixo, vejo sua mão me pressionando. Sua pele bronzeada é um contraste à minha cor-de-rosa.
Vejo os tendões e as articulações flexionarem e se contraírem, e sinto a sensação disparar direto por mim. Meus dedos se curvam cada vez que ele toca meu clitóris.
Então ele está em cima de mim, deslizando o corpo contra o meu. Juntos, molhada e ereto, somos nada além de sensações. Minha cabeça cai para trás na cama. Balanço os quadris para cima, e ele está a um momento de distância de deslizar para dentro de mim.
É muito diferente, ainda que a sensação seja conhecida. Porque nós mudamos, Joseph e eu, mas voltamos ao início, voltamos a ficar juntos. Quando ele empurra o quadril para frente, a ponta de seu pênis deslizando na minha carne dolorida, tenho que morder seu pescoço para não gritar.
– Caramba – ele suspira, fechando os olhos com força. – Ah, caramba.
– Por favor. – nem sequer reconheço a voz como minha. É necessitada. Desesperada.
– Demi, eu só...
– O quê? – minha respiração é rápida. Posso sentir meus músculos se contraírem, embora ele ainda não esteja dentro. Balanço novamente, e o modo como seu pênis desliza em mim, quase me faz gozar.
– Camisinha. Gaveta de cima – ele diz com dificuldade. Há um olhar de concentração em seu rosto, e todo o seu corpo fica tenso de encontro ao meu.
Embora leve um instante para localizar o preservativo e deslizar ao redor dele, ainda estou tremendo quando ele finalmente se alinha em cima de mim. Sinto sua pressão, quente e grossa. Minhas coxas se curvam em volta dos quadris dele, com medo de se afastarem.
Antes que ele sequer esteja dentro, estou no limite, com o fôlego prisioneiro da minha garganta. Joseph penetra facilmente no meu corpo escorregadio e então está me preenchendo, pressionando-se em mim da maneira mais deliciosa.
Começo a apertar em volta dele e todo meu corpo fica rígido, esperando... esperando por aquele momento de explosão.
Deixo escapar um gemido quando o prazer toma conta, chamas lambendo-me de dentro para fora. Estou pulsando e chorando e fincando as unhas na carne dele e então é a vez de Joseph soltar um grunhido grave.
E é a vez dele de ficar imóvel. Ele se impulsiona dentro de mim uma última vez, respiração presa na garganta. Eu o embalo nos meus braços, e ele pressiona todo o seu peso no meu, me beijando com lábios macios, desesperados.
– Demi...
Enterra o rosto no meu ombro, respirando depressa. Posso sentir seu coração batendo no peito enquanto ele relaxa sobre mim.
– Era isso que você estava procurando?
Fecho os olhos e deixo o sorriso puxar meus lábios. Ele me beija mais uma vez e eu faço que sim.
– Acho que era.

me desculpem a demora para postar mas minha vida foi bem corrida essas dias.
mais um capítulo de Jemi, que lindos eles dois <3
e a Charlotte? será que ela irá conseguir um lar para ela?
só temos apenas mais dois capítulos e agora é só alegria.
espero que tenham gostado amores.
me digam o que acharam nos comentários, volto logo.
respostas do capítulo anterior aqui.

03/02/2018

begin again: capítulo 39


Devastated

Quando vejo o nome de Joseph aparecer na tela do meu telefone, tenho que morder os lábios para não chorar. Três palavras simples me cortam até os ossos, arrancando a pele e virando do avesso.
Como está indo?
Ele está perguntando sobre meu jantar com Simon.
Minha resposta é breve. Até mesmo brutal. Mas não tenho energia para amaciá-las. Daisy está morta.
Charlotte se mexe nos meus braços, murmurando palavras ininteligíveis antes de recuperar a consciência aos poucos. Sua cabeça repousa no meu peito, todo manchado de lágrimas e vermelho. Mesmo em seu sono ela choraminga, mínimos suspiros a cada três respirações e acaricio seu cabelo, esperando que, de alguma forma, ela saiba que estou aqui.
Estamos sentadas em um sofá bege de couro falso no pequeno apartamento de Dee. É muito limpo e arrumado aqui. Até mesmo o gato parece bem treinado e sob controle. 0Quando ela me dá uma caneca de chá quente e doce e acaricia minha testa com a mão roliça, tento recompensá-la com um sorriso. Sai todo torto, mas ela não parece se importar. Pode ser taciturna, mas é incrível. Não sei o que teria feito sem ela.
Meu telefone vibra e sei que é ele. O pensamento de alguma forma me ancora no chão.
– Oi – falo baixinho no bocal, tentando não perturbar Charlotte.
Porém Joseph não parece ter captado a mensagem. Sua voz é alta. Isso me faz estremecer.
– O que diabos aconteceu? Você está bem, você se machucou? Jesus, querida, estou ficando louco aqui.
– Calma, Charlotte está dormindo. – há algum tipo de ironia acontecendo aqui. Entre nós dois, eu sou a mais calma. – Daisy teve uma overdose e Charlotte a encontrou. Ela me ligou no restaurante e vim direto. A polícia está aqui agora e nós estamos esperando a assistência social. – consigo dizer tudo isso sem ficar emotiva, porque são apenas fatos. Se ele me perguntar como estou, sei que vou acabar chorando como um bebê.
– Simon está com você?
– Não. Eu disse a ele para ir para casa. Não tem nada que ele possa fazer aqui e ele parecia realmente desconfortável. – não digo que Simon parecia um velho, tremendo de leve, enquanto olhava para a pobreza em torno dele. Ele ficou chocado, isso eu percebi. Como se não pudesse acreditar que um mundo como este pudesse existir em Nova York.
– Você ainda está em Bronx? – ele não espera por uma resposta. – Estou indo aí.
– Está tudo bem. Não precisa vir. Estamos só esperando a assistente social chegar. – não digo que não existe possibilidade de eu deixar que levem Charlotte de volta para o sistema de lares adotivos. Vou lutar com unhas e dentes se for preciso.
– Não pedi sua permissão. Vejo você em meia hora. – ele parece aborrecido, mas me aquece por dentro. Gosto desse toque nele. O lado protetor que não aceitaria “não” como resposta. É a razão pela qual ele esperou por horas na chuva enquanto eu estava sentada em uma delegacia de polícia. Ele quer cuidar de mim. Posso viver com isso.
Contanto que ele também me deixe cuidar dele. Direitos iguais. Charlotte e eu ainda estamos sentadas na mesma posição quando Joseph chega, cerca de trinta minutos mais tarde. Dee ligou a TV e algum programa policial oco de tarde da noite está passando na tela. Charlotte ainda está apagada, e seu cabelo escuro está emaranhado sobre o rosto. Se não fosse pelo fato de haver toda uma falange de polícia do lado de fora, eu iria levá-la daqui antes que a
assistente social chegasse. Quero enfiá-la na cama e ficar abraçada com ela até de manhã.
Ouço a voz dele antes de vê-lo. É distinta grave e um pouquinho áspera. Tê-lo por perto é como se alguém tivesse colocado um cobertor quentinho sobre meus ombros. Ele está aqui, parado na porta. Cabelo desarrumado e molhado como se tivesse acabado de sair do chuveiro.
– Como ela está? – quando Joseph chega mais perto, sinto o cheiro limpo de sabonete e o perfume suave do shampoo. Ele estende a mão para o cabelo bagunçado de Charlotte, sua expressão cheia de compaixão. – Coitada dessa criança.
– Ela apagou faz algum tempo. Foi demais. O choque, a mãe... 
Ele se senta ao nosso lado, levantando as pernas de Charlotte sobre o colo. O gesto me faz querer chorar. Em vez disso, olho para ele e ele olha de volta e parece que consegue ver através da minha alma.
– Quero levar vocês duas para casa e pregar a porta com tábuas. Não deixar ninguém entrar. – quando ele acaricia meu rosto, tenho que fechar os olhos por medo de perder o controle.
 – Acho que a gente poderia gostar disso. Pelo menos por um tempo.
Ele estende a mão e aperta a minha. Uma única lágrima escapa do canto do meu olho e escorre pelo meu rosto. Limpo a lágrima quase com raiva. Quero ser forte. Por Charlotte. Por mim. Mas Joseph não quer aceitar nada disso.
– Está tudo bem. – ele acaricia minha bochecha. – Você pode chorar, ela não vai notar. Mesmo se acordar, não importa. Você deve chorar, é algo pelo qual vale a pena chorar.
A necessidade de derramar lágrimas embarga minha voz.
– Se eu começar, acho que não vou conseguir parar. – não posso ser quem se deixa abater. Quando Digby morreu, eu mal existi durante meses. Dessa vez, porém, Charlotte precisa de mim. Desesperadamente. Não há possibilidade de eu chafurdar em autopiedade inútil.
– Você sabe, minha mãe tem um monte de dizeres idiotas e agora não consigo pensar em nenhum. Mas sei que chorar não é fraqueza. Existe força em mostrar suas emoções. Tomar o controle e colocá-las para fora. Então não se contenha por minha causa.
Meu lábio inferior começa a tremer. Tento pará-lo com os dentes, mas tudo o que consigo é fazer meus olhos se encherem ainda mais de água. Enxugo-os com a mão, mas Joseph me segura, não me deixa evitar. Quando as lágrimas começam a cair, ele se aproxima mais. O corpo de Charlotte fica apoiado em nós dois, e ele envolve o braço ao meu redor. Minha cabeça repousa sobre o ombro dele. Joseph acaricia meu cabelo quando começo a soluçar. Choro por Daisy, pela dor inútil de sua morte. E choro por Charlotte, uma criança sem mãe para abraçá-la à noite.
Joseph fica comigo até minhas lágrimas secarem.
Mesmo assim, meus ombros estremecem com soluços secos.

***

Ainda estamos abraçados quando chega a assistente social em serviço. Esta eu não reconheço e, de sua relativa juventude e máxima inquietação, tenho a sensação de que é recém-formada. Neste caso, é algo ruim, porque ela vai tentar se manter firme demais às regras.
– Preciso levá-la ao abrigo e poderemos avaliar o caso pela manhã – diz ela, quando pergunto se posso levar Charlotte para casa comigo. – Não posso permitir que você a leve para uma casa desconhecida. É contra nossas diretrizes.
– Você diria o mesmo se Demi fosse a tia dela? – Joseph pergunta. – Essa menina acaba de ver a mãe morrer na frente de seus olhos e você quer levá-la para longe da única pessoa que ela conhece? Que merda de diretrizes são essas, hein? – ele pode ser assustador quando fica irritado. A assistente social se afasta, intimidada. Estendo a mão para acalmá-lo.
– Não tenho antecedentes e sou conhecida do serviço social. Conheço até mesmo a equipe do abrigo. Você não pode me deixar levá-la para casa por esta noite?
Ela sacode a cabeça e ouço Joseph murmurar “só estou cumprindo ordens”. Em mais um minuto, acho que ele pode realmente explodir. Estou muito mais calma do que ele, até mesmo gélida, porque estou absolutamente certa de que não vou deixá-los separar Charlotte de mim. Mesmo se eu tivesse que algemar nós duas juntas, a única pessoa que ela vai ver quando acordar será eu.
– Eu vou com ela para o abrigo. – não digo como uma pergunta. – Se vai te ajudar a dormir à noite, vou ficar lá e de manhã nós podemos falar sobre a guarda. Mas não vou deixá-la sozinha esta noite.
A assistente social reclama um pouco, mas depois confirma com a cabeça como se estivesse aliviada por não ter que brigar mais. Joseph está irritado ao meu lado, olhando para ela com uma expressão solene. Quero ficar aqui, em nossa pequena bolha de três, porque não importa o quanto o sono de Charlotte seja torturado e doloroso, não é nada em comparação ao inferno que ela vai enfrentar quando acordar.
Quando se lembrar de que a mãe está morta.
Meu estômago se agita quando penso nas barreiras que ela terá de enfrentar, a dor que vai ter de superar nos próximos meses. Ela é muito pequena para enfrentar tudo isso sozinha. Não deveria ter que passar por isso.
Ninguém deveria.
No final chegamos ao abrigo pouco depois das três da manhã. A funcionária da noite mexe na porta da frente, abrindo-a para revelar seu macacão do Ursinho Pooh justo no corpo. Bocejando, ela nos leva para um quarto vazio. Joseph anda atrás de nós, levando Charlotte nos braços. Meu coração dói um pouco quando vejo a expressão de ternura no rosto dele. Joseph a coloca sobre a cama de solteiro arrumada e me puxa para um abraço.
– Me liga de manhã, tá? Me conte como ela está. – no caminho para cá, fizemos planos sussurrados no banco de trás. Concordamos que eu iria assumir a liderança. Tentar nos apresentar como uma espécie de casal viável quando apenas acabamos de nos reco-nectar seria uma loucura.
Para não mencionar o fato de eu ainda estar casada.
– Eu ligo. – minha voz oscila. Não importa o quanto eu seja determinada, o futuro parece assustador. Ele segura meu rosto nas mãos quentes. Estou quase sem respirar quando passa os lábios nos meus. Me agarro às costas de sua camisa por um instante longo demais, porque tenho muito medo de esta ser a última vez que estamos juntos.
– Se você precisar de mim eu vou estar aqui. Se lembre disso. – outro beijinho e ele se afasta.
Quando Joseph atravessa a porta, a única coisa que me impede de sair correndo atrás dele é Charlotte. Seu corpo minúsculo está encolhido em cima da cama, sua camiseta do One Direction, torcida em volta da cintura. Seu sono é irregular, seu corpo estremece de vez em quando, por causa de algum monstro invisível assombrando seus sonhos. Vou até a poltrona dilapidada no canto do quarto e a puxo até a cama, como se eu estivesse fazendo visita no hospital. Apesar de ser tarde da noite, não há possibilidade alguma de eu adormecer. Existem coisas demais em que pensar.
Esta manhã, eu era uma mulher a caminho do divórcio, tentando conciliar uma relação florescente com outra moribunda. Vivendo em um único quarto numa parte insalubre da cidade. Mas agora... agora tudo muda. É como se o mundo estivesse girando no eixo, pendendo para a esquerda até que a última coisa que me restasse fosse me agarrar com unhas frágeis, com as pernas agitadas embaixo de mim enquanto tento encontrar um equilíbrio.
Quanto a Joseph, nem sei onde ele se encaixa nisso tudo. É complicado o suficiente como está, com nossa história comum e nosso começo instável. Entretanto, não é nada em comparação a esta nova adição. Nem sei o que ele pensa sobre filhos, e muito menos se gostaria de estar envolvido na vida de Charlotte. Não é o tipo de conversa que considerei ter com ele em meios a beijos e quase sexo.
Como Nicholas diria, “Merda, isso acabou de ficar sério”.
Mas há outro problema. Mesmo se eu pudesse decifrar como Joseph e Charlotte se encaixam na minha vida, existe o pequeno detalhe de um lugar para morar. Não existe possibilidade de eu receber a custódia se estiver morando numa casa compartilhada. Nem sequer tenho um quarto para colocá-la. Com meu salário limitado não posso nem me dar ao luxo de viver em uma quitinete, muito menos um apartamento de dois quartos.
O que me leva a Simon. Sei que ele é a solução óbvia quanto a essa questão. Ele se ofereceu para me comprar um apartamento e recusei. Não quero o dinheiro dele, quero ser capaz de seguir em frente sem ele, mas isso não ajuda a situação de moradia atual.
Argh. Está tudo errado.
Esfrego o rosto com a palma das mãos, como se as respostas para todos os meus problemas estivessem em algum lugar. Pressiono-as nos meus olhos com tanta força, que vejo estrelas minúsculas rondando na escuridão, mas nenhuma solução milagrosa aparece. Apenas uma náusea irritante perturbando a base do meu estômago.
O amanhecer se esgueira por entre as cortinas como uma criança travessa, se estendendo sorrateiramente sobre o tapete verde-claro, até que o sol beije o rosto de Charlotte. Ela mexe a boca e geme um pouco, rolando para escapar do brilho. Mas seu corpo reagiu um instante tarde demais, porque a manhã já afugentou o conforto do sono, fazendo-a piscar. Ela se senta, confusa. Franze a testa quando me vê sentada ao lado dela.
Seu lábio treme e a respiração fica irregular assim que ela toma consciência. Memórias retornam como um punhal cruel, e se eu viver até os cem anos, nunca mais quero ver tanta dor em seu rosto. Atinge-me no peito, forte o bastante para roubar meu ar, e logo que ela começa a chorar, sinto minhas próprias lágrimas encherem os olhos.
– Minha mãe...
Balanço a cabeça.
– Eu sinto muito. – quando vou até ela,  Charlotte afasta o braço com um tranco, e fecha os dedos em punhos. Ela parece ter raiva, como se eu fosse a responsável.
– Não! Ela não morreu. Ela só está mal, como da última vez. Ela me disse que você iria me tirar dela. Disse que eu tinha de ficar longe de você. 
Não posso mentir, a rejeição dói. Mas é natural e não posso culpá-la. Em vez disso, deixo a mão sobre o lado da cama, pronta se ela precisar.
– Ela não sobreviveu – sussurro. Minha voz soa rouca de emoção. – Eles tentaram salvá-la, realmente tentaram, mas já era tarde demais. Ela já tinha partido.
Charlotte abre a boca como se fosse falar, mas as palavras não saem. Então percebo que ela não está falando. Está gritando em silêncio. Faço um grande esforço para não me juntar a ela. Quero muito segurá-la, confortá-la, sentir seu corpo macio no meu. Mas não posso, não até que ela esteja pronta. A espera me mata. Ela começa a balançar para trás e para frente, envolvendo os braços na cintura, sua respiração ainda forçada e dura.
E parada eu espero, porque essa é a única coisa que posso fazer.
Leva cinco minutos para ela se acalmar e conseguir falar, embora pareça muito mais tempo. Meu coração se parte de novo quando ela se vira para mim com os olhos arregalados e pergunta:
– Para onde eu vou?
Como é terrível não saber onde é nosso lugar. Entendo o sentimento bem demais. Tentei fugir quando me casei, mas mesmo assim a sensação me assombra.
– Pode vir comigo, se você me quiser. Pode demorar alguns dias, e você vai ter que ficar aqui e ser muito corajosa, mas prometo que vou resolver as coisas o mais rápido que eu puder.
Ela se aproxima um pouquinho mais de mim. Seu movimento é quase imperceptível, mas existe.
– Tenho de encontrar um lugar para a gente morar, e preciso falar com sua assistente social sobre umas coisas de gente grande. – inclino-me mais perto, esperando que ela possa sentir o quanto estou falando sério. – Mas vou resolver as coisas o mais rápido que eu puder, porque quero você comigo.
Seu lábio inferior treme.
– Mas minha mãe disse que eu não deveria falar com você.
Ai, Deus, como discutir isso sem sombra da memória que ela tem de Daisy?
– Eu acho... acho que ela gostaria que você ficasse comigo. Sei que ela estava com raiva de mim, mas nós teríamos feito as pazes. Como quando você briga com os amigos. Depois de um tempo, a briga passa, não passa?
Charlotte confirma com a cabeça lentamente.
– Bem, foi um pouco assim. Discutimos sobre algo bobo, mas eu ainda a amava. E amava você. Tivemos apenas uma diferença de opinião.
– Sobre o que vocês discutiram? – sua voz é calma. Quase contemplativa.
– Sobre Darren. – tento deixar as coisas tão simples quanto possível. – Não gosto muito dele, mas deixei sua mãe chateada quando falei isso para ela.
Charlotte fica em silêncio. Observo-a puxar as bolinhas do cobertor, tirando as fibras e as deixando cair suavemente sobre o lençol. Quando ela olha para mim, há algo que se assemelha à compreensão em seus olhos.
– Eu também não gosto muito dele – sussurra, como se ele estivesse perto o suficiente para ouvir. Há coisas demais com que lidar, não apenas a morte da mãe, mas a forma como Darren a tratou. Vai demorar mais do que algumas semanas para reparar seu coração partido.

esse capítulo é o mais triste :(
tadinha da Charlotte e da Demi.
mas prometo que muitas coisas boas irão pode vim.
será que a Demi irá conseguir ficar com a Charlotte?
espero que tenham gostado amores.
me digam o que acharam nos comentários, volto logo.
respostas do capítulo anterior aqui.