23/10/2017

begin again: capítulo 13


Nove anos antes

– Íris! Ei, Íris. – viro-me e vejo Digby chamando atrás de mim. Está usando um chapéu fedora preto e o segura com a mão para impedir que voe enquanto ele corre. A maioria dos rapazes iria parecer idiota nos trajes dele: calça de alfaiataria skinny cinzenta, suspensórios vermelhos e uma camisa listrada azul. Mas Digby tem uma aura descolada que as roupas malucas não podem estragar.
– Oi – sorrio timidamente. Ainda é difícil acreditar que essas pessoas finalmente me notaram. Depois de quase um ano os rodeando.
– Festa na minha casa hoje à noite. Acabamos de receber uma entrega de viúva branca. Hora de abrir. – ele sorri, revelando uma fileira de dentes quase perfeitos, maculada apenas por um incisivo torto. – Você vem?
Ele está me convidando para ir a essa festa? Ou está me perguntando se já fui convidada? Enrugo a testa, ponderando a etiqueta para ir a festas de drogas. Eu quero ir. Muito. Porque Joseph vai estar lá.
– Hum, quando é?
– Hoje à noite – Digby repete, paciente.
Se eu fosse mais corajosa, poderia revirar os olhos. Em vez disso, tento esclarecer.
– Que horas?
Ele começa a rir, como se eu estivesse fazendo a pergunta mais estúpida.
– Você é tão doce. Não é de admirar que Joseph goste de você. – seu sorriso se torce com divertimento. – Eu nem tinha pensado em um horário. Apenas esta noite, qualquer horário.
– Umas oito? – não chegar cedo, nem tarde.
– Ah, Íris. Sabe que, se Joseph não tivesse reivindicado você primeiro, eu poderia me apaixonar. – ele está olhando para mim como se eu fosse um espécime em um museu. – Vou lhe dizer uma coisa, venha às oito e nós podemos compartilhar o primeiro baseado da noite. Prometo não enfiar a mão na sua calça, e você pode me deixar todo risonho e feliz.
Chego lá às 19h57. Levanto a mão e estou prestes a bater os nós dos dedos na porta quando ela é aberta. Logo na entrada do corredor, está uma menina com aparência de muito entediada. Ela joga o cabelo loiro sobre os ombros e olha para mim por um momento.
– O Digby está? – tento olhar ao seu redor. Todas as cortinas estão fechadas, a despeito do fato de que ainda há luz lá fora, e tudo parece sombrio e escuro.
– Está. No andar de cima. – ela sai andando, deixando-me parada no degrau, com a porta da frente escancarada. Hesito, me perguntando se eu deveria entrar ou se deveria esperar por um convite. Levo alguns instantes para perceber que ela não vai voltar.
Vista pelo lado de fora, é uma bela casa geminada em estilo vitoriano, em uma rua arborizada a cerca de um quilômetro e meio do campus. No interior, porém, é uma questão diferente. Assim que entro no corredor, tropeço em cima de uma pilha de sapatos e evito por pouco cair em uma bicicleta que está encostada na parede. Há uma pilha de correspondência sem importância à esquerda da bicicleta, e passo com cuidado sobre ela.
Todo o corredor fede. É uma mistura de chulé e poeira, atada com um toque de testosterona. Eu poderia ter vindo aqui com os olhos vendados e saberia dizer que era casa de homem. É exatamente a mesma coisa nos quartos dos garotos no conjunto estudantil onde moro. Eles acendem incensos quando levam as garotas para lá, esperando que vá disfarçar o mau cheiro.
A escada é de madeira e está coberta por uma passadeira listrada desbotada presa no lugar com barras de latão. As partes da escada não cobertas pelo tapete estão cobertas com rolos de poeira. Quando subo para o primeiro andar, imagino que estou deixando uma nuvem de poeira atrás de mim, como um caminhão que percorre um deserto.
Quando chego ao patamar, me deparo com cinco portas. Sei que Joseph às vezes fica aqui, e que alguns de seus amigos também vivem aqui. Os pais de Digby compraram a casa para ele como um investimento. Eu me pergunto se têm consciência do estado em que Digby a mantém.
– Digby? – digo baixinho, não querendo chamar a atenção para mim. Em seguida, percebendo que quero chamar a atenção afinal de contas, digo um pouco mais alto: – Digby ?
A porta no final do corredor se abre, revelando Digby cercado por uma névoa de fumaça. Seus olhos estão fora de foco, e ele só está vestindo cueca samba- canção e nada mais. Seu peito nu não tem pelos e é um pouco pastoso. Quase sem músculos definidos.
– Íris. Você veio. – ele acena, me mostrando o baseado entre o polegar e o indicador. – Acho que começamos sem você.
– Estou vendo. – ainda estou em pé no topo das escadas. O fato de ele estar seminu me choca, me deixa constrangida. Erva somada a um cara sem camisa está disparando todos os meus sinais de alerta.
– Entre, entre. – ele acena para seu quarto com um floreio. – Eu queria fazer a festa no térreo, mas a Bruxassauro disse que eu não podia.
– Bruxassauro?
– A droga da minha irmã. Ela veio para ficar por alguns dias. Pensa que é minha mãe.
Acho que isso explica a loira infeliz.
Relutante, ando em direção ao quarto dele e, de repente, fico aliviada quando ouço vozes vindas de dentro. Me encolho para passar por Digby e vejo a menina de cabelos escuros do lago enrodilhada num pufe com um copo de vinho na mão.
Ao lado dela está um garoto de aparência séria, com óculos de armação de arame.
Ela olha para mim sem sorrir.
– Onde está Joseph?
Sinto-me um pouco ofendida. Como se, sozinha, eu não tivesse importância.
– Não sei, ele não vem?
Digby começa a rir.
– Você disse a ele, não disse?
Nego com a cabeça e meu coração afunda. É basicamente a razão de eu ter vindo. E começa a fazer sentido para mim que a única razão por terem me convidado é porque eles queriam que eu trouxesse Joseph. Algo estranho, porque é amigo deles.
– Porra, não acredito – diz a menina gutural. – É uma merda, a gente nunca mais o vê e depois quando pede para você o trazer junto, você esquece.
Digby dá de ombros.
– Está tudo bem. Um de vocês pode ir e chamar Joseph, enquanto Íris e eu terminamos esse cigarro maravilhoso. – ele me puxa para sua cama desfeita, onde se senta e dá uma tragada profunda. Quando me oferece o baseado, eu o pego avidamente de suas mãos, desesperada pela calma que sei que a droga vai trazer. Me sinto tão fora de lugar e tão sem sofisticação que quase quero chorar.
Vai ser uma longa noite.
Viúva branca, ou white widdow, em inglês, é um tipo de maconha produzido na Nova Zelândia.


amores, queria falar com vocês que os capítulos tem um número grande de visualizações porém não vejo muitos comentários, gostaria que vocês comentassem para me dizerem se estão gostando da história pois é muito importante para mim ok?
sobre o capítulo, mais um pouco do passado da Demi.
ainda bem que nos dias de hoje ela se livrou das drogas.
ainda tem bastante para descobrir sobre o passado deles.
me digam o que acham nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

4 comentários:

  1. Eu não estou gostando. Estou amando. Continue e não desanime por favor. ❤🔝

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fico feliz que esteja gostando amor e eu não vou desanimar.
      Vou postar novo capítulo hoje.
      Beijos, Jessie.

      Excluir
  2. Heey! Leitora Nova..
    Não desanima não, mal comecei e já estou completamente apaixonada pelas suas fanfics!!!
    Um beijo, ansiosa pelo próximo capítulo <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Seja bem-vinda amor, ficou muito feliz que você esteja gostando.
      Não vou desanimar, pode deixar.
      Vou postar novo capítulo hoje.
      Beijos, Jessie.

      Excluir