20/03/2017

Aviso.


Importante!

pessoal, venho comunicar que eu não sei quando eu volto de novo para postar pois estou sem computador, provavelmente irei comprar um novo na semana que vem, se não, só na outra. 
é muito ruim postar pelo celular, fico um tempo só para editar um capítulo, então prefiro esperar pelo o computador novo.
espero que entendam e não me abandonem, volto em breve com vários capítulos legais.
bjs amores <3

15/03/2017

heartbeat: capítulo 35


Algo de malévolo vem chegando

Demi fechou a porta da cobertura e sorriu quando Joseph se levantou do sofá segurando uma caixa de bombons do Dia de São Valentim. Tirou o casaco e o cachecol e os atirou no sofá enquanto ia até ele, cruzando a sala de estar.
– Você sabe que isso já tem quase duas semanas, né? – ela sorriu e enlaçou o pescoço dele. – Por acaso, alguma vez na vida você come qualquer coisa saudável?
Com um sorriso achocolatado, ele a beijou.
– Sim, eu sei que esses bombons têm quase duas semanas. E não: quanto menos saudável, melhor.
Demi saboreou o chocolate que ele lhe havia passado com os lábios. Era surpreendente que Joseph vivesse à base de açúcar e, ainda assim, tivesse dentes que qualquer dentista teria orgulho de dizer que havia tratado. Para ele, quanto mais doce, melhor. Nos últimos dois meses, Demi descobrira outras pequenas coisas sobre Joseph que o faziam ser quem era. E a pessoa pela qual ela continuava a se apaixonar. Duas vezes ao dia, sem falta, ele passava pelo menos trinta minutos, às vezes mais, no chuveiro, enchendo o banheiro de vapor quente, ouvindo Breaking Benjamin aos berros no som surround embutido nas paredes.
Para a surpresa dela, mas sem dúvida para o seu prazer, Joseph tinha a maravilhosa mania de dormir nu. Ela era uma menina de sorte que acordava todas as manhãs ao lado de nada menos que um macho alfa pelado, com um membro e duro como pedra.
Não que Joseph também não tivesse hábitos esquisitos. Demi achava que seu comportamento beirava o TOC e que ele precisava de um terapeuta. Tinha uma grave mania de limpeza. Merda, se ele encontrasse uma mísera migalha de um sanduíche, não levava nem meio segundo para pegar toalhas de papel e um produto de limpeza. Demi ria, confusa, pois Joseph tinha uma faxineira que vinha limpar a casa quatro vezes por semana. Era como se a cobertura precisasse estar brilhando antes de a mulher chegar para trabalhar.
Desnecessário dizer que Demi tentava livrá-lo dessa esquisitice e convencê-lo de que não havia problema em deixar roupa suja empilhada num canto. No entanto, ela costumava perder essa batalha. De qualquer forma, considerava cada uma de suas idiossincrasias encantadoramente fofas. Não conseguia deixar de amar as muitas camadas de Joseph.
Com um sorriso, ela deixou cair a bolsa e uma enorme pilha de correspondência sobre a bancada da cozinha. Joseph a seguiu e se atirou numa cadeira, observando Demi abrir a geladeira. Passando em revista a exuberante pilha de convites para bailes beneficentes locais, Joseph pegou seu primeiro exemplar de assinante da Architectural Digest.
– Tem uma carta aqui para você – informou-lhe Joseph, deslizando o envelope por cima da bancada de granito. Abrindo a revista, contemplou uma luxuosa villa italiana em Agropoli, empoleirada sobre o mar Tirreno. – Paguei o seu cartão. Se for esconder as suas faturas num esforço tenebroso de me dissuadir de pagar as suas contas, sugiro que você encontre um lugar mais inteligente do que a sua caixinha de joias. – exibindo um sorrisinho cretino, ele deu de ombros displicentemente. – E tem uma surpresa para você no compartimento inferior. Agora eu também estou sendo furtivo.
Comprimindo os lábios, Demi ergueu as sobrancelhas em sinal de culpa, mas concordando que deveria encontrar um esconderijo melhor. Pegou o envelope da bancada e beijou a têmpora do furtivo namorado.
– O que você comprou para mim?
Com os olhos grudados na revista, falou com um tom de voz tão suave quanto uma brisa de outono.
– Vou me abster de responder e deixar que você descubra sozinha. –
acenando com a cabeça na direção do quarto, ele sorriu, os olhos verdes ainda grudados na revista. – Vai lá.
Com um suspiro e um sorriso, Demi partiu para o quarto. Enfiou o dedo debaixo da aba do envelope para abri-lo e acabou cortando o dedo. Chupou o machucado, tentando aliviar a dor. Enquanto a ardência diminuía, segurou o envelope com a mão boa e o virou. Seu coração quase parou quando reconheceu a caligrafia.
Apesar de não haver remetente, o garrancho de Alex era inconfundível. Ela engoliu em seco e tirou o papel de dentro, desdobrando-o depressa. Com o coração saltando loucamente, deu de cara com a fotocópia de uma explicação dos benefícios do seu antigo plano de saúde. Tratava-se de um detalhamento da sua visita ao médico algumas semanas antes. Ficou confusa, pois se lembrava de ter dado à recepcionista o número novo do seguro e o novo endereço, não entendia como a papelada tinha ido parar nas mãos de Alex. Com um marca-texto vermelho-sangue, ele circulara “Ultrassonografia fetal do primeiro trimestre”. No pé da página, escreveu:
Três meses antes do dia da consulta, você e eu estávamos... noivos e felizes. Acho que você tem alguma coisa para me dizer!!!! Se não me ligar no instante em que abrir isto, vou ligar para a porra de um advogado.
Passando a mão trêmula pelos cabelos, Demi deu meia-volta e retornou à cozinha devagar. Joseph insistira que não contassem a Alex. Acreditava piamente que ele não merecia saber que Demi estava grávida até terem uma resposta definitiva sobre quem era o pai. Sem querer ir contra a decisão dele, embora tivesse as suas reservas sobre a omissão, Demi concordara, relutante.
As palavras ditas por Selena na boate, havia algumas semanas, dispararam como sirenes na cabeça de Demi. Aquilo realmente podia ficar ruim para ela. Sem dúvida Alex entraria na justiça se fosse o pai. O pensamento a fez gelar até os ossos, imagens de Alex tentando tirar o filho dela cravaram adagas em seu coração.
Colocando o papel diante de Joseph, respirou fundo, esperando a sua reação. Observou sua expressão passar de ligeiramente confusa a impassível, e raivosa por fim. Os olhos se acenderam como carvões em brasa, a ira ardendo. Mais um arrepio percorreu o corpo de Demi enquanto ele se colocava de pé bruscamente, atirando a revista sobre a bancada.
– Como ele ficou sabendo?
– Eu não tenho ideia – sussurrou ela, ainda em estado de choque.
– Você tinha um plano de saúde com ele?
Demi assentiu.
– Quando eu me mudei para Nova York, ele pagou uma apólice particular porque não podia me acrescentar à que tinha pelo trabalho sem a gente ser casado. Ele sabia que eu não teria direito ao plano de imediato, assim que começasse a lecionar. Mas atualizei os dados com a recepcionista no dia em que a gente foi fazer o exame. Não entendo o que aconteceu. – remexendo nervosamente no medalhão que Joseph lhe dera de Natal, Demi já respirava com sofreguidão. – Ele vai me processar e vai tentar tirar o bebê de mim por não ter contado nada. Preciso de um advogado. Eu não posso, eu não posso passar por uma coisa dessas.
Ela conteve um soluço, o corpo curvado para a frente. Apoiando o braço na bancada de granito frio, sentiu a mão de Joseph em sua nuca.
– Eu não permitiria que ele tirasse o bebê de você – afirmou Joseph, resoluto.
Tentando recuperar o fôlego, ela balançou a cabeça. 
– Demi, olhe para mim – ordenou ele, com um sussurro suave. Com o corpo trêmulo, ela se endireitou, os olhos marejados. – Se eu tiver que contratar todos os advogados desta porra de cidade, eu vou contratar. Eu nunca permitiria que ele a machucasse dessa maneira. Você está me entendendo?
Demi queria acreditar em Joseph, mas não conseguia. Seus pensamentos, cuidadosamente treinados, não permitiam. Alex se fora, mas a sua influência não estava longe. Aquela seria a sua vingança. Meu Deus, aquilo seria mais do que vingança. Ela podia sentir. Tudo de manipulador e de horrível no qual ele havia se transformado certamente teria o seu momento no palco durante uma grandiosa batalha travada diante de um tribunal que poderia puni-la por esconder aquilo tudo. Ela sabia que, naquele momento, ele estava fervendo de raiva, esperando a ligação dela.
– Tenho que ligar para ele – afirmou ela, dirigindo-se ao escritório.
Joseph a segurou pelo cotovelo.
– A gente não vai ligar para ele, Demi.
Com os olhos arregalados, ela se desvencilhou.
– Se você pensa, nem que seja por um minuto, que vou seguir o joguinho dele, está enganado. Nosso glorioso plano de não deixar que ele soubesse acabou de sair pela culatra e eu não estou disposta a perder o meu direito à guarda.
Um mau pressentimento provocou um calafrio em Joseph e fodeu com a sua cabeça.
– Então você está partindo do pressuposto de que o filho é dele.
– Nada disso! – retrucou ela, com incontestável veemência.
Entrou no escritório e, tirando o fone do gancho, começou a discar o número de Alex, mas a mão firme de Joseph o tirou do seu alcance.
– O que é que você está fazendo? – questionou ela, com um arquejo. – Eu vou ligar para ele.
Joseph roçou o polegar carinhosamente pelos lábios trêmulos dela, seu rosto era uma máscara de angústia.
– Demi Lovato, você vai se acalmar – disse com um tom suave. – Adoro uma boa briga com você, boneca, fico cheio de tesão, mas nem a pau vou brigar com você por causa desse babaca outra vez.
– Mas...
– Sente-se.
Ela botou a mão na cintura.
– Você não pode me dizer o que fazer!
– Continue. – com um sorriso perverso, Joseph cruzou os braços. – Meu pau está ficando mais duro a cada berro que você dá.
E de fato estava. Pressionando a calça de moletom. Não havia como negar que aquilo o deixava morto de tesão.
Demi mordeu o lábio e se atirou na poltrona de couro à frente da escrivaninha. Inclinando a cabeça para o lado, estreitou os olhos.
– Não me surpreende que esteja ficando duro. Já faz algumas semanas que não transamos. Você não só tem me deixado louca de desejo como, pelo visto, tem feito o mesmo consigo mesmo.
Joseph riu, divertindo-se com a facilidade com a qual ela havia começado a fazer piada dele. É, ele estava transformando a sua garota na tigresa que sempre soube que ela era.
– Não estamos aqui para discutir sexo.
Demi revirou os olhos.
– Ou a falta dele.
Inclinando-se, Joseph apoiou as mãos nas laterais da poltrona, o nariz roçando o dela de leve.
– Agora que você já se acalmou um pouco, está pronta para conversar comigo?
Aquele timbre grave e sexy a fez se arrepiar. Maldito. Ela se sentia como uma colegial sendo repreendida por um professor, com quem só queria trepar.
Respirando lentamente, fingiu desinteresse.
– Tudo bem. Vamos conversar.
– Obrigado – sussurrou Joseph, afastando-se.
Ele foi para trás da escrivaninha e se acomodou na cadeira. Unindo as pontas dos dedos debaixo do queixo, fitou Demi e buscou palavras que pudessem expressar o que lhe passava pela cabeça.
– Primeiro: mulher que eu amo mais do que bombons de Dia dos Namorados, mulher pela qual eu daria a vida me jogando na frente de um trem-bala, você precisa compreender que as chances de ele tirar esse bebê de você vão de baixas a nulas. Ele a agrediu. A justiça tem isso registrado.
Demi fez menção de falar, mas Joseph ergueu um dedo para calá-la. Ela suspirou e ele foi em frente:
– Segundo: o que você disse antes... me incomodou. Eu ouvi a suposição na sua voz. Ninguém aqui é idiota. Sabemos que o número de vezes – Joseph se retraiu diante da ideia – que você transou com ele naquela semana nem se compara ao número de vezes que nós transamos. Mas estou contando com o fato de o meu esperma ser muito mais poderoso. O Alex é um homem fraco, então ele tem um... exército fraco, por assim dizer. Isso me coloca no mesmo páreo do babaca. Para mim, tem um moleque de olhos verdes e cabelos pretos nessa barriga linda.
Joseph piscou para ela, curtindo o queixo caído da namorada.
– Terceiro: não, eu não posso lhe dizer o que fazer. Ele estendeu a mão em direção ao telefone. – Mas posso afirmar que, se você ligar para Alex neste instante, ele vai bancar o covarde que sempre foi. Vai fazer exigências com as  quais a gente talvez não concorde. Qualquer que seja a sua decisão, eu vou apoiar, porque você é um doce e eu a amo, mas não vou querer ouvir reclamações depois que o babaca nos confrontar com ideias delirantes.
Demi ficou de pé, deu a volta na escrivaninha e sentou-se no colo de Joseph.
Ele sorriu, o olhar caloroso, enquanto ela se aconchegava em seu ombro. Desenhou círculos na camiseta preta e gasta do Linkin Park que ele usava.
– O senhor me daria permissão para falar, agora?
Ela sorriu, sentindo a vibração profunda de uma risada por seu peito. O sol fazia brilhar o cabelo dela e Joseph ficou morrendo de vontade de tocá- lo. Cedendo à tentação, enterrou os dedos em suas mechas encaracoladas, acariciando-lhe a nuca.
– Por favor, se você acha que consegue, fale, por favor.
– Obrigada. – ela se aconchegou ainda mais, deleitando-se com o toque. – Certo. Primeiro: alguns dias depois que o Alex... bateu em mim... – ela fez uma pausa, olhando para Joseph ao notar que seu corpo ficara rijo. Enroscou-se nele, levando os joelhos até o peito, enquanto ele enlaçava sua cintura. – Alguns dias depois, visitei um abrigo local para mulheres vítimas de violência. Foi a assistente da promotoria que sugeriu, então eu fui, tentando adquirir o máximo possível de insight de outras mulheres que passaram por experiências semelhantes. Várias estavam com os filhos. Não só elas temiam morrer como estavam arrasadas porque os tribunais as haviam desapontado. Não negaram a esses animais o direito de ver os filhos. Eles têm permissão para fazer visitas supervisionadas. Não importa a quantidade de dinheiro. Pode acreditar, havia mulheres diversas ali: ricas, pobres, jovens, velhas, negras, brancas etc. Algumas tinham os advogados mais bem-pagos da cidade. E não fazia diferença. Se a criança não estiver sofrendo maus-tratos, a maioria dos juízes, senão todos, concedem visitas supervisionadas.
Fazendo outra pausa, ela olhou nos olhos dele, a voz suave.
– É disso que eu tenho medo. Você é o homem mais poderoso que já conheci, em diversos sentidos. Mas, nesta situação, o seu dinheiro não é de grande valia.
Joseph fez menção de dizer alguma coisa, mas foi a vez dela de erguer o dedo para calá-lo. Ela se enganchou em seu colo, dando-lhe um beijo longo e apaixonado. Depois de um momento, quebrou a conexão, esperando remendar o pedacinho do coração dele que estava certa de ter partido.
– Segundo: sinto muito se você ouviu a suposição na minha voz. Permiti que o medo me dominasse. Mas agora sei que você está bastante certo de que o seu... exército pode vencer essa batalha e prometo que nunca mais vou pôr em dúvida essa questão. Para mim, há um moleque de olhos azuis e cabelos pretos na minha barriga, atualmente nada bonita. Menino ou menina, na minha cabeça já é um torcedor fanático dos Yankees.
Sorrindo, Joseph ergueu uma sobrancelha em sinal de ceticismo.
– Sua barriga está perfeita, então pode acrescentar “nada bonita” à lista de coisas que eu não quero voltar a ouvir. E você vai me dar o direito de escolher o time?
– Eu lhe daria o mundo, se pudesse.
Mal sabia ela que já dera. Joseph beijou-a profundamente enquanto deslizava as mãos pela gloriosa curva de sua cintura. Acariciando a barriga linda e perfeita com os polegares, imaginou o minúsculo torcedor dos Yankees. O coração deu um salto dentro do peito, trazendo junto um anseio tão grande de que aquela criança fosse sua que achou que poderia sufocar.
Demi se afastou lentamente, os lábios avermelhados. Com um olhar suave, entortou a cabeça e sussurrou:
– Terceiro: sim, eu acho que a gente precisa ligar para o Alex, Joseph. Agora que ele sabe, só vai complicar as coisas ainda mais se a gente não fizer isso. Não sei se estou preparada para as exigências loucas, mas prometo não reclamar depois.
Após um instante de hesitação, Joseph assentiu. Com as entranhas em chamas, estendeu a mão para o telefone.
Reposicionando-se no colo de Joseph, Demi engoliu em seco, olhando-o apertar o botão de viva-voz e, em seguida, digitar o número de Alex. Alguns toques mais tarde, lá estava a voz que Demi imaginou nunca mais ter de voltar a ouvir.
– Ah, imaginei que receberia uma ligação hoje. – a arrogância ecoava pelo escritório como se ele estivesse presente. – Então, eu soube que nosso triozinho está grávido? Mas que teia emaranhada a gente...
– Que porra você quer, babaca? – rosnou Joseph, furioso.
O silêncio caiu sobre o escritório, tão pesado quanto um elefante sentado no peito de Demi.
– Deixe eu explicar uma coisa, Joseph – começou Alex, o tom de escárnio ameaçadoramente grave e frio. – O jogo mudou, seu filho da puta. Você vai jogar pelas minhas regras agora. A primeira regra do jogo? Você e a minha linda ex estão prestes a entrar na porra do carro para me encontrar no Big Daddy ’s Diner, na Park Avenue South, entre as ruas 19 e 20. Segunda regra: se você aprontar qualquer gracinha, eu ligo para a polícia e dou parte do incidente de alguns meses atrás. Eu vou estar na lanchonete daqui a trinta minutos. Se não estiverem lá daqui a meia hora, pode dar adeus à sua liberdade.
Ele desligou e promessas mortais sussurraram na mente de Demi.
Respire...
– Lembre-se do que eu falei – disse Joseph, enlaçando a cintura de Demi com força.
Muito mais alto, ele a protegia com seu corpo dos gélidos ventos de fevereiro que uivavam pelas ruas da cidade.
– Você nem precisa falar com ele. Nem olhe para ele.
Estremecendo, Demi assentiu, os olhos já se acostumavam à vibrante placa de neon vermelha e amarela que ficava na frente da lanchonete. Joseph abriu a porta, instintivamente apertando Demi ainda mais enquanto examinava o local retrô, no estilo da década de 1960. Seus olhos passaram por vários reservados de vinil em tom pastel e se estreitaram ao avistarem Alex, sozinho numa mesa de canto, nos fundos. O corpo de Joseph entrou de imediato em estado de alerta. Os batimentos se aceleraram, o sangue disparando pelo organismo. Lampejos da merda que ele havia feito com Demi vieram-lhe à mente com o mesmo frescor do dia em que ela lhe contara.
– Mesa para dois? – perguntou uma garçonete jovem que vestia jeans e camiseta com o logotipo da lanchonete, a voz animada combinando com o ambiente frenético.
– Não. Viemos encontrar uma pessoa, que já está sentada. – Joseph fez um gesto de cabeça em direção a Alex. – Obrigado.
Radiante, ela se afastou, indo se sentar à bancada cromada.
Joseph tomou a mão de Demi e os dois foram em direção a Alex.
– Lembre-se, não diga uma palavra. Deixe que eu cuido disso.
Sentiu o suor frio que revestia a pele dela e parou, olhando fundo em seus olhos nervosos. O coração de Joseph desacelerou, mas uma dor esmagadora o atingiu ao mesmo tempo. Ele baixou a cabeça e a beijou suavemente.
– Eu te amo.
Demi engoliu em seco, os nervos à flor da pele.
– Eu também te amo.
Contraindo-se, Joseph xingava Alex mentalmente de todos os nomes possíveis. Aproximou-se do reservado, os olhos cravados no babaca. Com um sorrisinho arrogante, ele estava encostado na parede, as pernas compridas descansando sobre o assento acolchoado. Joseph deslizou para dentro do reservado primeiro, certificando-se de que estaria bem à frente dele.
Alex fitava as portas da frente, sem olhar para nenhum dos dois.
– Lugarzinho sensacional, não é mesmo? – a voz era de uma monotonia sinistra. – Não dá para negar que a criançada adora essas porcarias. Olha só esses logotipos de desenhos animados por todo lado. – ele colocou os pés no chão de madeira e girou o corpo para ficar de frente para Joseph e Demi. – Todas essas caixas de cereais são vintage, sabia? A comida é uma das melhores da cidade. Talvez, quando o bebê crescer, a gente possa trazê-lo aqui para uma saída em família. O que você acha, Demi?
Demi se sobressaltou quando Joseph esmurrou a mesa. Os talheres e os recipientes de condimentos chocalharam diante do impacto. Com o cotovelo apoiado na mesa e o dedo apontado para Alex, ele tinha as veias do pescoço saltadas.
– Escute aqui, seu filho da puta – rosnou Joseph, os olhos brilhando com um veneno assassino. – Estou pouco me lixando para as suas regras. Vou rasgá-lo com os dentes se você se dirigir a ela outra vez.
Aparentemente impassível à ameaça de Joseph, Alex deu um sorriso malicioso. O olhar jamais deixou Demi. Cruzando os braços, falou devagar, o tom quase um sussurro:
– Não, meu amigo. Todos nós vamos jogar de acordo com as minhas regras e eu vou dizer por quê. – ele passou a encarar Joseph, estreitando os olhos como um lobo faminto. – Eu descendo de uma longa linhagem de homens que serviram ao Departamento de Polícia de Nova York. Esses homens são muito próximos de nossos juízes locais. A sentença máxima por lesão corporal em terceiro grau é de sete anos. Posso tentar conseguir tentativa de homicídio também. Não sei quantas vezes você... trepou com a minha ex enquanto nós dois estávamos juntos, mas, considerando que existe uma pequena chance de você ser pai do bastardo, estou bastante certo de que você odiaria passar quase uma década, ou quem sabe mais tempo, da vida dele no interior do estado. Laranja não é a sua cor.
Um zumbido enfurecido de pânico perfurou os ouvidos de Demi. Com a boca entreaberta num arquejo silencioso e os olhos arregalados e cheios de lágrimas, ela encarou Joseph numa pilha de nervos. As sobrancelhas dele se franziram, aprofundando os sulcos já acentuados que lhe marcavam o rosto. Seus lábios se encresparam como se ele sentisse o gosto de veneno na boca. Os olhos, sempre hipnotizantes e lindos, ganharam um tom de verde tão profundo, escuro e vingativo que ela jurou que ele estava possuído. Engoliu em seco, preparando-se para a sua fúria.
Joseph se levantou de um salto e agarrou a gola da camisa polo vermelha de Alex, puxando-o de pé, os nós dos dedos brancos. Seus rostos agora estavam tão próximos como os de amantes prestes a compartilharem um beijo apaixonado.
– Não venha me fazer essas ameaças de merda, seu covarde – rosnou. – Eu mato você aqui mesmo nesta lanchonete.
Apoiando as palmas das mãos sobre a mesa, Alex encarou Joseph, os olhos luzindo como fogo que se espalha pela mata. As palavras saíram como uma risada alta que mais parecia um latido.
– Ouviu, gente? – bradou ele, rindo. – Este homem disse que está prestes a me matar na frente de todos vocês. Quem vai querer assistir?
Arfante, Demi se virou depressa, contemplando o olhar dos curiosos. Todos concentrados no espetáculo. Uma mãe com os dois filhos ofegou, horrorizada e estupefata, perscrutando Demi. Segundos antes de o gerente chegar à mesa deles, Demi segurou no cotovelo de Joseph, tentando controlar a situação.
– Joseph – disse ela, engasgando e piscando os olhos rapidamente com um pânico crescente. – Joseph, sente-se. O gerente está vindo.
– É, Joseph– falou Alex, com a voz grave de escárnio, o rosto quase colado ao do rival. – Talvez você queira ter cuidado. É possível que ele já tenha ligado para a polícia. Quem sabe a sua estadia no interior do estado não comece esta noite?
– Com licença – interveio o gerente de meia-idade diante da mesa.Claramente pasmo com a cena, colocou as mãos na cintura, a voz firme. – Preciso pedir aos cavalheiros que se acalmem ou vou ter que expulsar os dois.
Com um olhar de pura fúria, Joseph soltou Alex lentamente, seu corpo tremia, ansiando pelo sangue do outro. Respirou fundo e pigarreou.
– Nós somos atores. – Joseph fitou Alex, o tom tão calmo que um tremor percorreu Demi. – Só estamos ensaiando uma cena. – voltando a se sentar, Joseph olhou para o gerente. – Por favor, aceite o meu pedido de desculpas. O resto de nossa estada aqui será normal.
– Atores? – perguntou o gerente, cético.
– Isso. Atores – respondeu Joseph secamente, olhando Alex se sentar outra vez.
O homem assentiu.
– Ok, atores, não deixem que volte a acontecer. Caso contrário, vocês dois terão que sair.
Ele se virou e se afastou.
– O que é que você quer? – perguntou Joseph com um olhar assassino, embora o tom de voz demonstrasse a mais agoniada compostura.
Alex deu de ombros de forma displicente, um sorriso malévolo transbordando pela boca.
– Quero trânsito livre. Quero acesso a todas as consultas médicas. Também quero estar presente no nascimento. – ele deslizou a mão pelos cabelos louro-escuros, penteados para trás com gel, e encarou Demi. – Eu sempre quis saber como eram os gritos de uma mulher quando está sendo partida ao meio devido à dor de ter que empurrar outro ser humano de dentro dela. Especialmente das mulheres que merecem cada minuto dessa dor.
Joseph deu um pulo para a frente, mas Demi levou a mão ao peito dele.
Voltado para Alex, o rosto dela se contorceu de choque.
– Você só pode ter pirado de vez – sussurrou, enxugando uma lágrima que escorria pelo rosto. – Você não quer parte nenhuma deste bebê, seu filho da puta. Não é nem para você estar perto de mim.
Alex se recostou na cadeira e cruzou os braços.
– Você tem certa razão, Demi. Não, não é para eu estar perto de você. Mas não vamos nos esquecer do que o policial disse na escola. Mais uma vez, você foi uma garota perversa e desrespeitou as regras. – ele balançou um dedo para ela, repreendendo-a. – Eu andei pesquisando. Numa situação como esta, você pode solicitar uma emenda à ordem de restrição, de forma que eu possa comparecer a todos esses alegres acontecimentos que estão por vir. E você também está correta quando diz que eu realmente não tenho o menor desejo de ter qualquer tipo de relacionamento com o merdinha. De qualquer forma, eu...
– Quanto? – indagou Joseph. A cada palavra que saía da boca do babaca, uma estadia no interior do estado lhe parecia mais e mais sedutora. – Quanto você quer para dar o fora, porra? Dar o fora e nunca mais incomodar a gente?
Alex jogou a cabeça para trás, gargalhando.
– Sabe o que é, Joseph, eu não sou tão idiota quanto você talvez ache que eu seja. Jamais se esqueça disso. Eu sabia que você ia tentar comprar uma solução para esta situação. Conheço o seu tipinho de merda, os filhos da puta ricos que caminham sobre esta terra acham que podem comprar todo mundo à sua volta. Eu não preciso da porra do seu dinheiro. Eu tenho o meu. Não pense, nem por um segundo, que me fodeu tirando as suas contas de mim porque não fodeu. Ora, é claro que até mesmo o Trump seria louco de abrir mão de um dinheirinho a mais. Mas não existe quantia que você possa me pagar que me proporcionaria a mesma satisfação que vou sentir em assistir a vocês dois se contorcerem sob a pressão de me terem por perto durante isso tudo. Já estou contente só de pensar. Um milhão ou dez milhões dos seus dólares imundos não poderiam comprar essa sensação. Se eu pudesse, mandava engarrafar. Estou batendo onde sei que vai doer mais em vocês dois, e não é na sua carteira. Sei que o pior é ficar sentadinho do lado de vocês, todo lindão, esta noite.
Joseph trincou os dentes e não soube o que fazer quando Alex se levantou.
– Tenho que tirar água do joelho. Enquanto isso, acho que vocês dois têm umas coisinhas para conversar. Eu sou um cara legal, portanto vou revisar tudo antes de deixar os dois pombinhos a sós. Então, vejamos. – franzindo a testa, Alex cruzou os braços e coçou o queixo num arremedo de concentração. – Eu não só tenho o vídeo de segurança que mostra você me estrangulando em cima da minha mesa, como tenho testemunhas. Tenho uma multidão de testemunhas aqui, esta noite, que viu você me atacar. Além disso, um bando de parentes meus jogam golfe, bebem e fazem churrasco com juízes criminais do mais alto escalão do sistema judiciário de Manhattan. Que filho da mãe sortudo eu sou, não é mesmo? Então é bom vocês dois pensarem com muito cuidado sobre a sua decisão. Podemos tornar isso mais ou menos fácil ou superdifícil.
Alex se virou e foi na direção dos banheiros.
Fechando os olhos com força, Demi deixou escapar um suspiro trêmulo e apoiou os cotovelos na mesa. Massageou as têmporas, tentando lutar contra uma dor de cabeça latejante, contra a sensação de que o crânio ia rachar. A tensão se alastrou por cada músculo do seu corpo.
– Nós vamos ter que deixar, Joseph. Eu vou até a procuradoria na segunda e faço qualquer mudança que tiver de fazer na ordem de restrição.
– Nem fodendo. Meu pai é advogado. Nós não vamos concordar com nada do que esse babaca quer até eu falar com ele.
Demi ergueu a cabeça, examinando cada detalhe do rosto de Joseph. Ele aparentava estar tão exausto quanto ela.
– Eu não vou esperar. – a voz dela saiu baixinha, mas firme. – Não posso correr o risco de que você seja jogado na cadeia. Você talvez seja pai deste bebê e eu preciso de você na vida dele. Por favor. Nós dois estamos exaustos disso tudo. Eu não aguento mais.
– Credo, Demi – sussurrou Joseph. – Ele quer estar na maldita sala de parto. Você tem ideia do que isso vai me custar? Vou ficar para morrer. Pense no que está dizendo. É ruim o bastante que eu tenha de ser razoável com ele e você quer que eu compartilhe o nascimento de um filho que pode ser meu com ele?
– Você não acha que isso vai me matar também? – questionou ela, tentando manter a voz baixa enquanto olhava nos olhos dele. – Meu coração para só de eu pensar nisso, mas a alternativa é você não estar lá. Como eu conseguiria passar pelo parto sem você? Esqueça o parto. Você pode passar anos na cadeia. – com lágrimas escorrendo pelas faces, Demi acariciou os cabelos dele. – Você não pegaria este bebê nos braços minutos depois de ele entrar neste mundo perverso e lindo. Você não ouviria o primeiro choro nem a primeira palavra dele. Não veria os primeiros sorrisos nem os primeiros passos dele. Você perderia aniversários, recitais e primeiros dias de aula. Eu preciso que você pense no que está dizendo. E, mais do que qualquer coisa, preciso que pense em todas as primeiras coisas que nunca mais vai ter de volta.
Joseph ficou completamente vendido.
Seu coração se partiu, jurou poder ouvi-lo se quebrar. Não tinha como negar a verdade das palavras de Demi. Ele sabia que perder qualquer uma daquelas coisas o faria desejar a morte. Cada um dos motivos era um pedacinho de tudo pelo qual ansiava. Tudo pelo qual existia. Por outro lado, suas entranhas se reviravam quando ele pensava em ter que compartilhar qualquer um daqueles momentos com Alex. A situação toda era, em si, venenosa, mas Alex ainda acrescentaria arsênico. Naqueles segundos, enquanto Joseph observava Alex emergir do banheiro, algo que o pai dissera anos antes passou por sua cabeça: Filho, às vezes, ser homem significa saber quando deixar cair a espada que você vem empunhando durante uma batalha. Se o motivo pelo qual você está lutando já estiver maculado, você precisa contabilizar as perdas e dar fim à dor sem sentido. Mesmo que você fique cabisbaixo na derrota, o resultado será favorável. Não se encontra a honra na vitória. Ela é encontrada no motivo maculado que precisou de você de início.
Alex era a batalha...
Demi já se encontrava maculada...
E, aqui e agora, precisava que Joseph aceitasse a derrota. Ele só rezava para que o resultado, de fato, fosse favorável. Aproximou-se ainda mais de Demi, os lábios a um sussurro de distância dos dela. Fechando os olhos, inalou o perfume de baunilha da sua pele.
– Preciso que você confie em mim neste momento, Demi. Preciso que acredite que eu nunca faria nada para prejudicar você ou o bebê. Consegue fazer isso por mim?
– Consigo – respondeu ela baixinho, e ele sentiu seu hálito morno.
– Ótimo. Preciso que, a partir deste exato instante, você não questione nada que eu fizer. Levante-se.
Demi assentiu, fitando Alex quando ele se sentou. Ela ficou de pé e Joseph saiu do reservado, tomando-lhe a mão.
Ele encarou Alex, que se mostrou confuso. Espalmando a mão sobre a mesa, Joseph se curvou, estreitando os olhos.
– Você pensa que ganhou, mas não é verdade, Alex. Você não só tentou insultar a minha inteligência supondo que eu aceitaria as suas exigências psicóticas antes de buscar os conselhos de um advogado, como insultou a mulher que eu amo. Isso me deixou realmente puto... da... vida. Acha mesmo que eu sou o tipo de homem que deixaria você entrar na sala de parto para se deleitar em ver a Demi sentir dor? Errou de novo, cretino. Prefiro morrer na cadeia a ver você desfrutar de qualquer outro pingo de felicidade com a dor dela.
Soltando a mão de Demi, Joseph chegou ainda mais perto dele. Alex recuou, encostando-se na parede.
– Enquanto você tirava água do joelho, eu liguei para a minha família. Eles estão dispostos a cuidar da Demi e do bebê durante o tempo em que eu estiver ausente. E permita que eu lembre que o meu pai é advogado. Ele também passa os fins de semana jogando golfe, bebendo e fazendo churrasco com juízes criminais do mais alto escalão de Manhattan. Mas isso nem é o melhor que eu tenho reservado para você, Alex. No meio de toda a confusão e caos dos últimos trinta minutos, a minha cabeça ficou... confusa. Quando isso acontece, às vezes eu esqueço das coisas. Acaba de me ocorrer que eu tenho informações a seu respeito que também podem virar o seu mundo de cabeça para baixo.
Alex ergueu uma das sobrancelhas, curioso, os olhos estreitados como os de Joseph.
– Ah, sim, meu amigo – continuou Joseph. Um sorriso malicioso de quem diz “Agora eu peguei você, seu filho da puta” brotou lentamente em seus lábios. – Eu sei tudo sobre a sua grande sacada. Você vem produzindo uma quantidade absurda de contas em que os encargos são cobrados por transação, de maneira a ganhar mais dinheiro com as compras e vendas que faz para os seus clientes. Seu retorno sobre ativos é mais alto do que o de alguns dos traficantes mais poderosos da Colômbia. Não é à toa que você não precisa mais do meu fluxo de caixa. Eu me pergunto onde você anda colocando esse dinheiro todo. Você não vive como quem está no topo do mundo, logo estou certo de que está enterrado em algum lugar. Quando uma pessoa participa de atividades ilegais, é seguro supor que essa pessoa precise parecer... frugal em seus gastos.
– Vá se foder – sibilou Alex. – Eu ganho dinheiro só para os meus clientes.
– Certo – disse Joseph. – Essa vai ser a sua defesa quando a comissão de valores mobiliários começar a vasculhar os seus arquivos? A investigação está a um telefonema de acontecer. – Joseph se sentou no reservado bem ao lado de Alex, que se espremeu ainda mais contra a parede, se é que isso era possível, quase entrando na foto autografada de Magic Johnson. – Demi – disse Joseph, calmamente, encarando Alex. – Vá pedir à hostess um papel e uma caneta para mim, meu doce.
– Ok – respondeu Demi, virando-se para fazer o que ele tinha pedido.
Com as narinas dilatadas e a respiração acelerada, Alex pigarreou.
– O que é que você está fazendo, porra?
Joseph deu um sorrisinho cínico, apoiando o queixo na mão.
– Estou me livrando do veneno. Estamos prestes a chegar a uma... trégua, Alex. Um meio-termo. Você vai assinar, com a sua melhor caligrafia, uma folha de papel declarando que não vai mais ferrar comigo nem com a Demi Não sou idiota. Sei que pode entrar com uma petição para tentar ter acesso às consultas e ao parto. Eu me disponho a ser um cara bacana e permitir que você vá às consultas porque eu vou estar presente e porque estou mais do que certo de que você vai se comportar muito bem na frente da minha namorada. E esse é o meu limite.
Joseph fez uma pausa e prosseguiu:
– Você não vai estar presente durante o parto. Você não tem direito nenhum. Isso está reservado a ela e a mim, seja quem for o pai. Você também não vai me processar porque eu o enchi de porrada quando você não merecia menos do que uma morte lenta. Tente só me desafiar não assinando o papel e, na primeira hora da manhã, eu ligo para o meu advogado, um pitbull que vai arrancar cada pedacinho de você na Justiça, e para a Comissão. – o sorriso de Joseph se alargou. – Pode ser que a gente acabe junto na prisão, Alex. E cor de laranja certamente cai melhor em mim do que em você.
Antes que Alex tivesse a oportunidade de murmurar uma única palavra, Demi retornou com uma folha de papel em branco e uma caneta. Entregou os dois a Joseph, que se pôs a escrever tudo o que seria necessário para se proteger de Alex. Tão logo terminou, deslizou o papel e a caneta em direção a Alex. As covinhas de Joseph se aprofundaram com o sorriso radiante.
– Sua assinatura torna as coisas relativamente fáceis para todos nós. Sem ela, o meu telefonema de amanhã vai tornar as coisas bastante difíceis. Você não concorda?
Para Joseph, havia dois momentos na vida em que desejava parar o tempo. Segurar o ponteiro, impedindo que qualquer outro segundo se passasse. O mais importante fora a primeira vez que vira Demi. Depois, o instante atual, em que encarava o homem por quem nutria um ódio indescritível. Joseph observou Alex baixar a cabeça, desalentado pela batalha perdida. Os ombros despencaram e o rosto não mostrava o menor sinal de triunfo. Após certa hesitação, Joseph assistiu a Alex assinar. Levantando-se, pegou o papel. Alex se colocou de pé subitamente e disparou porta afora.
Confusa, com os olhos mais parecendo dois pires de tão arregalados, Demi olhou para Joseph.
– O que foi que acabou de acontecer?
Joseph entrelaçou os dedos nos dela, conduzindo-a pela lanchonete.
– Eu acabei de salvar a gente do arsênico com um acordo.
Apertando a mão de Joseph com mais força, ela balançou a cabeça.
– Não entendi. Que história foi aquela sobre a CVM? Como você sabia que ele tinha feito alguma coisa de errado?
– Eu não sabia. Foi só um palpite – disse Joseph, abrindo a porta.
– Um palpite – repetiu Demi, a exasperação clara em sua voz.
Ao saírem para o ar frio, Joseph a puxou para seus braços.
– Bem, não foi só palpite.
Ela inclinou a cabeça para um lado.
– Será que dava para me esclarecer a situação, por favor?
Joseph riu.
– Ahn... deixe-me ver. – ele baixou a cabeça, pousando os lábios nos cabelos dela. – Durante o verão, o Trevor foi à minha casa e a gente jogou uma partida cruel de pôquer. Preciso acrescentar que ganhei dele. – Demi suspirou e Joseph sorriu. – Ele bebeu pra cacete e contou que o Alex tinha comentado que estava pensando em se envolver com umas atividades ilegais relacionadas a anuidades. Eu estava bêbado, então não dei muita bola. Mas aí eu comecei a prestar mais atenção nos recursos que a Jonas Industries tinha com ele. Nunca encontrei nada de errado com as nossas contas, por isso deixei que ele continuasse a ganhar dinheiro para mim. Então, o que foi que eu fiz lá dentro?
Um: arrisquei que, mesmo que o Trevor tivesse uma boa dose de Jägermeister correndo pelas veias, não estivesse inventando aquela porra. Dois: apostei que o seu ex teria ido em frente com o plano. Acho que a gente deu sorte.
– Também acho – disse Demi, olhando para ele. – Por que você não mencionou isso antes?
– Eu sinceramente não me lembrava do que o Trevor tinha falado até estar na metade do meu discursinho. Esperava que o fato de o meu pai ser advogado fizesse o imbecil voltar atrás sem eu ter que assassiná-lo na mesa.
– Você mataria alguém por mim? – perguntou ela, baixinho.
– Não existe nada que eu não faria por você, Demi.
Ela enlaçou o pescoço dele e ficou nas pontas dos pés para beijá-lo. A temperatura podia estar abaixo de zero, mas Demi sentiu o corpo arder enquanto a boca de Joseph cobria a sua como uma camada de mel. O calor dele a envolvia como um pesado cobertor de penas de ganso. Afastando-se lentamente, ela mordeu o lábio.
– Como a gente pode ter certeza de que ele não vai à polícia apesar de ter assinado aquele papel?
Joseph tomou a mão dela e a conduziu em direção ao carro. Abrindo a porta, gesticulou para que Demi  entrasse, mas ela não obedeceu. Ficou encarando-o, os olhos nervosos aguardando uma resposta. Joseph levou a mão à sua face fria e balançou a cabeça.
– Não quero que você se preocupe com o que ele vai fazer.
Pedir uma coisa dessas a ela era o mesmo que pedir que não o amasse, que não respirasse. Demi estava morta de medo de que Alex encontrasse furos em qualquer acordo. Mais ou menos ao mesmo tempo que o coração dela foi até a boca diante da possibilidade de Joseph ser mandado para a cadeia, sentiu algo pular na barriga. Foi um pequeno salto mortal que quase a fez cair na gargalhada.
Ela colocou uma das mãos sobre a barriga levemente protuberante e sorriu com outro movimento.
– Meu Deus, Joseph – sussurrou Demi, colocando a mão dele sob a sua. – O bebê está se mexendo. Ele está se mexendo.
Joseph engoliu em seco, os olhos cravados no sorriso radiante de Demi. Sua mão tremeu, mas não foi de frio. Sentiu um medo súbito, ainda que uma explosão de animação corresse por seu sangue.
– Dá para sentir? – perguntou ela, pressionando ainda mais a mão dele. Demi riu, encostando-se no carro. – Dá?
Joseph balançou a cabeça.
– Não – sussurrou ele, sentindo-se completamente consumido pela inegável felicidade que dominava Demi.
Meu Deus, ela estava mais linda do que nunca. Seu coração ribombava e os dedos formigavam com o desejo de sentir o que ela havia sentido. Joseph percebeu que a decisão que tomara aquela noite fora a correta. Alex queria engarrafar a satisfação que teria ao observar o desconforto dele e de Demi, mas, naquele momento, Joseph queria era engarrafar a sensação que tinha ao observar Demi.
Acrescentou um terceiro momento na sua vida em que desejou parar o tempo por completo.

esse escroto do Alex apareceu de novo, que raiva.
ainda bem que o Joseph acabou com ele e ele não poderá fazer nada.
que lindos esse finalzinho do bebê se mexendo, muito amor.
gostaram? comentem e até o próximo.
bjs amores <3
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