10/05/2016

sussurros na noite: capítulo 20




Para Demi, a semana seguinte transcorreu numa agradável sucessão de dias ensolarados e noites sensuais. Passava pelo menos metade dos dias com Selena, e pelo menos metade das noites com Joseph. O veleiro dele, o Star Gazer, tornou-se o refúgio preferido dos dois, pois além de ficar nas proximidades era discreto e versátil. A casa de Jospeh também se tornou quase uma extensão da sua própria casa em Bell Harbor, e Paul e Courtney pareciam considerá-la como parte da família. Porem, nada daquilo era permanente, ela sabia. Sabia que, daquela viagem a Palm Beach, apenas uma coisa seria permanente e duradoura: o amor que sentia por Joseph. 
Nicholas e Selena também pareciam estar se entendendo, e com frequência os quatro passavam o dia juntos, embora quase sempre tomassem rumos diferentes com o chegar da noite. Demi não saberia dizer que tipo de relacionamento o agente do FBI estava tendo com sua irmã. Nicholas não era o tipo de homem que recebia bem as perguntas sobre sua vida pessoal, e embora Selena estivesse perfeitamente disposta a partilhar os seus sentimentos, a verdade era que ela tampouco sabia o que Nicholas sentia a seu respeito. 
Este era um assunto que sempre surgia nas conversas entre Demi e Jospeh, quando estavam sozinhos, mas no oitavo dia depois daquela noite decisiva a bordo do Apparitiion, ela não teria a companhia dele para conversar. Na verdade, pela primeira vez em vários dias teria uma noite solitária pela frente e, embora semanas atrás esta fosse uma perspectiva agradável, agora sentia-se inquieta e abandonada. 
Joseph fora participar de uma reunião de negócios em Miami e deveria voltar somente no dia seguinte. Demi pretendia passar o tempo com Selena e Marie, mas Selena foi atacada por uma súbita enxaqueca naquela tarde e tomou um remédio que a fez dormir. Nicholas também ficara fora o dia inteiro, resolvendo algum tipo de ”negócios particulares”, e não sabia se retornaria naquela noite ou na manhã seguinte.
Depois do jantar, Marie quis assistir a um programa de concursos na tevê a cabo, e por volta das nove e meia Demi já não conseguia suportar nem mais um minuto daquilo. Patrick saíra para jogar pôquer com os amigos, e só estaria de volta depois das onze. 
Demi teve a desagradável premonição de que quando fosse embora, quando Joseph já não estivesse mais por perto, a inquietude e solidão que sentia agora seriam suas companheiras constantes. Não tentava enganar-se sobre as intenções dele; ouvira suficientes comentários de Paul e Courtney, e do próprio Joseph, para saber que ele era do tipo ”anti-casamento” e ”anti-filhos”. Além disso, conhecera alguns dos amigos dele, quando Joseph a levou ao clube de campo, e pelas conversas que ouvira fora bem fácil deduzir que Joseph descartava as mulheres com a mesma tranquilidade que trocava de camisas... e quase com a mesma frequência.
Ainda assim, mesmo sabendo de tudo isso e tendo consciência do quanto ficaria magoada quando o caso entre eles terminasse, Demi não teria perdido nem mesmo um segundo daqueles dias, se alguém lhe oferecesse uma opção.
Até a semana anterior, ela sempre se sentira como uma excentricidade perto de Sara e de outras antigas amigas. Com exceção de Demi, todas elas haviam sido ”loucas por rapazes” na adolescência. Na faculdade, estavam sempre se apaixonando e tiveram diversas experiências sexuais. Ao contrário delas, Demi tivera apenas dois relacionamentos mais sérios em toda sua vida, e um destes jamais teria acontecido se ela não estivesse se sentindo completamente deslocada, na época. 
Sua mãe era a única pessoa que não estranhava o seu comportamento, porem, quando Demi começou a aproximar-se dos trinta anos sem ter nenhum homem em sua vida, até mesmo Dianna passou a lhe dizer que precisava sair mais vezes e arrumar um namorado. Mas Dianna também não tinha muitas bases em que se apoiar, nesta questão. Muitos homens convidavam-na para sair, e ela quase nunca aceitava. ”Não me sinto atraída por ele”, costumava justificar quando recebia um destes convites. ”Prefiro ficar em casa, ou sair com minhas amigas.” 
Demi começava a descobrir que era muito mais parecida com a mãe do que havia imaginado. As duas simplesmente não se sentiam atraídas por qualquer homem que fosse simpático e promissor. Era muito difícil gostarem de alguém, mas quando isso acontecia, era uma experiência capaz de alterar os rumos de suas vidas. A expressão ”mulher de um só homem” passou pela mente de Demi, enquanto dirigia-se para a varanda do seu quarto e olhava a lua brilhando sobre o mar. 
Ela espiou no relógio e decidiu dar um passeio na praia. Eram quase dez horas e uma caminhada na praia a deixaria relaxada, e talvez a ajudasse a pegar no sono. Vestiu calças jeans, um suéter de linha de algodão rosa-pálido e calçou os tênis. Depois prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo e saiu do quarto. 
Quando estava na praia resolveu virar para a esquerda, no sentido oposto ao da casa de 
Joseph, para que não a visse e não a usasse como um ponto de referência. Precisava parar de depender tanto dele. Tinha de começar a pensar em seu futuro, quando ele não estivesse mais por perto. Precisava, mas sentia-se incapaz de começar. Em vez disso, era tão mais agradável pensar nas coisas que ele fizera ou dissera quando estavam juntos. Ele era inteligente, bem-humorado, disposto a conversar sobre qualquer assunto do interesse dela, ou melhor, qualquer coisa exceto seus sentimentos por ela. Nunca, nem mesmo nos momentos mais ardentes de paixão, ele pronunciara a palavra ”amor”, ou falara sobre o futuro depois que ela partisse de Palm Beach. Jamais usara uma palavra carinhosa, nem a chamara por um apelido afetuoso. Em Bell Harbor, Jess costumava chamá-la de ”pequena”, e quando estava tomado pelo ”espírito” de Humphrey Bogart, cumprimentava-a com um ”Ei, benzinho!”. Metade dos seus companheiros no departamento de polícia inventara algum apelido para ela, mas o homem com quem ela fazia amor por horas seguidas a chamava apenas de ”Demi”.
Em vez de preocupar-se com isso tudo, decidiu pensar sobre os momentos deliciosos e divertidos que passara junto dele.
Ainda pensava nisso uma hora mais tarde, quando aproximava-se da casa de Patrick ao retornar da caminhada. Com as mãos enfiadas nos bolsos traseiros da calça, olhou na direção do mar, sorrindo ao lembrar-se de como Joseph estava bonito manejando o veleiro com o vento desmanchando-lhe os cabelos. Estava tão descontraído e, ao mesmo tempo, competente no comando do exigente veleiro quanto ficava ao dirigir um carro, e oferecera-se para ensiná-la a velejar. Como professor, demonstrara uma tendência a esperar demais logo no início, dando-lhe ordens que ela não entendia com mais rapidez do que ela seria capaz de cumpri-las. E Demi lhe dissera exatamente isso durante a segunda aula, quando o chamara de ”Capitão Rabugento” num acesso de impaciência. 
Demi estava tão absorvida nas lembranças daquele dia que quando ouviu a voz dele pensou, por um breve instante, que era fruto da sua imaginação. 
— Demi! 
Desviou os olhos do mar e perscrutou a praia à sua frente; depois, olhou à direita. Parou de andar e arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que via. Joseph estava em Miami, a negócios... Joseph estava caminhando na direção dela, vindo da casa de Patrick, usando jeans e uma camisa pólo. Ela recomeçou a andar, e ele também apressou o passo. 
— Está indo para algum lugar em especial? - ele perguntou com um sorriso juvenil, parando diante dela. 
Demi balançou a cabeça.
— Por acaso hoje você se sentiu assim meio perdida, solitária e incapaz de se concentrar?
— Sim, por acaso me senti, sim - ela respondeu encantada, porque era evidente que ele sentira-se da mesma forma. — Acho que peguei um resfriado.
 — Um resfriado? Isso deixa a gente irritado e impossível de contentar?
Naquela última semana, Demi percebera que Joseph tinha um temperamento forte e que, quando contrariado, podia mostrar-se bastante ríspido e até grosseiro, embora nunca exibisse esta faceta de sua personalidade diante dela ou da família. Enviou-lhe um olhar de provocante superioridade.
 — Isso eu não saberia dizer. Meu humor é sempre excelente. 
Ele riu e abriu os braços.
— Então venha compartilhá-lo comigo. 
Demi correu para os seus braços, que se fecharam em torno dela com uma força de tirar o fôlego. 
— Fiquei com saudade - ele sussurrou. — Acho que estou viciado em você. 
Joseph tomou-lhe a boca num beijo voraz, forçando-a a abrir os lábios para sua língua exigente. Quando ficou satisfeito, enlaçou-lhe a cintura e começou a andar com ela na direção da própria casa.
— Para onde está me levando? 
— Para o lugar onde mais gosto de vê-la. 
Já era tarde, e Demi arriscou um palpite. — A cozinha? 
— Como adivinhou? - ele brincou. — Decidi voltar esta noite, em vez de esperar até amanhã cedo, porque queria vê-la. Não comi nada desde o café da manhã, e Claudine já foi dormir. Courtney tem o dom de incinerar tudo o que toca, e Paul não toca em nada na cozinha a não ser que planeje levar diretamente para a boca. Você acha que poderia me preparar uma daquelas omeletes que fez na semana passada?
Demi conteve uma risada.
— Corta-me o coração pensar que você teria ido dormir com fome, se não conseguisse encontrar na praia uma mulher capaz de descobrir como se acende um fogão. É muito triste.
Joseph fitou o seu rosto. 
— Você não parece nada triste - notou. 
— E você não é apenas atraente, brilhante e incrivelmente sexy - ela disse, tentando brincar com o que realmente sentia. — Mas também muito perspicaz. Não estou triste porque tenho uma solução para o seu problema.
— E eu vou gostar?  
Courtney irrompeu no escritório do pai e agarrou Paul pelo braço, obrigando-o a levantar da cadeira.
— O que você está fazendo? - ele protestou quando o livro que estava lendo caiu no chão. 
— Você precisa ir lá embaixo. Demi está aqui, e você não vai acreditar, a não ser que veja. 
— Veja o quê? 
— Joseph está cozinhando!
— Você quer dizer ”cozinhando” como... ”cozinhando de raiva”? - Paul especulou, seguindo-a para fora do escritório.
— Não, quero dizer cozinhando mesmo... fazendo comida!  
Ao aproximarem-se da cozinha, pararam de falar e foram andando na ponta dos pés, ansiosos por testemunhar aquele evento inédito sem ser vistos. 
Joseph estava parado no meio da cozinha observando Demi, que juntava os ingredientes para a omelete.
 — Tenho uma tese sobre cozinhar - ele anunciou, no tom profissional de alguém que está prestes a expor uma análise teórica sobre um assunto no qual se especializou. 
Demi sorriu enquanto pegava uma cebola, dois tomates, um pimentão verde e um vermelho na gaveta da geladeira, deixando-os sobre o balcão onde seriam picados. 
— Esta sua tese seria do tipo ”eu já paguei pela comida; agora outra pessoa que se vire para resolver o que fazer com ela”? 
— Ah, então você já leu meu best-seller sobre este assunto?
Ignorando-o, Demi juntou: 
— E eu estaria certa em presumir que esta ”outra pessoa” da sua tese seja, muito provavelmente, do sexo feminino? 
— Como adivinhou? 
— Não acha que é um preconceito um tanto machista?
— Não penso nisso desta forma - ele declarou, num tom ultrajado. — Considero como ”delegar responsabilidades”. O bacon estava cozinhando no microondas, e Joseph aspirou o ar com prazer. — Humm, o cheiro está ótimo. 
Demi enviou-lhe um sorriso por sobre o ombro. 
— Está mesmo?
— Sou muito exigente no que se refere a omeletes, e além disso estou faminto. 
— Quer ouvir a minha tese sobre cozinha? - ela indagou.
— Creio que não. 
Mas ela falou, assim mesmo.
— Quem não ajuda na hora de cozinhar, não ajuda na hora de comer.
— Tudo bem, estou pronto. Pode me dar uma tarefa. E que seja bem difícil. 
Sem se virar, Demi lhe passou uma faca e um pimentão verde sobre o ombro direito.
— Aí está. Um pimentão verde.  
Ele fez uma careta às suas costas.
— Eu estava pensando em algo mais ”másculo”.  
Ela lhe passou a cebola.
Joseph riu, divertindo-se imensamente. Começou a descascar a cebola. 
— Espero que a turma do boliche não fique sabendo disso. Eu ficaria desmoralizado.
— Não ficaria, não. As facas são bastante ”másculas”.  
Em resposta, Joseph pegou um pano de prato e bateu de leve no traseiro dela.
— É melhor não tentar fazer isso comigo, Joseph - Courtney avisou, entrando na cozinha sorrateiramente. Apoiando os cotovelos no balcão, pousou o queixo nas mãos e fitou-o com um ar de afetada superioridade. — Demi andou me ensinando alguns excelentes golpes de defesa pessoal. Sou capaz de jogá-lo no... Ai! - gritou, quando o pano de prato aterrissou com um pouco mais de força em seu próprio traseiro.
A menina encarou-o com fingida indignação, antes de virar-se para Demi. 
— Você quer que eu acabe com ele por causa disso, ou prefere que deixe por sua conta? 
Mas antes que Demi pudesse responder, Joseph pegou um tomate e a tábua de picar, colocando-os na frente de Courtney, e entregou-lhe uma faca. 
— Demi acabou de expor sua teoria sobre cozinhar. Deixe-me compartilhá-la com você. Courtney pegou a faca e fez uma tentativa desastrada de cortar o tomate. 
— Argh, isso é nojento - disse. — Desse jeito nunca vou conseguir aparecer no programa da Sally. Esta casa está começando a dar a impressão de ser habitada por gente de verdade. Paul entrou na cozinha pouco depois, quando a cebola picada já estava no fogo e todo o trabalho de preparação já fora encerrado. 
— Por acaso esta omelete daria para mais uma pessoa? perguntou a Demi.
— Dá e sobra - ela respondeu. Courtney ficou furiosa.
— Você não pode comer porque não ajudou a fazer.
— Mas... não há mais nada a fazer por aqui - Paul retrucou, olhando em volta com ar inocente. 
Joseph enviou-lhe um olhar malicioso. 
— Chegou na hora certa, não é? 
— Foi o que pensei - Paul admitiu sem a menor cerimônia, e acomodou-se numa cadeira à mesa da cozinha.     


00:20 


— Já passa de meia-noite - Demi falou enquanto caminhava devagar pela praia na direção da casa de Patrick, de mãos dadas com Joseph, os dedos firmemente entrelaçados. A proximidade dele, seu toque e até mesmo o som de sua voz quente e profunda deixavam-na com os sentidos à flor da pele. 
— Eu me diverti um bocado - ele disse.
— Que bom.
— Você faz com que tudo pareça divertido.
— Obrigada. 
Num tom mais baixo, e sem qualquer ênfase, ele acrescentou:
— Estou louco por você. 
O coração de Demi pareceu afundar no peito. E eu amo você, pensou.
— Obrigada - murmurou, porque não podia lhe dizer a verdade.
Joseph esboçou um sorrisinho com o canto dos lábios.
— É só isso? - indagou, um tanto desapontado. Demi parou.
— Não, não é só isso - disse baixinho, e erguendo-se na ponta dos pés confessou com um beijo o que não se atrevia a lhe dizer em palavras. 
Os braços dele enlaçaram-na e ele beijou-a de volta, com o corpo enrijecendo contra o dela. 
Ele também a amava, Demi pensou.
Estavam a meio caminho do gramado que dava acesso aos fundos da casa de Patrick, quando Demi lembrou-se tardiamente dos raios infravermelhos, e levou as mãos ao rosto.
— Meu Deus, esqueci dessas coisas!
— Que coisas? 
Ela riu do próprio acesso nervoso. 
— Os raios infravermelhos... Se o sistema de segurança estava ligado, nós passamos pelos raios quando atravessamos o gramado. Dishler deve ter visto quando saí e desativou os raios, de forma que não fossem ativados quando acionassem o sistema de segurança.
— Ou foi isso que aconteceu - Joseph brincou - ou a polícia está parando agora mesmo na frente da casa. 
— Não - Demi tranquilizou-o. — Selena me disse que quando o alarme é acionado, todas as luzes da casa se acendem, e as sirenes disparam. 
— O quê? - ele zombou. — Será que você nunca ouviu falar dos alarmes silenciosos que avisam diretamente a central de polícia? 
Demi não apenas já ouvira falar nisso, como também podia lhe dizer como montar e instalar um deles. Em vez de acrescentar mais um item à longa lista de decepções que ele teria mais tarde, ela respondeu vivamente:
— Eu sei tudo sobre estas coisas. 
Joseph apertou-lhe a mão, num gesto de brincadeira. 
— Aposto que sim - disse, e Demi ficou instantaneamente apreensiva. 
— Por que diz isso? 
— Uma simples questão de lógica e percepção aguçada. Combinadas, levam-me a concluir que uma mulher que frequenta aulas de defesa pessoal para proteger-se quando anda nas ruas, sem dúvida teria um excelente sistema de segurança para proteger-se quando está dormindo. Estou certo? - ele falou, com presunçosa superioridade.
— Não posso negar que... - Demi começou, mas naquele instante uma figura envolta em sombras chamou-os de uma das varandas no andar de cima:
— Ei, vocês dois! 
Era Selena, usando um robe, recostada no parapeito. 
— Como está se sentindo? - Demi perguntou.
— Bem melhor. Mas dormi o dia inteiro, e agora estou sem sono. Nicholas e papai chegaram por volta das onze horas e foram direto para a cama. Eu estava pensando em ir para a cozinha preparar um pouco de chocolate quente. Querem me acompanhar?
Demi disse que sim; teria aceito mesmo se estivesse dormindo em pé, mas Joseph recusou o convite e parou na porta dos fundos. 
— Estou um pouco cansado e, além disso, não seria capaz de ingerir nem mais uma molécula de qualquer outra coisa. 
Porem, não estava cansado demais para lhe dar um longo e profundo beijo de boa-noite, nem para continuar segurando-a entre os braços por muito tempo, o que provocou em Demi a palpitante impressão de que ele não queria deixá-la. Inclinando-se para a frente, Joseph destrancou a porta com a chave que ela lhe entregara, e abriu-a de todo. 
— Ligo para você de... 
O grito de Selena interrompeu-o no meio da frase. 
Bisavó! não! Alguém me ajude! 
Demi fez um giro rápido e correu para dentro, seguindo mais ou menos a direção do grito de Selena, e Joseph seguiu em seu encalço. Logo depois da cozinha havia uma saleta onde Marie estivera vendo televisão quando Demi saíra, e a cena com que ela se deparou fez com que seu coração gelasse no peito. Marie estava caída de frente no sofá, e Selena inclinava-se sobre ela, tentando virá-la. 
— Ah, meu Deus, meu Deus... - Selena gemia, descontrolada. — Um ataque cardíaco! Não havia ninguém aqui com ela...
— Ligue para o 911 - Demi ordenou à irmã, tomando o controle. Com toda delicadeza, virou o corpo da senhora de costas para o encosto do sofá. — Avise primeiro a ambulância e... - Interrompeu-se ao ver o ferimento de bala no peito da bisavó, e levantou-se num pulo. — Vá chamar Nicholas! - gritou por sobre o ombro, já começando a correr. — Não toquem em nada, e acendam todas as luzes da casa! 
Por uma fração de segundo Joseph pensou que ela estivesse correndo para o telefone, mas havia um aparelho numa mesa ali perto. Então, ouviu a porta dos fundos abrir-se com um estrondo. 
— Ligue para o 911! - ele gritou para Selena, disparando para fora da saleta atrás de Demi. Não podia acreditar que aquela tolinha impulsiva estivesse realmente lá fora, procurando um assassino. 
Joseph atravessou correndo a porta dos fundos, os olhos examinando rapidamente todo o gramado deserto. Depois virou à direita, percorrendo os fundos da casa, que lhe parecia a rota de fuga mais lógica. Fez a curva no instante em que Demi desaparecia por entre as sombras mais adiante. Quando tornou a vê-la, estava encostada numa das paredes laterais da casa, olhando em volta numa postura de alerta.
— Demi! - ele chamou, mas ela já estava novamente correndo, passando como um raio pelo gramado da frente, desviando-se dos arbustos e saltando obstáculos como se fossem barreiras numa pista de corrida. 
Joseph seguiu logo atrás, tentando alcançá-la, furioso e atemorizado demais por ela para apreciar devidamente a eficiência e agilidade de seus movimentos, ou para registrar por que o comportamento dela lhe parecia estranhamente familiar. 
Demi parou perto dos portões de entrada. Pendeu a cabeça para baixo, derrotada, e seus ombros começaram a sacudir-se num pranto silencioso. Joseph finalmente alcançou-a, agarrou-a pelos braços e a fez girar de frente para ele.
 — O que diabos você... 
— Ela está morta, Joseph - Demi soluçou. — Está morta... 
As lágrimas que corriam em seu rosto apagaram a raiva que ele sentira pela sua imprudência, e Joseph puxou-a para si, abraçando-a com força.
— Lamento muito Demi - murmurou. - Lamento muito. 
À distância, o gemido das sirenes parecia cada vez mais próximo, e Joseph viu que os portões eletrônicos começavam a se abrir. Afastou Demi da entrada no instante em que dois carros de polícia chegavam de direções opostas, com suas sirenes estridentes e luzes piscando. 

Então gente gostaram do capítulo? Quem será que assassinou a Marie? Comentem, bjs!

6 comentários:

  1. Que capítulo é esse? Pelo amor de Deus não paraaaa!!!! Posta outro pfvrrr!!!!

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  2. Oi, desculpe incomodar, mas eu estou ajudando uma amiga que faz parte de um site de fanfics interativas, o jonasfics, que agora está aberto para todos os públicos. Então só queria informar caso queira postar sua história lá, ou ler as do site kkkk. E se puder divulgar já que desde o fim da banda as pessoas estão abandonando o site, eles vão passar por mudanças a fim de melhorar tanto para as leitoras, quanto para as autoras.

    Fico agradecida,
    Sam, xoxo.

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    1. Claro amor, desculpe se eu demorei para visualizar sua mensagem...
      Mas irei dá uma olhadinha e divulgar
      Bjs lindona <3

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  3. Tava tudo tão perfeito, ele voltou pra ficar com ela, a descontração na cozinha com a família dele, a admissão dele de que esta louco por ela, e agora acontece isso. Tadinha da Demi, vai se sentir culpada por ter deixado ela sozinha. Posta mais. Melhor fic.

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    1. Pois é, mas muita coisa ainda está por vim, as coisas vão piorar.
      A demi ainda vai sofrer um pouco, mas tudo vai dá certo.
      Já postei, confira! Bjs <3

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