28/12/2016

heartbeat: capítulo 11


Para o inferno o autocontrole

Nas semanas que se seguiram, Demi voltou facilmente à rotina no restaurante e ficou satisfeita por Alex estar trabalhando num horário mais normal. Ele já não chegava tão tarde da noite. Para Demi, as coisas começaram a se acalmar. Alex conversou com um cliente que tinha um cargo importante no distrito escolar da cidade de Nova York e acabou conseguindo um emprego de tempo integral para ela em Greenwich Village. Ela estava animada porque, em menos de um mês, enfim daria início à carreira e ainda mais contente porque estaria cercada de alunos do primeiro ano. Desejara muito lecionar para essa faixa etária, pois achava que o início da educação de uma criança era o mais importante.
– Já está pronta, gata? – chamou Alex, impaciente, sentado em seu sofá.
– Só mais dois minutinhos. – ela prendeu as últimas mechas dos cabelos. Estudou seu reflexo no espelho e concluiu que, apesar de a confusão de fios castanhos não estar cooperando naquela tarde em especial, teria que ficar assim mesmo.
Colocou um vestido leve de alcinha, pegou um par de sapatos de salto alto marrons e foi para a sala de estar.
– Você está uma delícia – observou Alex, aproximando-se. – Animada?
– Sim, mas você não precisa fazer isso. – ela deslizou os braços ao redor do pescoço dele, os sapatos pendurados nas pontas dos dedos. – Tenho roupas suficientes.
– Tem, mas nada das grifes da Quinta Avenida. E eu adoraria comprar mais lingeries sensuais para você.
– Aposto que sim – devolveu ela, arqueando as sobrancelhas.
Ele inclinou a cabeça de Demi para trás e beijou seu pescoço.
– Você não tem nem ideia.
Selena pigarreou, interrompendo-os.
– Aonde é que os dois amantes vão hoje? – perguntou, revirando os olhos.
Com um sorriso espertalhão, Alex se aproximou dela e passou o braço sobre seu ombro.
– Ora se não é a pessoa que mais amo neste mundo.
– Me larga, babaca – disparou Selena, curvando-se para se livrar dele.
– Alex vai me levar para fazer compras – respondeu Demi. Ela passou os braços em volta da barriga de Alex e o puxou. Depois, se calçou. – O que vai fazer hoje?
– Vou finalizar meu quadro e levá-lo para a galeria, para a exposição. – Selena se serviu de uma xícara de café. – Você vai, não vai?
– Não perderia por nada, amiga.
– Quer vir comigo fazer as unhas amanhã? – perguntou Selena. – Tenho que fazer os pés também.
Alex passou os braços pela cintura de Demi, conduzindo-a em direção à porta.
– Odeio interromper a conversa de mulherzinha, mas tenho que levar minha namorada, Sel.
Demi virou o pescoço para fitar Selena.
– Eu quero, Sel, estamos combinadas para o pé e mão. Nos vemos mais tarde. – Selena balançou a cabeça e ficou observando enquanto os dois deixavam o apartamento.
– Sabe, você precisa parar de ser tão implicante com ela – disse Demi a Alex um pouco depois, já acomodando-se no banco do carro dele. – Ela tem sido bem legal com você nas últimas semanas.
– Só estou brincando, Demi. – ele fechou a porta e Demi ficou olhando enquanto o namorado contornava o carro e assumia seu lugar no banco do motorista. – Ela precisa aprender a levar as coisas na esportiva.
– Eu sei mas, por favor, por mim, deixe-a em paz, está bem?
Tomando a mão de Demi, ele se meteu no tráfego.
– Está bem, está bem, vou deixá-la em paz.
– Obrigada.
Ele levou a mão da namorada aos lábios e a beijou.
– Sem problemas. Mas me faça um favor. Tem uma pasta no banco de trás. Pode pegá-la para mim?
Ela desafivelou o cinto de segurança e estendeu o braço em direção à pasta. Depois de afivelá-lo outra vez, olhou para o material em suas mãos. O coração parou quando ela viu a logo da Jonas Industries no canto superior direito. Apesar de não ter sido nem um pouco fácil, de alguma forma havia conseguido manter o “novo amigo” longe dos pensamentos durante as muitas últimas semanas, e agora, do nada, praticamente o tinha nas mãos.
– Tome – tentou passar a pasta para Alex.
– Fique com ela por enquanto. Vamos dar um pulo na cobertura dele antes de irmos às compras. Estou com uns documentos para ele assinar até o final da semana. – ele correu a mão pelos cabelos louro-escuros. – Devo admitir que o cara é um pé no meu saco. O filho da puta vive retificando as malditas ações dele.
– Ah... bem... eu fico esperando no carro enquanto você sobe, então. – ela tentou se mostrar alheia enquanto olhava pela janela.
– Nem pensar. Primeiro, porque vai demorar um pouco para eu revisar umas coisas com ele e, segundo, porque quero que você veja o tipo de lugar no qual a gente vai morar um dia. A casa dele é espetacular.
Demi deixou escapar um suspiro. Quinze minutos depois, se viu saltando do carro na frente do prédio que abrigava seu maior pesadelo e seu sonho mais indecente.
Depois de atirar as chaves para o guardador, Alex apontou para o topo do prédio imenso.
– Está vendo isto?
Demi levantou a cabeça, os olhos seguindo uma tirinha delgada de céu azul que se estendia até o topo do prédio. 
Ela assentiu.
– É lá que ele mora, como uma porra de um rei, com vista para tudo isto. – Alex abriu bem os braços para incluir a região de Lenox Hill do Upper East Side. – Um dia, vamos viver como ele.
Ele sorriu e pôs a mão nas costas de Demi.
Com um toque no quepe, o porteiro os cumprimentou, chamando Alex pelo sobrenome, como se fossem velhos amigos. Ao entrarem na portaria de estilo renascentista, Demi notou algumas pessoas caminhando de um lado para outro, exibindo algumas das roupas e joias mais caras que ela já tinha visto. Baixando os olhos para seu vestidinho de verão do Walmart e para os sapatos de salto da Payless, sentiu-se mais do que um pouco fora da sua zona de conforto.
A viagem de elevador até o septuagésimo quinto andar foi torturante. Ao ouvir o apito antes de as portas se abrirem, quis se enfiar dentro das paredes e se camuflar na textura da madeira. Durante a longa caminhada até o fim do corredor, sentiu-se como um pedaço de carne sangrento subitamente atirado aos tubarões.
Um tubarão em especial, na verdade.
Ao se aproximarem da porta, Demi passou a mão pela testa salpicada de suor, o coração descompassado. Alex deu uma batidinha rápida e, depois do que pareceu uma eternidade, a porta se abriu. Por trás dela, encontrava-se uma ruiva estonteante e gostosona. Além do sorriso, não usava nada além de calcinha de renda cor-de-rosa e um sutiã combinando por baixo de uma camisa branca de Joseph. Desabotoada, para piorar.
– Uau, você está linda. – Alex lançou para a mulher um sorriso cintilante, que logo desapareceu quando Demi o olhou de cara feia.
– Oi, Alex – disse a mulher, com uma voz rouca, puxando-o para um abraço. – Cara, faz um tempão que a gente não se vê.
Cruzando os braços, Demi abriu um sorriso forçado. Alex olhou para Demi, pigarreou e voltou a atenção para a mulher.
– Faz muito tempo, Natasha. Imagino que nosso grande homem esteja em casa. Eu não telefonei para avisar que iria passar por aqui.
– Pois é, ele está lá fora no terraço com o laptop. Tipo, sabe como ele é, né, só trabalho e zero diversão – comentou ela, rindo. – Por acaso eu estava saindo do banheiro quando você tocou.
Alex assentiu.
– É, sei como ele é com trabalho.
– Quem é esta? – perguntou Natasha, fechando a porta quando eles entraram.
– Esta é a futura Sra. Pettyfer. – Alex sorriu e passou o braço pela cintura de Demi. – Demi, esta é Natasha Bradford. Ela é... amiga de Joseph?
– Eu sou o sabor que Joseph escolheu para este mês. – ele riu como uma criança. Demi
ficou ligeiramente boquiaberta. – Mas por mim tudo bem. Assim eu ganho coisinhas como esta. – ela riu outra vez e passou um dedo brincalhão sobre um colar de diamantes.
– Ora se você não é uma menininha de sorte – replicou Demi, se esforçando para não vomitar.
– Sou, sim. – Natasha sorriu e inclinou a cabeça para o lado. – Então, vocês dois estão, tipo... noivos mesmo?
– Não, nós não estamos, tipo... noivos mesmo – respondeu Demi depressa.
– Ah, espera aí... eu achei... – Natasha olhou para Alex, confusa, e deu um tapinha no braço dele. – Seu bobo, você me fez acreditar que... tipo... vocês estavam noivos quando disse que ela era a futura Sra. Pettyfer.
– Ela vai ser, um dia.
Demi rezava para não ter que ouvir a palavra tipo mais uma vez.
– Está certo, entrem. Vou avisar para ele que vocês dois estão aqui.
Demi suspirou. Natasha se afastou para buscar Joseph.
– Gata, tenho que ir ao banheiro – disse Alex, descendo por um longo corredor. – Volto já.
Demi assentiu. 
Num primeiro olhar, notou que a decoração contrastava radicalmente com o estilo acolhedor da casa dos Hamptons. Apesar de ser extraordinária à própria maneira, passava frieza e impessoalidade. Pisos de mármore, sofás de couro preto, esculturas abstratas de pedra e fotografias colossais em preto e branco retratando diversas cidades abarrotavam a imensa cobertura sem que houvesse o menor traço de cor em lugar algum.
Como uma exibição de sucesso absoluto nos negócios, era bem como o lugar no qual Demi imaginara Joseph morando quando o conhecera.
Não era um lar, mas apenas o que a cidade esperava dele. Mais uma das muitas camadas de Joseph Jonas lhe vieram à cabeça.
Enquanto Demi se repreendia por analisar a casa dele, Joseph surgiu vestindo calças de pijama azuis, sem camisa. Ele aqueceu o ambiente na mesma hora. Demi observou, sem fôlego, quando ele sussurrou alguma coisa ao ouvido de Natasha.
Ela riu, o beijou no rosto e seguiu apressada pelo corredor, entrando em um dos quartos e fechando a porta.
Os olhos de Joseph pousaram em Demi enquanto ele tentava mascarar a excitação que
sentia pelo simples fato de vê-la ali. Quando ficara uma semana sem vê-la, tinha parecido uma eternidade e este novo período, ainda mais longo, fora como uma sentença de morte.
Sentindo o corpo relaxar com a simples presença de Demi, se aproximou dela com um
sorriso.
– Sinto muito por isso. – ele passou a mão pelos cabelos. – Ela tem aversão a roupas, ou algo do gênero.
– Mas tem paixão pela palavra tipo, então imagino que as coisas se equilibrem.
– Hum, eu nunca tinha notado isso – disse ele, coçando a barriga.
– Está de brincadeira? – Demi riu, tentando manter a atenção no rosto de Joseph e afastando o pensamento insistente em olhar para o seu corpo.
Ele chegou mais perto e sussurrou ao ouvido dela:
– É claro que eu estou brincando. É um saco, mas não conte a ela que eu disse isso.
Demi achou que fosse desmaiar ao sentir a proximidade e o hálito quente dele em sua pele.
– Minha boca é um túmulo.
Com um movimento fluido, os olhos dele passaram aos lábios de Demi e depois voltaram aos olhos.
– Me faça um favor e tente não chamar nenhuma atenção para esta boquinha bonita  sussurrou ele, os olhos intensos.
Demi ficou boquiaberta, mas logo se recompôs.
– Quer beber alguma coisa? – perguntou ele, muito informal, baixando a cabeça para disfarçar o sorriso.
– Vai ficar me olhando enquanto eu estiver bebendo? Porque, posso estar enganada, mas acho que vou ter que usar a boca para tomar qualquer coisa.
Ele ergueu uma das sobrancelhas e deu um sorriso torto.
– Seria um enorme prazer para mim.
– O que seria um enorme prazer? – perguntou Alex ao voltar do banheiro.
Demi se afastou de Joseph, quase tropeçando.
– Eu estava acabando de dizer a Demi que seria um enorme prazer mostrar o apartamento a ela – respondeu Joseph com toda a calma e impassibilidade possíveis.
– Bem, antes do tour pelo apartamento, vamos acabar logo com esta merda. – Alex entregou a ele uma pilha de documentos. – Preciso da sua assinatura em cada um destes bonitões. Também quero conversar com você a respeito de alguns riscos que acho que está assumindo ao se livrar da CMEX. – Alex foi até a cozinha para pegar uma bebida.
Joseph olhou Demi nos olhos.
– Eu sou completamente a favor de assumir riscos. Acho que deixa a vida um pouco mais... empolgante. Você não concorda? – Demi sabia bem a que ele se referia, e seu coração deu uma cambalhota ao fitá-lo.
– Só não acho que seja uma boa ideia se livrar dela – insistiu Alex, abrindo uma garrafa de cerveja. Fez o caminho de volta até os dois. – A CMEX é sua segurança. Você tem muito dinheiro investido em fundos multimercado no momento. Pode não ser uma boa jogada.
– Você é o profissional – disse Joseph com um sorriso. – Vamos cuidar disso no meu escritório. – ele se virou para Demi. – Por favor, sinta-se em casa. Natasha deve voltar num minuto. Tenho certeza de que ela vai manter você... tipo, entretida. – ele deu uma piscadela e sumiu corredor abaixo com Alex.
Demi permaneceu um instante na sala de estar, muda como uma estátua enquanto tentava recuperar o fôlego. Lambeu os lábios enquanto o formigamento que Joseph provocava em seu corpo iria subindo do pé até o topo da cabeça.
Perigoso... para... cacete...
Com um suspiro, foi até o terraço na esperança de que o ar fresco acalmasse o caos em sua mente.
A cobertura ficava numa quina e a impressionante vista desimpedida do Central Park e do East River a encheram de reverente admiração. O terraço, por si só, era maior do que a sala de estar e os quartos dela e de Selena juntos. Com todo o cuidado, espiou a cidade pela beirada, lá embaixo. Os cabelos chicoteavam à sua volta enquanto ela respirava o ar quente e úmido de agosto. Embora tivesse medo de altura, Demi sentiu-se em paz por causa da tranquilidade, da garantia de solidão, da ausência de gente naquele ponto tão alto. A serenidade durou pouco, no entanto, pois Natasha chegou, cruzando as portas francesas.
– É, tipo, de tirar o fôlego aqui fora, não é? – perguntou, entregando a Demi um copo de água gelada.
– Obrigada – disse ela. – É realmente lindo aqui em cima. – estudou o tomara que caia preto e justo de Natasha. – E então, de onde você é?
– Califórnia. – ela deu uma risadinha infantil.
– Sério? – Demi demonstrou um choque falso. – Eu jamais teria imaginado.
Natasha inclinou a cabeça, os cabelos vermelhos voando ao vento.
– Tipo, eu sei, né? As pessoas me dizem isso o tempo todo.
– Aposto que sim.
As duas mulheres se sentaram num confortável sofá.
– E então, tipo... Há quanto tempo você namora o Alex?
– Vamos fazer um ano no mês que vem.
– Ai, que fofo. E ele é tão bonitinho também.
– Obrigada. E quanto tempo faz que você e Joseph... é... – sem saber como fazer a pergunta, Demi levou o copo d’água até os lábios e tomou um gole.
– Que a gente transa? – Demi engasgou com a água. – Ah, meu Deus... Você está bem? – Natasha colocou a mão nas costas de Demi.
– Estou, é que... – ela pigarreou diversas vezes. – É que desceu meio mal – explicou ela, apontando para a garganta. – Estou bem agora, obrigada.
– Bem, como eu estava dizendo, deixa eu ver, tipo... – Natasha fez uma pausa e bateu um dedinho no queixo. – Eu conheci o Joseph... tipo... há dois anos, quando a Jonas Industries estava fazendo uma campanha para uma agência de modelos para a qual eu trabalhava. Não temos um relacionamento sério nem nada, mas a gente transa de vez em quando desde então. Tipo, quando ele me liga, eu venho. – ela riu. – E eu quero dizer, correndo. Meu Deus, como eu gozo. Aquele homem sabe o que faz na cama. Tipo, é o melhor que já tive, sem brincadeira. E aqueles lábios, aquela língua. São tão, tipo... não só bons para beijar. Quero dizer, quando ele desce e...
– Parece que está esquentando aqui fora, não é mesmo? – Demi a interrompeu, levantando-se depressa. Ela abanou o rosto com a mão. – É, definitivamente ficou mais quente aqui fora.
Natasha franziu as sobrancelhas.
– Hum, não estou sentindo.
– Eu estou. Vou voltar lá para dentro para ficar no ar-condicionado.
– Ah, está bem... vou com você – exclamou Natasha, saltando sobre os pés um pouco avidamente demais.
Não vem não, por favor...
Entrando na cobertura, Demi encontrou Alex sentado no sofá de couro.
– Você está bem, gata? – perguntou ele. – Está pálida.
– Sim, estou bem. – ela se aproximou dele. – Preciso ir ao banheiro antes de irmos embora.
Natasha fez beicinho e se atirou numa poltrona ao lado de Alex, se encolhendo.
– Ah, não. Tipo, eu estava esperando que pudéssemos ir todos almoçar num restaurantezinho grego todo chique que acabou de inaugurar e que, tipo, estou super a fim de experimentar.
– Parece ótimo. – Alex ficou de pé e foi até a cozinha pegar outra cerveja. – Na verdade, estou morrendo de fome.
– Alex, a gente ia fazer compras, lembra?
– A gente vai depois. A Quinta Avenida ainda vai estar no mesmo lugar – observou ele, pegando o celular para fazer uma ligação.
Demi o fitou, furiosa, enquanto ele dava início a uma conversa com quem quer que estivesse do outro lado da linha.
– Ah, que bom! – Natasha bateu palmas.
Joseph entrou na sala de estar, ainda muito informal com suas calças de pijama. Ele começou a massagear os ombros de Natasha.
– Por que está aplaudindo?
– Ela está, tipo, superanimada porque todos nós vamos, tipo, sair para almoçar juntos. –
Demi deu um sorriso malicioso para ele, semicerrando os olhos. – Então, tipo, preciso usar seu banheiro antes de irmos. Será que, tipo, dava para você me dizer qual desses corredores devo pegar para chegar lá?
Natasha sorria de orelha a orelha.
– Fica, tipo, no final daquele corredor, na última porta à sua direita. – apontando, ele tentou conter uma risada.
Sem olhar para trás, Demi seguiu na direção indicada. Fechou a porta às suas costas.
– Puta que pariu, é inacreditável – murmurou ela enquanto estudava seu reflexo.
Depois de alguns minutos tentando aceitar que estava prestes a passar a tarde numa situação muito desconfortável, saiu e deu com Joseph encostado na parede oposta, os braços cruzados. Ouviu Alex e a garota da Califórnia rindo no outro cômodo, embora não desse para escutar o que conversavam.
– Você acha isso tudo muito engraçado, não acha?
Sorrindo, ele deu um passo à frente.
– E você, não?
Ela deu um passo para trás.
– Não tanto quanto você.
Sem se deixar abater, Joseph deu mais um passo adiante.
– Nós somos amigos, lembra?
Sem dizer nada, ela recuou mais um pouco, apenas para se dar conta de que estava contra a parede, as palmas das mãos suadas pressionadas contra a superfície fria.
Ele apoiou uma das mãos logo acima do ombro dela, inclinando a cabeça enquanto se abaixava para olhar dentro dos seus olhos.
– É só um almoço – disse ele, a voz grave e sedutora. – Amigos almoçam juntos o tempo todo.
Fechando os olhos, Demi tentou se concentrar na voz de Alex no outro cômodo, mas o hálito doce de Joseph, tão perto, tornava tudo muito difícil. Arrepios lhe percorreram a pele.
– Você é louco. – o coração de Demi batia com tanta força que ela jurava que dava para ouvir.
– Você acha?
Engolindo com dificuldade, ela abriu os olhos e assentiu.
Ele mordiscou o lábio, deslizando-o lentamente por entre os dentes.
– Então posso fazer uma confissão, já que, ao que consta, pareço ser louco?
A voz rouca fez o estômago dela revirar outra vez.
Descendo as pontas dos dedos com suavidade pelos braços nus de Demi, Joseph pôs uma tampinha de garrafa na mão dela. Então inclinou o corpo, ficando a centímetros do ouvido dela, a voz não mais do que um sussurro:
– Eu me esqueci completamente de lhe dar isto quando você chegou. – sorrindo, ele se afastou, entrou no quarto e fechou a porta.
Demi deixou escapar o ar que vinha prendendo e tentou restaurar seus batimentos a um ritmo normal. Sentiu um nó na garganta. Depois de enfiar a maldita tampinha dentro da bolsa, fez o caminho de volta até a sala de estar e acomodou-se no sofá, ao lado de Alex.
Durante os quinze minutos seguintes, enquanto aguardavam Joseph se arrumar, aturou a detalhada e maçante explicação de Natasha sobre a recente cirurgia plástica a qual havia se submetido para empinar o bumbum. Natasha parecia ser uma garota boazinha e um pouco maluca, mas, quando Joseph chegou à sala, Demi ficou mais do que satisfeita em poder dar o fora dali.
Parecia impossível, mas a viagem de elevador até o térreo foi ainda mais torturante do que a subida à cobertura. A tensão existente no pequeno espaço era tão palpável que Demi a sentia roçando em sua pele. Os dois casais se encontravam frente a frente. Demi e Natasha conversavam sobre opções de investimentos em ações que ele achava que ela devia fazer.
Muito à vontade, Joseph se encostou na parede, sorrindo e abraçando Natasha pela cintura, mas sem tirar os olhos de Demi.
Ela o observava com a mesma intensidade. Ele vestia uma camiseta preta justa cujas mangas ficavam distendidas em torno dos braços musculosos e calças pretas que apertavam a cintura delgada.
Quando a campainha do elevador tocou, já no térreo, Demi saiu o mais rápido que pôde para bem longe de Joseph.
Os casais decidiram que iriam até o restaurante no carro de Alex. Natasha e Joseph se acomodaram no banco de trás e Demi perdeu a noção da quantidade de vezes que revirou os olhos ao ouvir a risadinha de Natasha a cada palavra sussurrada por Joseph. Não havia dúvidas de que se tratava de algo de teor sexual.
Quando chegaram, Alex ajudou Demi a sair do carro, e Joseph fez o mesmo com Natasha.
Embora o saboroso aroma de comida grega despertasse o apetite de Demi, ela não estava com muita vontade de comer quando o maître os conduziu à mesa.
– Sabe, Demi, você é realmente linda – observou Natasha, do outro lado da mesa. – Alguma vez você, tipo, já pensou em ser modelo? Você tem mais de 18 anos, né?
– É... tenho 24. Mas nunca pensei em fazer nada parecido. Além do mais, gosto demais de comida – falou, rindo, devolvendo o cardápio para o garçom.
Alex buscou a mão de Demi e olhou para Natasha.
– De todo modo, eu não iria querer que ela trabalhasse como modelo.
– Por quê? Tipo, ela iria ganhar um dinheiro e eu tenho o melhor agente em Nova York. Poderia apresentá-lo a ela.
– Demi não precisa se preocupar com dinheiro. – Alex se recostou. – É só uma coisa
que eu preferiria que ela não fizesse, só isso.
Natasha deu de ombros e jogou os cabelos para o lado.
– Então, Alex disse que você vai lecionar na cidade este ano – comentou Joseph, olhando para Demi.
– Isso – respondeu ela, pondo o guardanapo no colo. – Em Greenwich Village.
– Pois é, vai dar aula para o primeiro ano, assim não tenho que me preocupar com alunos se apaixonando por ela. – Alex riu e inclinou o corpo para beijar o pescoço da namorada.
– Ah, mas você pode estar enganado quanto a isso, Alex – disse Joseph. – Eu tive uma quedinha pela minha professora do primeiro ano.
Alex bebeu um gole do uísque com gelo que pedira.
– Está falando sério?
– Estou. – Joseph se recostou na cadeira. – Se bem me lembro... – ele fez uma pausa de um segundo e sorriu. – O nome dela era Srta. Molly. E, cara, vou lhe contar, fiquei mal por causa dela. Ela me enlouquecia de um jeito que eu não conseguia entender direito.
Demi lançou um sorriso irônico para ele e revirou os olhos.
Natasha riu e deu um tapinha brincalhão no braço de Joseph.
– Tipo, você já corria atrás das mulheres naquela época, é?
– Pelo visto, sim. – Demi entrelaçou os dedos das mãos sob o queixo e o fitou, do outro lado da mesa.
Joseph ergueu uma das sobrancelhas e permaneceu em silêncio.
– Cacete, se não é o Alex Pettyfer!
Demi se virou e deu com um homem mais ou menos da idade deles, de sorriso largo e cabelos castanhos escuros penteados para trás com uma boa quantidade de gel.
– Caralho, não é possível! – Alex se levantou, contornou a mesa e apertou a mão do homem. – Porra, onde você tem se escondido?
– Em Cancun, com as deliciosas señoritas, mas estou de volta e mais quente do que nunca.
Alex se virou para Demi.
– Gata, este é um velho amigo meu de faculdade, Keith Jacobs. Keith, esta é minha namorada, Demi.
Ela apertou a mão dele e Alex o apresentou a Joseph e a Natasha. Seguiu-se uma troca de amenidades e Alex pediu licença para conversar com Keith no bar por alguns minutos.
Demi se virou para Natasha:
– E então, Natasha, já teve a oportunidade de visitar a biblioteca pública de Nova York?
– É... Bem, ainda não, mas gosto de ler revistas. Deve ter algumas por lá, não é?
Joseph sorriu para Demi divertindo-se muito com a observação estúpida feita por Natasha. Ele sabia bem a qual conversa ela estava se referindo ao mencionar a biblioteca.
– Tem sim, sem dúvida. – Demi arregalou os olhos. – Você teria centenas, senão milhares, de revistas nas pontas dos dedos. – Tomou um gole do muitíssimo necessário cosmopolitan e sorriu.
– Aposto que eles têm uma tonelada de exemplares da Vogue, também.
Natasha pareceu contente.
– Obrigada pela sugestão. Tipo, eu vou ter que ir lá um dia. Mas agora vou retocar a maquiagem. Já volto. – ela se levantou, deu um beijinho casto na têmpora de Joseph e atravessou o restaurante, rebolando enquanto ajeitava o tomara que caia.
– Essa foi boa – observou Joseph, inclinando o corpo por cima da mesa. – Eu já disse isso e vou repetir: você é uma garota bem engraçada.
– Sério, Joseph? Um homem da sua importância saindo com uma cabeça de vento como esta? Acho que você não estava mesmo brincando quando disse que se sentia atraído pelo tipo cem por cento beleza e zero cérebro.
Ele deu de ombros.
– Eu já falei que todos nós temos nossas formas de preencher os vazios de nossas vidas. Ela me dá o que eu preciso e eu dou a ela o que ela precisa. Me parece justo.
– Ah, é verdade, afinal quem poderia sentir falta do pedregulho que ela traz pendurado no pescoço?
– Você parece... zangada? – devolveu ele, a voz monótona e o rosto impassível.
Demi perdeu a paciência, mas manteve o tom de voz num sussurro.
– Você quer saber por que estou zangada? – ele assentiu, sem tirar os olhos de cima dela.
– Estou zangada por você, tão espalhafatosamente, fazer questão de me deixar desconfortável. O que aconteceu com aquela coisa de querer ser meu amigo?
– Estou dificultando as coisas para você? – perguntou Joseph, zombeteiro.
– Está sim, Joseph – disparou ela, baixinho, os nós dos dedos brancos em torno do copo. 
Com o desejo por ela preso dentro de si incendiário, sufocante e pronto para explodir, ele se inclinou um pouco mais para a frente, baixando a voz.
– Ótimo, porque sempre que você está por perto, eu perco cada pingo de autocontrole que ainda tenho.
Demi sentiu um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras inesperadas. Expirou com vontade, o som pesando no ar enquanto ondas de comichões tomavam todo o seu corpo. E, para piorar, a cada segundo que Joseph a fitava daquela forma, Demi ia sentindo o calor aumentar. O impacto criou uma explosão entre suas pernas, causando uma reação em cadeia de raiva misturada a um desejo ainda maior do que antes. Demi retribuiu o olhar carregado de desejo dele, demonstrando traços de desafio enquanto tentava recuperar o fôlego.
– O que você quer de mim?
– Eu quero que você se renda àquilo que vejo toda vez que me aproximo de você. – muito lentamente, ele lambeu os lábios. Os olhos brilhantes endureceram com um desejo palpável. – Quero que você se renda ao modo como tremeu nos meus braços quando a toquei, ao modo como fica mais ofegante quando olho para você.
Ela o encarou, o coração ribombando, sem conseguir formar uma única frase.
– Eu amei a sensação dos seus lábios nos meus e estou quase certo de que você sentiu o mesmo. Também adoro a maneira como quase consigo sentir você ficando molhadinha agora. – ele fez uma pausa antes de dizer, num sussurro ríspido: – Vai fingir que não sente nada por mim, Demi?
Ele nem a estava tocando e, no entanto, estava certíssimo: a calcinha dela estava úmida.
Demi odiava o fato de ele estar certo. Odiava o fato de ele notar cada reação física e
emocional que provocava nela. E odiava o fato de desejá-lo tanto. Que desgraçado!
– Não vou responder à sua pergunta.
– Você não gosta de responder a perguntas – afirmou ele através de dentes cerrados, tentando lutar contra o desejo de arrastá-la para cima da mesa e tomá-la nos braços.
Poderia ter devorado cada centímetro dela bem ali. Como um tornado que arranca do solo tudo que está em seu caminho, a simples presença de Demi funcionava como um ímã.
Que desgraçada!
– Não, Joseph. Eu não gosto de responder às suas perguntas – sussurrou ela rapidamente em resposta. – E pelo visto nem vou precisar fazer isso, porque seu preenchedor de vazios está chegando.
As pupilas de Joseph abandonaram os olhos dela e se dilataram com a compreensão do que Demi acabara de dizer. Recostando-se displicentemente, ele colou um sorriso artificial nos lábios quando Natasha se aproximou. Antes de se sentar, ela o puxou para beijá-lo.
Demi foi tola por não desviar os olhos. Sentiu náusea ao ver Joseph deslizar a língua quente
pela boca de Natasha. Não sabia por que sentira-se assim ao observá-los, mas ficou furiosa,
mesmo ciente de que não tinha o menor direito. 
Quando o beijo chegou ao fim, os olhos de Joseph passaram a fitar Demi. O olhar foi vacilante, com uma forte sugestão de algo semelhante a um pedido de desculpas.
Um dos cantos da boca de Natasha subiu com um sorriso satisfeito antes de ela se sentar ao lado dele.
– Desculpe por eu ter demorado tanto, mas, tipo, tive que tirar tudo da bolsa para encontrar o batom.
Demi respirou fundo e quase deu um pulo ao sentir o aperto da mão enorme de alguém em seu ombro. Virou-se e viu Alex. Tentou fazer com que o coração desacelerasse do choque frenético causado pela conversa que tinha acabado de terminar.
Enfim o garçom trouxe a comida. Demi e Joseph passaram o restante da refeição trocando olhares acalorados, o que fez Demi brincar nervosamente com os talheres o tempo todo.
Depois de ser obrigada a aguentar uma hora de uma conversa entediante sobre a preocupação de Alex com as escolhas de Joseph a respeito de seu portfólio de ações, Demi
ficou exultante quando os casais enfim retornaram ao carro, encerrando uma tarde que deixara seu estômago revirado.
Ficou praticamente em silêncio durante o percurso até o outro lado da cidade para deixarem Joseph e Natasha, mas, se Alex notou a sua súbita mudança de comportamento, não comentou. 
Ao chegarem ao edifício de Joseph, Demi alegou que não estava se sentindo bem, um pretexto para ficar no carro enquanto Alex os acompanhava até a entrada. 
Beijou a bochecha de Natasha e se despediu de Joseph com um aperto de mão firme. Enquanto Alex voltava ao carro, os olhos de Demi foram atraídos por Joseph, que manteve a porta aberta para Natasha enquanto esta saltitava portaria adentro, sacudindo os cabelos para todos os lados. 
Antes de segui-la, Joseph se virou, as mãos enfiadas nos bolsos da frente, e lançou um último olhar para Demi, penetrante e cheio de desejo, que ficaria cauterizado em sua lembrança pelo restante da tarde.
Alex se recostou no assento e sorriu:
– Pronta para ir às compras na Quinta Avenida?
Embora sentisse como se tivesse acabado de fugir de um manicômio, Demi abriu um sorriso artificial e assentiu.
– Sim, vamos dar o fora daqui.

esse Alex é um chato e um babaca, como pode? Demi larga dele logo kkkkkkkk
que tensão foi essa no restaurante entre o Joseph e a Demi, adorei. Está sendo cada vez mais difícil da Demi resistir aos encantos dele.
só eu gostei da Natasha? Demi ficou foi é com ciúmes dela com Joseph.
gostaram lindonas? me contem aqui nos comentários.
bjs lindonas e até o próximo <3

26/12/2016

heartbeat: capítulo 10


Intenções amigáveis

– Moça, você não trouxe a nossa entrada.
Sem dizer uma palavra, Demi ficou encarando a mulher, inexpressiva. Os pensamentos dispersos obviamente não estavam onde deveriam. A mulher fuzilou Demi com os olhos.
– Alô? O jantar chegou e você não trouxe a nossa entrada.
– Eu... eu sinto muito – gaguejou Demi. – Já volto com ela.
Entrando às pressas na cozinha, avisou aos cozinheiros que precisava com urgência de uma porção de palitos de mozarela empanados. Voltou à mesa, se desculpou outra vez e avisou aos clientes que a entrada chegaria em alguns minutos. Tentando recuperar qualquer chance de uma gorjeta, Demi ofereceu a sobremesa de cortesia. A mulher sorriu e aceitou, e assim o erro com a entrada logo se tornou coisa do passado.
Suspirando de alívio, Demi foi se sentar junto ao bar, grata por não terem feito nenhuma queixa... ou pelo menos assim achava.
– Caipirinha – começou Antonio. – O que foi que acabou de acontecer? A mesa dezesseis me disse que você esqueceu a entrada deles.
– É, sinto muito. Roberto está cuidando disso agora mesmo.
– Você ofereceu sobremesa a eles?
– Ofereci.
– Está tudo bem? – perguntou ele, colocando uma das mãos em seu ombro, mostrando-
se preocupado. – Você parece meio fora do ar esta noite.
– Tem muitas coisas acontecendo na minha vida, Antonio. Sinto muito. Não vai se repetir.
– Se não estiver se sentindo bem, posso deixá-la ir para casa mais cedo – disse ele, o rosto repleto de preocupação.
– Obrigada, mas estou bem.
Ele assentiu e se dirigiu ao escritório.
Demi se arrastou pelas horas de trabalho que se seguiram. A noite passou num borrão enquanto ela tentava compreender tudo que havia acontecido. Ao final do turno, sentia-se física e mentalmente exausta.
Vasculhando a bolsa em busca da carteira, Demi abriu a porta para sair do restaurante e esbarrou no que parecia ser uma parede de tijolos. Um “ai” audível escapou de seus lábios.
Ergueu a cabeça para se desculpar e seus olhos cor de esmeralda encontraram lindos olhos verdes.
– Nossa, você está bem? – perguntou Joseph, estendendo os braços para ampará-la.
Demi fez de tudo para não arfar diante do contato súbito dos dedos quentes e fortes em seus braços. Por um momento seus sentidos foram recompensados pela colônia que ele usava, pairando no ar. Um rubor coloriu as bochechas dela devido ao súbito aumento de sua temperatura corporal, e Demi sentiu que iria explodir em chamas. Quando Joseph baixou a vista para ela, mirou fundo em seus olhos um gesto perigoso, pois uma garota poderia se perder de verdade naquele olhar, principalmente depois do que havia acontecido entre eles.
Aquele beijo fora devastador, doloroso, eufórico e tudo mais que Demi havia imaginado que seria tudo no mesmo pacote.
Maldito beijo.
Ela se perguntou se algum dia conseguiria retornar à superfície para respirar. Seu coração batia frenético, como uma borboleta tentando escapulir da jaula que era seu peito. A
presença de Joseph ali, de pé à sua frente, desnudava uma série de coisas nas quais Demi não queria pensar.
– Sim, estou bem – respondeu ela, sem fôlego, ainda em estado de choque. Os dois pareciam estar em transe, os olhares fixos, sem se desviar um do outro.
Joseph soltou os braços dela e pigarreou. O coração ficava apertado só de olhar para Demi. E diante daqueles olhos, não era capaz de acreditar que apenas uma semana havia se passado desde que vira seu lindo rosto pela última vez, beijara os lábios macios e tocara a pele cálida. Parecia uma eternidade. 
Joseph odiava que seu subconsciente tivesse escolhido exatamente aquela noite, quando Demi estava vulnerável. Ele sabia que precisava se desculpar.
– Eu passei... – ele fez uma pausa, tentando organizar as ideias. – Passei por aqui na esperança de encontrar você. Será que podemos conversar?
– O que temos para conversar? – perguntou ela, tentando esconder o nervosismo.
Desviou o olhar do dele, sem querer pensar em quão sexy Joseph ficava naquele terno bem
cortado e de gravata.
Ele umedeceu os lábios e a fitou por um momento.
– Acho que está claro, não está?
Ela o olhou, hesitante.
– É, está – admitiu, em voz baixa. – O que você tem em mente?
Respirando fundo, ele passou a mão pela nuca.
– Podíamos beber alguma coisa. Tem um café um pouco depois da esquina.
Um lampejo de dúvida atravessou o rosto dela.
– Não sei. Não tenho certeza se é uma boa ideia.
– Eu só preciso de cinco minutos, Molly... Quero dizer, Demi. – ele abriu um sorriso luminoso.
– Ha-ha – disse ela, seca.
O sorriso se tornou ainda mais largo e ele ergueu as mãos, fingindo se render.
– Só cinco minutinhos?
Ela engoliu em seco, querendo recusar, mas seus esforços foram em vão.
– Está certo, mas nem um minuto a mais.
– Você tem minha palavra. É por aqui – disse ele, indicando-lhe a esquina da Rua 44.
Menos de meio quarteirão adiante, os dois entraram num pitoresco café. O aroma de pães e doces recém-saídos do forno enchiam o ar. Alguns clientes estavam acomodados num confortável sofá vermelho enquanto outros, sentados em mesas castanhas, navegavam na internet. Atrás do balcão, o barista, com cara de tédio, anotou o pedido dos dois, que se retiraram para uma mesinha nos fundos.
Com um sorriso, Joseph ergueu o punho e deu partida no cronômetro.
– Muito bem, meu tempo começa... agora.
Encabulada, Demi olhou para baixo, as mãos se retorcendo no colo.
Joseph se recostou no assento e cruzou os braços, o rosto ficando sério.
– Demi, sinto muito pelo que fiz – sussurrou, com um olhar intenso. – Piorei uma situação que já era desconfortável e me sinto péssimo por isso.
Ela mergulhou no fundo dos olhos dele, incapaz de acreditar nas palavras que saíam
daquela linda boca.
– Você não precisa se desculpar. O erro foi meu, não seu.
– Não, Demi, a culpa foi minha – disse Joseph, enfatizando cada palavra. – Foi errado da minha parte me aproveitar de você. Eu tomei a iniciativa de beijá-la.
– Quando um não quer, dois não brigam.
– Certo, mas...
– Eu retribuí o beijo.
Um sorriso lânguido surgiu nos lábios dele, os olhos faiscando.
– Então você queria me beijar?
– Está falando sério?
– Muito.
– Joseph.
– Demi.
Ela deixou escapar um suspiro.
– Bem, o que você espera que eu diga?
– Quero que diga.
– Diga o quê?
– Que queria me beijar.
– Você está louco – zombou ela. – E por que precisa me ouvir dizer isso?
Esfregando o queixo, Joseph estudou o rosto dela e sua expressão ficou séria de repente.
– Porque preciso saber que não a obriguei a fazer uma coisa que não queria.
– Você não me obrigou.
– Então diga, Demi.
O rubor subiu rapidamente pelo pescoço dela, até chegar às bochechas.
– Você não existe.
– Diga. – ele prolongou as sílabas ao máximo.
– Está bem – nervosa, ela olhou ao redor. Voltando o olhar para o dele, cruzou os braços. – Eu queria beijar você, Joseph. Está feliz, agora?
– Não. Ainda me sinto um babaca por colocá-la naquela situação.
– Então acho que estamos quites, porque me sinto péssima pelo que fiz. – ela se levantou para sair. – De que serviu esta conversa?
– Eu queria que ficássemos amigos. – ele se pôs de pé, na esperança de impedi-la de se afastar.
– E como fazemos isso, Joseph?
– Você admitiu que queria me beijar. Ficou mais do que óbvio que eu queria beijá-la. Agora podemos esquecer tudo e ser amigos.
– Simples assim?
– Simples assim – respondeu ele, embora percebesse a ausência de convicção por trás das
próprias palavras. – Agora sente-se e termine de tomar sua xícara de café com seu novo amigo.
– Pelo visto, você é um amigo exigente – zombou ela, pegando a bolsa. – Mas é sério, tenho que ir. Alex está me esperando no meu apartamento.
Joseph olhou para o relógio.
– Você me deu cinco minutos. Ainda tenho dois.
– Você está brincando?
Ele sentou-se outra vez, bebeu um gole do café e sorriu.
– Para que tantas perguntas, amiga?
– Vou repetir a mesma coisa que falei na sua casa – avisou ela, reacomodando-se na cadeira. – Você é mesmo muito engraçadinho.
– De carteirinha. E aí, como tem passado?
– Já estive melhor e já estive pior.
– Certo, então não é necessariamente uma coisa ruim.
– Nisso você tem razão.
– Muito bem. Então, me fale sobre você.
– O que você quer saber?
Qualquer coisa. Tudo. Por que voltou para ele? Deslizando a mão pelos cabelos, ele deu de ombros.
– Qual é o seu sabor de sorvete preferido?
– Baunilha. E o seu?
– Eu também curto baunilha, mas sou mais chegado à chocolate – respondeu ele, observando a forma como Demi se remexia na cadeira, ansiosa.
Fez-se um longo silêncio durante o qual Joseph mais uma vez olhou para ela daquele jeito intenso e inquisidor e Demi notou que ele apertava os lábios, como se para se impedir de perguntar o que realmente queria saber.
– E qual é a sua cor favorita? – disse ele por fim.
– Joseph, posso fazer uma pergunta para você?
– O que quiser.
– O que estamos fazendo?
– Estamos brincando de “vinte perguntas” – respondeu ele, rindo.
– Não, não estamos. O que você quer me perguntar, na verdade?
Erguendo uma das sobrancelhas, ele se recostou e apoiou as mãos na nuca.
– Hum, você é boa em me decifrar. – ele a observou por mais alguns segundos, analisando todos os contornos do rosto. – Gente que me conhece há muito mais tempo já disse que é difícil me entender.
– Acho você bem fácil de decifrar. – e ela achava mesmo. Embora ele mantivesse alguns aspectos de sua vida protegidos, era um livro aberto aos seus olhos. Ela tomou um gole do café. – Então, diga. O que quer saber de verdade?
Ele a estudou por um instante.
– Você está feliz com Alex, Demi?
Ela mordeu o lábio, tensa.
– Por que quer saber isso?
– Somos amigos, e amigos fazem perguntas. Além do mais, foi você quem perguntou, não se esqueça.
– Certo, fui eu. – ela olhou para baixo, para as mãos, e de volta para Joseph. – Sim, estou feliz com ele.
Apoiando o cotovelo na mesa, ele pôs o queixo na palma da mão.
– Por quê?
Demi franziu as sobrancelhas.
– O que quer dizer com “por quê”?
– Me dê detalhes. – ele deu de ombros. – Por que ele faz você feliz?
Ela o encarou, os olhos intensos, mas seu celular tocou e quebrou a concentração.
Enquanto Demi atendia, Joseph se recostou na cadeira e a observou. Sabia que talvez tivesse ido longe demais ao fazer uma pergunta tão pessoal, mas não conseguia lutar contra os próprios instintos. Havia conversado com Alex no dia em que saíra do apartamento dela.
E o deixara pensar que acreditava na história dele, mas na verdade não acreditava nem um
pouco. Conhecia muito bem o amigo. A única pergunta que lhe passava pela cabeça era por que Demi havia caído.
Demi se levantou e enfiou o telefone de volta na bolsa.
– Era Alex. Tenho mesmo que ir.
Joseph colocou-se de pé e roçou a mão pelo braço dela.
– Espero que não tenha se zangado com a minha pergunta. Às vezes minha curiosidade me domina.
Ela engoliu em seco e fez que não com a cabeça.
– Não estou zangada com você, Joseph. No entanto, para responder à única pergunta que importa, sim, Alex me faz feliz por muitos motivos. Mas você vai ter que deixar essa lista para outra hora, está bem?
Ele assentiu como se estivesse satisfeito com a resposta, embora a realidade fosse bem diferente.
No entanto, não iria insistir mais no assunto. Enfiou a mão no bolso.
– Ah, ia me esquecendo. Tenho uma coisa para você.
Joseph pegou a mão de Demi. Segurou-a só um pouco mais do que deveria, mas a pele dela era tão macia que foi difícil soltá-la. Por fim, sabendo que havia chegado ao limite de seu cavalheirismo, pôs uma tampinha de garrafa em sua palma.
Ela baixou os olhos e sorriu.
– Então vai ser assim? Vai me dar uma tampinha sempre que me vir?
– Foi uma das melhores partidas de “Atire a tampinha dentro do vaso” que já joguei. – ele riu. – Então, sim, vai ser uma coisinha nossa. Assim como eu chamá-la de Molly de vez em quando.
Ela sorriu para ele.
– Obrigada.
Os dois saíram e Joseph chamou um táxi para Alex. Ele fechou a porta depois que ela entrou e inclinou o corpo para dentro da janela.
– Ela vai para a Columbus com West 74. – entregou dinheiro ao motorista. – Isso deve dar para a corrida e a gorjeta. – bateu na capota do carro, indicando ao taxista que podia partir.
Quando o carro iria se afastando do meio-fio, Demi pediu ao motorista que parasse.
Saltou quando Joseph já estava indo embora.
– Joseph, espere! – gritou, perguntando-se o que exatamente estava fazendo. Joseph se virou, as mãos nos bolsos, e a encarou. – Eu só queria agradecer – disse ela, tentando acalmar a respiração. – Não só por pagar o táxi, isso foi muito simpático, mas também por... por conversar comigo sobre minha mãe e por passar para me ver hoje. Sei que as duas coisas foram difíceis para você. Foram difíceis para mim também, mas... – ela olhou para o chão e voltou a fitá-lo, obrigando-se a não mergulhar naqueles olhos. – Sei lá. Estou falando sem pensar. Tenho certa tendência a fazer isso. Mas eu só queria agradecer... obrigada, Joseph.
Embora ele quisesse chegar mais perto Deus sabia quanto ele queria, teve que se conter.
– De nada. – ele a encarou por uns segundos a mais. – Nos vemos por aí, amiga?
Demi assentiu.
– Sim, a gente se vê por aí, amigo.
Joseph ficou observando enquanto Demi entrava de novo no táxi. Olhou até a vista doer.
O veículo desapareceu em meio ao fluxo frenético de carros, transformando-se em pouco mais que um minúsculo ponto colorido. De algum modo, o corpo alto, de músculos rijos estava em oposição às suas emoções. Ele desejava Demi. Seu corpo ansiava por ela. Não era apenas luxúria. Porque tudo o que queria, de fato, era beijá-la e sentir o corpo dela colado novamente ao seu. Cada pedacinho dele queria abraçá-la e cuidar dela. Demi o trouxera de volta à vida. Não sabia ao certo por que ela o fazia sentir-se daquele jeito. Ele só sabia que a situação, como um todo, acabaria consumindo-o, o faria arder em chamas, espalhando suas cinzas por toda a cidade...
Ele teria que se contentar só com amizade.


***

– Oi, minha linda – disse Alex quando Demi abriu a porta do apartamento. Ele se levantou do sofá, caminhou até ela e a puxou para seus braços. – Senti sua falta. Por que demorou tanto?
– Tivemos movimento até tarde – respondeu ela, tentando contar de forma convincente a mentira que abria um buraco em seu estômago. – Pegou o filme?
– Peguei. Vá tomar um banho que eu ajeito as coisas para a gente. – ele coçou o peito e foi caminhando lentamente até a cozinha. – Ah, tem uma surpresa no seu quarto.
– O que foi que você fez?
– Nada de mais. – ele jogou um saco de pipocas dentro do micro-ondas. – Só estive pensando em você hoje.
Depois de deixar a bolsa sobre a mesa, Demi seguiu pelo corredor. Encontrou seis dúzias de rosas vermelhas espalhadas pelo quarto, cada buquê em um lindo vaso de cristal. Alex até espalhara algumas pétalas sobre o edredom branco. Embora tenha ficado emocionada com o gesto, seu sorriso foi fraco. Sentiu o agradável perfume das flores enquanto tentava não se inflamar de culpa por ter acabado de voltar de um “encontro secreto” com Joseph. Já de banho tomado, retornou à sala de estar e se deitou com Alex no sofá. O corpo dele se enroscou no dela possessivamente e Demi ficou fazendo desenhos com os dedos no peito nu dele, sem pensar em muita coisa.
Ela olhou-o nos olhos.
– Obrigada pelas flores. São lindas.
– Fico feliz que tenha gostado. – ele beijou seus cabelos úmidos. – Como eu disse, pensei em você o dia todo.
– Você é um amor. – ela roçou o nariz no pescoço dele. – Ah, esqueci de contar. Recebi resposta de uma das escolas para as quais mandei meu currículo.
– É mesmo. Que sensacional, gata. Onde fica?
– No Brooklyn. – ela pensou por um instante. – Bush alguma coisa. Tenho que rever o que anotei. Tenho uma entrevista na segunda.
– Bushwick?
– Isso, é esse o nome. – ela sorriu, estendendo o braço para pegar a pipoca, na extremidade da mesa.
– Demi, você não pode aceitar um emprego lá. Não é seguro.
– Alex, eu vou ficar bem.
– Não, Demi. Você não vai aceitar esse emprego. Mande mais alguns currículos e espere pintar alguma outra coisa – disse ele em tom definitivo.
– Está falando sério?
– Gata, só estou tomando conta de você. Aquela região é perigosa – respondeu ele, encostando a boca na testa dela. – Você vai esperar outra coisa. Além do mais, já conversamos sobre isso: se precisar de dinheiro, eu lhe dou.
– Não é isso, Alex. Já esperei o bastante e quero começar no próximo ano letivo.
Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, a porta se abriu.
Selena entrou, a bolsa balançando alegremente no braço. Revirou os olhos para Alex e fez um som de ânsia de vômito.
– Sel, fale para a minha namorada como Bushwick é ruim.
Demi esperou a resposta de Selena, mas ela não veio. A amiga ignorou Alex, chutou os sapatos para longe e sentou-se em uma das confortáveis poltronas reclináveis.
– Oi, amiga – disse Selena para Demi, um sorriso surgindo em seu rosto. – Como foi seu dia?
– Hum... meu dia foi bom – respondeu Demi, incapaz de esconder um leve divertimento na voz. – Mas será que você poderia responder à pergunta de Alex? Quero ouvir sobre esse bairro barra-pesada.
Ainda sem responder, Selena desviou o olhar para estudar o esmalte rosa descascado das unhas.
– Selena, você poderia responder à pergunta dele?
Os olhos castanhos de Selena se estreitaram para Alex, como os de uma cobra.
– Sinto muito, Demi, não falo com babacas que rifam o esperma comendo qualquer piranha que aceita pagar boquete para eles nas costas da minha amiga – sibilou ela, as palavras frias como gelo.
Demi quase engasgou tentando engolir a pipoca. Sentiu o corpo de Alex enrijecer ao seu lado antes de ele se levantar do sofá.
Ele fuzilou Selena com o olhar, embora a voz tivesse permanecido sinistramente calma.
– Vai se foder.
Selena abriu um sorriso com os dentes cerrados.
– Nossa, que coisa mais original. – ela soou pouco afetada pelo insulto enquanto o aplaudia com ironia.
– Ah, meu Deus, Alex, como você pode dizer uma coisa dessas? – Demi olhou para ele, chocada.
– Ela que se foda. – foi até a cozinha e pegou algo na geladeira.
– Não, sério, vai se foder você, seu merda! – cuspiu Selena.
– Caramba, será que vocês poderiam parar?
– Eu paro quando você enxergar que esse charme que ele usa na sua frente é falso, Demi! Ele a trai e você continua completamente alheia a isso! – Selena se levantou e brandiu um dedo para Alex. – Mas ele está na minha casa, porra! Então ou ele me atura, ou dá o fora!
Alex pegou a camisa em cima do sofá, vestiu-a e pescou as chaves no bolso.
– Alex, espere! – Demi atravessou a sala para ir atrás dele.
– Manda essa vaca estúpida se foder! Ligo para você mais tarde! – ele escancarou a porta e a bateu com uma força trovejante.
Com a saída dele, Demi ficou plantada onde estava, como se houvesse criado raízes. Seus pensamentos estavam turvos enquanto ela tentava digerir o que tinha acabado de acontecer.
Virou-se e fuzilou Selena com os olhos.
– Você prometeu que não diria nada – lágrimas quentes brotaram em seus olhos.
– Bem, quer saber de uma coisa, Demi? Não consegui me controlar quando vi você toda coladinha nele, como se ele não tivesse feito nada! – Demi abriu a boca para falar, mas Selena a interrompeu: – E, não é por nada não, amiga! Se em algum lugar desse seu cérebro você não achasse que fosse verdade, nunca teria beijado Joseph – rosnou ela, e suas palavras partiram o coração de Demi.
Demi respirou, tentando controlar o desejo súbito de dar um soco na cara de Selena.
– Você não bate bem – declarou num tom de voz muito calmo, que fez até mesmo Selena titubear. – Como pode me dizer uma coisa dessas sabendo o que passei esta semana inteira?
– Não foi minha intenção – retrucou Selena, aproximando-se com cautela. – Só acho que você está em negação, Demi. Acho que está negando o jeito como Alex a trata e que sente alguma coisa pelo Joseph, ainda que seja uma coisinha de nada.
Um grito dolorido escapou da garganta de Demi.
– Não estou negando nada, Selena. Eu amo Alex e acredito nele. Por que é tão difícil para você entender isso? – Demi foi andando em direção ao seu quarto e parou à porta. – Eu não vi o beijo todo. Vi exatamente o que Alex disse que vi. Aquela vagabunda o puxou e eu me virei antes de ele se afastar. O único motivo para eu ter beijado Joseph foi não ter testemunhado a cena toda. Eu estava com raiva. Minhas emoções tomaram conta de mim quando voltei para cá. Foi só isso, nada mais...
Um silêncio desconfortável caiu sobre o apartamento antes que Demi se recolhesse em seu quarto, enfiando-se na cama. Nunca tinha ficado tão magoada com as alfinetadas de Selena.
Sentindo uma dor de cabeça súbita, tentou analisar os próprios sentimentos. Não podia perder a melhor amiga e se recusava a perder Alex também. Odiava a expressão “estar entre a cruz e a espada”, mas era exatamente assim que se sentia. Duas das pessoas que mais amava se odiavam como nunca. A cabeça de Demi rodava enquanto a dor causada por toda aquela situação a oprimia.
Vinte minutos mais tarde, Selena deu uma batida suave à porta e espiou pelo vão.
– Posso entrar?
Demi assentiu. Selena sentou-se na cama.
– Sinto muito, Demi. Eu não devia ter dito aquilo. – enfiou os cabelos escuros atrás da orelha, os olhos vidrados. – Você passou por tanta coisa. Só quero vê-la feliz.
– Eu estou feliz, Selena. Por favor, acredite. Não posso deixar que você aja dessa forma com ele – falou, sentando-se. – Vocês dois vão acabar me dando um esgotamento nervoso.
Depois de um longo minuto de uma óbvia discussão interna, Selena bufou.
– Está bem, não vou dizer mais nada para ele, mas só porque amo muito você. Sabe como isso vai ser difícil para mim, não é?
– Sei, sim. E é por isso que eu amo muito você.
Elas se abraçaram apertado.
– Vou me certificar de que ele se desculpe pelo que disse.
Selena deixou escapar uma risada de desdém.
– Não preciso de desculpas, Demi. Alias, a maior parte de Bushwick é barra- pesada. Alguma outra coisa vai pintar. Espere um pouco, você vai ver.
Um sorriso fraco surgiu na boca de Demi.
– Obrigada, vou seguir o conselho de vocês dois e aguardar.
Selena soprou um beijo para a amiga e saiu do quarto.
Depois de ligar para Alex e insistir veementemente em que ele se desculpasse com Selena, Demi tentou dormir. Ficou se revirando na cama enquanto os pensamentos vagavam de volta a Joseph.
Tentava lutar contra as próprias emoções, lembrando-se o tempo todo de que amava Alex, embora Joseph estivesse preso em sua memória como um parasita. Sempre que ele estava por perto, sua presença magnética deixava o ar denso. Quanto mais ela pensava a respeito, mais a ideia da amizade entre eles lhe parecia impossível. Havia variáveis perigosas demais. Demi sentia-se engolida pela própria confusão. Enquanto o consciente vagava em direção ao sono, a mente tentava travar uma batalha sangrenta contra aquilo que o corpo já sabia. Ela o desejava, e muito. Atire a culpa às favas, gritava ele. Por enquanto, pelo menos, a razão iria vencendo a guerra contra o corpo, optando por não arriscar a possível destruição de
sua vida.
Mas maldito fosse ele e aquele beijo.

primeiramente me desculpem por não ter postado mas eu não estava em casa e fiquei sem tempo algum para entrar aqui. E feliz natal atrasado para vocês amores <3
agora sobre a história, quanto tempo será que eles irão ficar só na amizade? quando ela saiu do táxi para falar com ele achei que ela iria dá um beijão nele, me iludi kkkkkkkkk
Selena te amo, tenta abrir os olhos da Demi sobre esse babaca do Alex mas a Demi está cega. Pensamentos da Demi só da o Joseph agora hahaha 
bjs lindonas e até o próximo <3
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